12/02/2016

Cinzento

Ontem. Hoje está tudo cinzento. O tempo e eu.

Hoje é um daqueles dias... A preguiça apoderou-se completamente de mim. Tenho imensas coisas para fazer, mas a vontade é nula. Estou em casa, sentada à secretária, em frente à janela, neste dia cinzento. Nem o mar consigo ver lá ao fundo. 

Se eu cobro demasiado a mim própria? Cobro, sem dúvida. Eu quero ser a melhor em tudo o que faço, quero conseguir fazer tudo o que me interessa, quero ter espaço e tempo para o meu ecletismo. 

Mas consigo? Consigo fazer tudo, quando quero, como quero? Claro que não. Os motivos são vários. Serão as minhas ambições realistas? Talvez não. Eu esforço-me o suficiente? Muitas vezes, não. Eu sou preguiçosa? Sou, sem dúvida. Tenho tanta coisa dentro da cabeça que por vezes não consigo ver o que está à minha frente? Muitas vezes, sim. Tenho as prioridades no sítio? Nem sempre. 

Há semanas que não toco piano. Há varios dias que acordo sempre tarde. Há vários dias também que a minha prática de yoga se resume às aulas, dadas e recebidas. Há alguns dias que não medito decentemente. Há meses que não ando de bicicleta. Há meses que ando a arrastar coisas no trabalho que não consigo acabar (nem tudo é mau, outras coisas correm surpreendentemente bem). 

As coisas são mesmo assim, embora eu insista que devam ser perfeitas. Mas a perfeição não existe.

Levar as coisas com calma. Deixá-las desenvolverem-se de forma mais orgânica, e não forçada. As coisas acontecem. Pode não ser quando e como eu planeei, mas elas acontecem. Ir fazendo, aos poucos. Não cobrar tanto de mim. Não me chatear comigo por não cumprir os planos. Não fazer planos. Viver um dia de cada vez - com a consciência que nesse dia estou a dar o meu melhor. E amanhã será outro dia.


10 comentários:

  1. Identifiquei-me tanto com este teu texto!
    Os dias cinzentos também são importantes...para podermos dar valor aos dias claros, para recarregar as energias e entender que às vezes temos que mudar algumas coisa.
    Bom dia Rita! Ainda que seja cinzento :)

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  2. Eu axo k é por isso k hoje em dia n somos tão felizes...exijimos demais de nos! Keremos abraçar tudo. Keremos fazer tudo o k gostamos e de forma perfeita! :( revejo-me neste post!

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  3. :)
    Também deixei de me cobrar...
    Um dia de cada vez... Deixar fluir... E dar o meu melhor, ou o melhor que consigo no momento...
    Beijinho

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  4. Rita, eh isso aí mesmo, a vida eh orgânica e nós precisamos entender isso. Um robô executa tudo e nós executamos o que o nosso organismo permite.

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  5. Obrigada pelo texto! Identifiquei-me imenso com ele e é reconfortante saber que não sou a única a pensar e agir assim. Também preciso de interiorizar o último parágrafo...

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  6. Como diz um professor meu: devemos trabalhar para a perfectibilidade e não para a perfeição (que é coisa que não existe ou, pelo menos não existe em sentido lato uma vez que haverá sempre uma alma a dizer que não está bem, que mudava isto ou aquilo, etc. Eu cá acredito que a perfeição existe mas em sentido estrito, isto é, depende dos olhos de quem a vê)
    :)

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  7. Sim, estes ideais de perfeição que temos na nossa cabeça são complicados de gerir.
    Claro que queremos dar sempre o nosso melhor. Claro que queremos sempre mais. Mas somos finitas, felizmente, acho.
    Levar com calma é mesmo sempre o melhor conselho.
    Calma, Rita. No fim tudo se compõe :)
    You rock!
    Mafalda - www.itsnotsosimple.com

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  8. Como eu me identifico com este texto! O querer dar mais...o achar que se devia dar mais...mas "o não conseguir dar mais em determinados dias"...
    Como eu a entendo...suponho que está tudo bem...é mesmo assim que as coisas são. Uns dias damos muito, outros pouco e outros mesmo nada...ñ somos perfeitas, somos apenas humanas! Acho que lá no fundo, sabemos que assim é...o difícil é aceitar as "limitações" próprias do ser humano (os dias "não", a perguiça, o cansaço, a saturação...)
    Eu cá para mim, tenho algo que me diz, que pessoas que se preocupam com problemáticas como esta, são precisamente as que fazem mais coisas! Que são de natureza de "fazer muito" Quem pouco ou nada faz, nunca se preocuparia com esta questão! De modo que, isto leva-me inevitavelmente à conclusão de que, mesmo contabilizando os dias "cinzentos", pessoas como nós, fazem, em média, milhões de coisas mais que a generalidade das pessoas...Só temos é de conseguir baixar a fasquia, aceitar que o ser humano é HUMANO (e não robot) e enxergar o quão magníficas somos!
    Um grande Beijinho
    Revejo-me na maioria das reflexões do seu blog
    Vou continuar a segui-lo

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  9. Somos educados e educamos para que sejamos felizes e encontrar a perfeição.
    UTOPIA!!!
    A vida não é assim e quando nos deparamos com essa realidade ficamos sem direção.
    Nos cobramos além do que devia, não somos felizes o tempo todo e o mundo não é cor de rosa.
    Por isso entrei na maldita depressão. E ai, mais cobrança. Por que estou assim, tenho que levantar e ir em frente.
    Bom, agora consigo ver o mundo um pouco nublado como você bem disse. Esse é o mundo real E precisamos nos permitir estarmos nublados...
    Isso vale para que olhemos o mundo e o apresentemos as nossas crianças os dias nublados...

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  10. Estava me sentindo exatamente assim por esses dias, mas do nada me animei a destralhar a casa, organizar minhas coisas e renovar as energias. Foi só uma fase que refletiu em várias partes da minha vida, mas agora, mesmo com um pouco de preguiça, parece que estou conseguindo enxergar algo à frente.

    Relaxa, respira fundo e apenas viva este momento. Logo tudo se ajeitará. Essa é a vida, com altos e baixos, momentos nublados e ensolarados. Cabe a nós respeitarmos cada ciclo e aprender a manter nosso equilíbrio.

    Abraços!

    Camile

    www.camilecarvalho.com

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Obrigada pelo comentário!

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