31/03/2012

Uma foto por dia em Abril

Eu adoro fotografia. Sei pouco sobre a parte técnica, mas adoro tirar fotos. E adoro aqueles desafios que vão aparecendo pela internet, como o projecto 365 (uma foto por dia durante 365 dias), ou o projecto 52 (1 foto por semana durante 1 ano) ou o daily outfit diary (fotos diárias da roupa) e por aí fora. Já comecei vários destes projectos mas nunca acabei nenhum...
Amanhã vou tentar de novo! Adoro os projectos mensais da fat mum slim. A Chantelle define uma lista para o mês inteiro onde nos podemos inspirar para tirar as fotos - muito mais fácil assim!
Aqui fica a lista para Abril. Não estou a pensar colocar as fotos aqui no blog, mas sim no Flickr.


Ah, eu adoro o Flickr. Para mim, é muito mais inspirador que o Pinterest, pois a ideia é cada utilizador colocar as suas próprias fotos. Enquanto no Pinterest perde-se muitas vezes a fonte original da foto (e há problemas com o copyright das fotos), no Flickr as fotos postadas são tiradas pelos próprios utilizadores. É muito mais real.
Portanto, colocarei as fotos do projecto na minha página do Flickr e ficaria muito contente se fossem lá espreitá-las! (claro que não garanto que vou conseguir levar o projecto até ao fim...)
Quem mais alinha neste desafio? São só 30 dias, não deve ser difícil!

30/03/2012

De volta!

Estou de volta a Portugal!
Estive em Málaga numa reunião e ontem fui passear a um sítio onde queria ir há muito tempo!! Gibraltar!
Aqui fica um macaco que veio a correr atrás de mim... depois logo mostro mais fotos! Bom fim de semana!




27/03/2012

Fiz as pazes com o castanho

O ano passado foi o período de maior destralhamento cá em casa. Vendi mobílias, dei roupa e sapatos, dei livros, joguei papeladas fora...

O maior destralhamento foi mesmo na minha roupa. Livrei-me de mais de metade da roupa que tinha. Esse passo gigante só foi possível depois de ter descoberto que as cores que me ficam melhor são cores frias e dentro dessas as minhas preferidas são o branco, o preto e os cinzentos. Basicamente, tudo o que era de outras cores, sobretudo cores mais vivas e com estampados mais berrantes, foi fora. E também tudo o que era castanho e bege, pois não são cores que me fiquem bem (e realmente quando me vestia de castanho sentia sempre que algo estava mal... o bege então, fazia-me sentir mais velha).

No entanto, mantive alguns acessórios castanhos, sobretudo cintos, botas e sandálias de pele. E agora, sobretudo influenciada pela Iro (vejam do que estou a falar aqui), aprendi a combiná-los com o preto, o cinzento e o branco. E gosto! O castanho perto da cara não me favorece nada, mas em pequenas doses e combinado com as minhas cores boas, fica muito bem! Portanto, estou feliz por ter feito as pazes com o castanho!

Cinto (Promod) e botas (C&A) em pele castanha, combinados com camisola de gola alta preta (Promod), casaco cinzento (C&A), brincos cinzentos (nesse dia levei também a gabardine preta e mala preta)

Cinto castanho (Bershka) e pulseiras de madeira combinados com vestido preto às bolinhas brancas (Promod), casaco branco e as novas sabrinas pretas (ambos Stradivarius)

Esta semana os posts estão a fugir um pouco dos habituais temas, mas é porque estou em Espanha em trabalho e apeteceu-me variar um pouco... Quem me lê há mais tempo sabe que eu gosto muito de roupa e apesar de ter diminuído drasticamente o meu guarda-roupa, não quer dizer que agora ande por aí mal arranjada! E como disse ontem, agora prefiro ter menos, mas de maior qualidade!

26/03/2012

One in, one out

Ser minimalista não tem nada a ver com viver mal - pelo contrário! O minimalismo, ao eliminar o que não faz falta, abre espaço e cria tempo para aquilo que realmente gostamos.

E eu gosto de sapatos. 

Já cheguei a ter quase 60 pares de sapatos. Neste momento tenho 20 e alguns guardados na cave sobre os quais ainda tenho que tomar uma decisão.

Antes de abraçar um estilo de vida minimalista, comprava só por comprar. Porque era giro, porque era barato, porque me apetecia. Dos vários sapatos que tinha, nem todos tinham qualidade. Nessa altura, preferia a quantidade à qualidade.

Agora é exatamente o oposto. Prefiro ter menos, mas melhor. Prefiro gastar mais dinheiro nuns sapatos que duram anos do que o mesmo dinheiro em três ou quatro pares diferentes que duram apenas uns meses. Já não faço compras precipitadas. Compro apenas se precisar. E aplico a regra "one-in, one out" - entra um, vai outro fora.

Foi o que fiz há uns dias. Há um ano tinha dois pares de sabrinas pretas: as que se vêem na foto, no lado direito, e outras que me apertavam os pés e tornavam-se desconfortáveis ao fim de uns minutos de uso. Estas últimas foram fora quando fiz um destralhamento de sapatos há uns meses (já tinha feito um grande destralhamento antes). Fiquei com as da foto para usar em casa quando vinha cá alguém, mas não na rua, pois as duas solas estavam descoladas e partidas. Já sabia que tinha que comprar umas sabrinas pretas para a Primavera... A diferença é que agora estava disposta a gastar dinheiro para comprar umas boas sabrinas.

Poupando noutras coisas que são desnecessárias, tenho mais dinheiro disponível para as coisas de que gosto. Então lá fui passear pelas lojas de Faro à procura de umas boas sabrinas pretas... Foi difícil encontrar umas ao meu gosto... Acabei por comprar as que tenho calçadas na foto na Stradivarius. Foram baratas (<20€), mas a qualidade parece razoável e são super confortáveis. Não se vê bem na foto, mas são em crochet (são estas).
As sabrinas da direita foram para o lixo, claro - one in, one out!


No dia em que tirei estas fotos estava em casa à espera dos homens da Associação Despertar, que vieram cá a casa buscar tralha que tinha na cave - aahhh!! Ainda tenho muito tralha lá em baixo, mas aos poucos isto vai! Mandei fora o canto do meu sofá, um pouf, umas portas de fole, e dei uma televisão, um móvel para CDs, um banho de pés, uma cadeira brasileira e dois quadros para eles venderem.




23/03/2012

Book review ~ Casa Feliz, um guia prático de decoração


Hoje em dia já não compro muitos livros em papel - compro sobretudo livros em formato pdf ou kindle. Um dia no Pingo Doce vi o livro "Casa Feliz, um guia prático de decoração" da conhecida decoradora Maria Barros, folheei-o e não resisti.

No geral, gostei do livro, se bem que a minha casa já está praticamente como quero, por isso não encontrei muitas ideias que pudesse aproveitar. O livro é útil para quem começou agora a decorar a casa, pois dá conselhos práticos sobre como decorar cada divisão. A autora também é apologista de nos livrarmos da tralha e termos apenas as peças que são realmente especiais. Ela dá várias dicas que, depois de ler, fazem todo o sentido e parecem óbvias, mas as quais nunca me tinham passado pela cabeça antes - por exemplo, a mesa de centro deve ser da mesma altura que o assento do sofá... 

A Maria Barros não é uma decoradora minimalista e nem é muito fã do estilo escandinavo; os seus projectos são, geralmente, impregnados de cor. Certas dicas que ela dá não têm nada a ver comigo, como ter uma mesinha de apoio de cada lado do sofá para criar simetria... Mas outras fazem todo o sentido, como não ter fotografias dos filhos e da família no quarto de casal, um espaço reservado à intimidade. 

A autora é também bastante crítica em relação ao tipo de decoração "bege" - o tipo de casas que se vêem na revista espanhola El Mueble (diz ela, não eu). Achei piada às críticas que ela faz a este tipo de decoração monótona e segura, tão apreciada pelos portugueses...

O que não gostei no livro foram essencialmente duas coisas. A Maria Barros refere várias vezes que o ideal é ter a sanita separada do resto da casa de banho, o que acaba por tornar-se aborrecido, pois não é uma coisa possível para o português comum que compra livros de decoração como este. Esse tipo de casa de banho vê-se em grandes moradias e uma pessoa que esteja disposta a gastar muito dinheiro numa moradia, de certeza que contratará um decorador (como a Maria Barros) para fazer o projecto de decoração da casa, em vez de comprar um livro deste género.
Outra coisa que não gostei: achei a escrita da autora um pouco pretensiosa. A autora aconselha o leitor a fazer viagens ao estrangeiro em busca de inspiração e sugere a compra de produtos acima do plafond do português médio. Na minha opinião, o livro estaria mais ajustado à realidade portuguesa se tivesse sido escrito num tom mais terra-a-terra, e com dicas e sugestões mais acessíveis. 

Mas, no geral, gostei e aconselho-o a quem anda perdido nestas lides da decoração de interiores! É um livro de decoração escrito em português, por uma decoradora portuguesa. E adorei as ilustrações do João Catarino, que são da própria casa da autora.

Para acabar, deixo-vos os títulos dos vários capítulos, que é para onde eu olho em primeiro lugar quando folheio um livro.

1. Identificar o que não está bem
2. Elaborar um plano de acção e estabelecer prioridades
3. Estabelecer prioridades
4. Editar e organizar
5. Inspiração: como usar as fontes de inspiração a seu favor
6. Decorar: pôr a teoria e prática
7. Uma casa mais feliz! Divisão a divisão
8. Feng Shui e superstições
9. As minhas teorias postas em prática
10. Noções gerais sobre felicidade

22/03/2012

Acordar cedo (e usar o kaizen)

UPDATE TECIDOS: A Sara foi a primeira a demonstrar o seu interesse pelos tecidos. Obrigada a todas pelo interesse!


Todas as quintas-feiras falo um pouco de cada um dos projectos do e-book da Tsh Oxenreider, One Bite at a Time, e de como os implemento na minha vida. 
Hoje é o projecto n.º 47 - Acordar cedo e usar o kaizen (como eu adoro este tópico do levantar cedo!).

Como sabem, eu gosto de me levantar cedo. Agora tenho acordado às 6h. Nem sempre consigo, mas mesmo quando me deixo dormir, nunca me levanto depois das 7. Mesmo ao fim de semana é muito raro dormir até mais tarde.

Levantar cedo, entenda-se, levantar-me 1 ou 2 horas antes das outras pessoas que vivem cá em casa, tem uma grande vantagem - ganho tempo para mim. Ganho tempo para fazer as minhas coisas, seja escrever, ler, ir ao ginásio, sem ser interrompida pelos miúdos que querem alguma coisa, pelo barulho da televisão ou pelas actividades normais do dia-a-dia. De manhã não tenho tarefas da casa para fazer (não me vou pôr a fazer barulho às 6 da manhã!), não tenho trabalhos de casa para verificar, não tenho ninguém com quem falar. É tempo só para mim. E só por isto, vale a pena o sacrifício de levantar ainda de noite.

É fácil? Claro que não! A tendência natural é ficar na cama mais um bocadinho e voltar a adormecer... É preciso ter muita força de vontade para saltar da cama mais cedo, mas com o tempo vai ficando mais fácil. Depois, torna-se um hábito. O organismo habitua-se e acabamos por acordar àquela hora mesmo sem o despertador (ainda não estou bem nessa fase...).

Neste post referi alguns aspectos que considero importantes para conseguir levantar-me cedo (vejam o post para mais detalhes). São eles:

~ dormir num local agradável e convidativo, sem tralha

~ ir para a cama apenas quando estou cansada, e não a uma hora pré-definida

~ ter boas razões para sair da cama de manhã (senão, para quê o sacrifício?)

~ saltar logo da cama mal o despertador toca (mais 5 minutos de ronha e adormeço outra vez...)

~ mal acordo, começar a trabalhar logo naquilo que gosto (nem pensar ligar a tv!)

~ fazer exercício físico com frequência (está provado que quem faz exercício, além de ser mais saudável de modo geral, dorme muito melhor)

~ apanhar Sol (para regular as hormonas que controlam o sono)

E finalmente uma coisa um pouco estranha para um adulto, que comecei a fazer e resulta mesmo: dormir uma pequeníssima sesta depois do almoço!
Não é bem dormir, que eu não chego a adormecer, mas é deitar, fechar os olhos e descansar o corpo e a cabeça. Estas micro-sestas, para fazerem efeito, devem ser muito curtas. Eu descanso durante meia hora. A sério que isto resulta mesmo! Consigo descansar nessa meia hora e volto a ficar cheia de energia para o resto do dia.

Em relação ao kaizen, o kaizen é uma teoria que diz que devemos fazer pequenas mudanças de forma constante, ou seja, dar pequenos passos de cada vez. Cada dia, ponha o despertador 5 minutos mais cedo, até chegar à hora desejada. Assim, o corpo vai-se habituando aos poucos a acordar um bocadinho mais cedo todos os dias e vai custar-lhe muito menos!

21/03/2012

Quem quer tecidos?



Mais um destralhamento no escritório e juntei estes tecidos que já não quero. 
Alguém quer? 
São cerca de 3 kg de tecidos, a maioria do Ikea, alguns portugueses e alguns americanos. Vendo-os por 10 euros + portes de envio (tem que ser enviado como encomenda, o que, por exemplo, de Faro para Lisboa andará à volta de 5 euros). Vendido, obrigada!
Se alguém estiver interessado nos tecidos (em todos, pois não vou estar a dividi-los e a enviar um para aqui e outro para ali), mande-me um email para rita.busywoman (at) gmail (dot) com, e funciona a política do first come, first served!

20/03/2012

Trabalhar em casa ~ dicas para aproveitar bem o tempo

Como sabem (ou não), eu trabalho em investigação científica, que é coisa que não se faz com horários. Não tenho horário de entrada nem de saída e giro o meu tempo consoante os projetos em que estou envolvida e as solicitações do momento. Quer isto dizer que se tiver trabalho de computador para fazer, como tratar dados ou escrever artigos, posso muito bem ficar em casa a fazê-lo. 

No entanto, não costumo trabalhar em casa porque tenho mais dificuldades em concentrar-me e ponho-me a fazer outras coisas (tratar da casa, navegar na internet, tocar piano, olhar pela janela...). Mas eu sabia que se tivesse força de vontade suficiente, o trabalho em casa renderia muito mais que na universidade, porque aqui não tenho ninguém a bater-me à porta nem tenho o telefone sempre a tocar nem tenho problemas no laboratório para resolver... Conseguir trabalhar bem em casa era um sonho antigo meu e finalmente descobri a maneira de o fazer! Então aqui vai:

1. Planear na véspera o trabalho que tenho para fazer no dia seguinte. Quando não planeio o trabalho, esteja em casa ou na Universidade, ando perdida e não sei para que lado me virar. Chegar à universidade de manhã e não saber bem o que vou fazer nesse dia (ou planear na altura), para mim não dá... Consoante os projectos que tenho em mãos, as prioridades e o que fiz no dia anterior, planeio as ações para o dia seguinte (faço listas, mesmo). Quer isto dizer que se vou ficar em casa a trabalhar, isso tem que ser definido na véspera (não pode ser uma decisão do momento - ah hoje apetece-me ficar em casa...não!).

2. Definir pormenorizadamente o trabalho que tenho para fazer. Ou seja, não posso ficar em casa para "escrever um artigo". Escrever um artigo científico é um grande projeto; tenho que dividi-lo em pequenas ações, como fazer um gráfico, escrever study site, pesquisar não sei o quê, ler o artigo tal, e por aí fora. 

3. Estabelecer tempos para completar cada ação. Descobri que quanto mais pequenas as ações, maior a probabilidade de completá-las e não me dispersar. Planeio ações que consigo completar em 30 minutos ou 1 hora, no máximo. Faço uma lista numa folha de rascunho (como sabem, já não uso agenda, nem caderno, nem nada disso), com as ações bem definidas e o tempo que tenho para completá-las. Quando acabo cada ação, faço um visto - e são estes vistos que mais me motivam para continuar no bom caminho. A sério, é incrível o impacto psicológico de riscar tarefas da lista!

A minha lista de ações

4. Fazer pausas frequentes. Geralmente, faço uma pequena pausa depois de completar cada ação. Pode ser verificar o email ou o reader, ir à casa de banho, petiscar qualquer coisa, olhar pela janela (da minha secretária vejo o mar e isso relaxa-me), arrumar qualquer coisa em casa, ou simplesmente esticar as pernas. As pausas são curtas, não mais de 5 minutos.

5. Definir hora de almoço. É importante fazer uma pausa maior, comer como deve ser e relaxar um pouco. Na universidade cheguei a almoçar no gabinete, em frente ao computador (??!!), para não perder tempo... Não é nada salutar, como devem imaginar... Tento tirar 1 hora para o almoço quando estou na universidade. Às vezes almoço em 20 minutos, mas depois vou ao multibanco ou à papelaria ou à biblioteca, com calma, e só depois volto ao trabalho. Outras vezes, sobretudo se for um dia de trabalho de laboratório, vou para o computador ler blogs e coisas assim... Em casa é mais fácil parar 1 hora para almoçar e relaxar, pois acabo por fazê-lo em frente à televisão, a ver algum episódio gravado do How I met your mother ou do Mayday, desastres aéreos.

O lanche

6. Usar roupa confortável. Lê-se muito por aí que uma pessoa que trabalhe em casa não deve fazê-lo de pijama., mas sim vestir-se como se fosse sair. Eu estou no meio termo - uso roupa de andar por casa. Geralmente, da cintura para cima tenho a roupa da rua, mas da cintura para baixo não (não consigo andar de calças de ganga em casa) - é chinelos e calças de aeróbica velhas. E cabelo preso, sempre.

7. Estabelecer um horário de entrada e de saída. Embora esteja em casa, se é para trabalhar, é mesmo para trabalhar! Quer isto dizer que defino a hora a que vou "entrar ao serviço" e a hora em que acabo o trabalho. Por exemplo, como costumo ir levar os miúdos à escola um pouco antes das 9, nos dias em que fico em casa deixo as tarefas domésticas que faço sempre de manhã (lavar louça, fazer camas, dar um jeito à casa) para depois de ir levar os miúdos - faço-as até às 9h30 e depois enfio-me no escritório. Se não ficou tudo feito, paciência. Às 9h30 é hora de começar a trabalhar!

8. Planear pequenas ações não relacionadas com o trabalho para descansar a cabeça. O que faço é, por exemplo, no meio da escrita de um artigo, estabeleço 30 minutos para trabalhar no blog (para escrever um post ou parte dele). São 30 minutos em que descanso a cabeça, pois escrever um artigo científico dá muito, mas mesmo muito trabalho. Eu costumava escrever todos os posts para a semana ao fim de semana, mas agora tenho experimentado este método quando fico em casa e resulta. Não é por meia hora ou uma hora de pausa do trabalho que o vou prejudicar e assim alivio a escrita ao fim de semana.

9. Ser apaixonada pelo que faço. Acredito que para as coisas serem mesmo bem feitas e nos trazerem felicidade, temos que ser apaixonados pelo que fazemos. Sei que isto não é possível para a maioria das pessoas, mas eu tenho a sorte de ter seguido a minha paixão, mesmo tendo consciência de todos os problemas e falta de dinheiro para investir na investigação científica em Portugal, que dificultam muito o nosso trabalho... Mas como adoro o que faço, não me custa nada fazê-lo! A vida é tão mais fácil quando seguimos as nossas paixões!

19/03/2012

Viver com não minimalistas

Destralhar, simplificar, minimizar, é tudo muito bonito e fácil quando uma pessoa vive sozinha ou com alguém que está na mesma onda... Mas quando o resto da família não está para aí virado, tentar destralhar e simplificar o espaço à nossa volta pode ser exasperante. Aqui, felizmente, não falo por experiência própria, pois o meu companheiro já era minimalista sem o saber (ele só acumula ferramentas e coisas dessas, mas está quase tudo devidamente arrumado na cave) e a única coisa que ele referia quando eu andava em destralhamentos era o dinheiro todo que eu tinha gasto nas coisas que agora estava a jogar fora... mas isso é um bom lembrete para quando me der vontade de comprar coisas que não preciso (sobretudo roupa e sapatos).

Seja como for, aqui ficam algumas ideias para simplificar e minimizar uma casa partilhada com não-minimalistas.

1. Preocupe-se primeiro consigo
Destralhe a sua mesa de cabeceira, as suas gavetas da cómoda e o seu lado do armário. Destralhe a sua secretária e os outros sítios onde tem as suas coisas. Se a cozinha pertence ao seu domínio, aproveite e destralhe-a também. Preocupe-se primeiro consigo, com as suas coisas, com a sua tralha.

2. Seja o exemplo a seguir 
Ao destralhar as suas coisas, está a dar o exemplo aos restantes membros do agregado familiar. Pode ser que eles vejam e compreendam as maravilhas da simplicidade e decidam seguir o seu exemplo. Mas não imponha nada a ninguém. Vá destralhando a sua parte, dê pequenos passos, mostre como é mais feliz assim, e pode ser que arranje seguidores.

3. Estabeleça limites
Não deixe que as suas gavetas vazias ou o espaço vazio na sua secretária seja ocupado por coisas de outras pessoas! A tralha tem a capacidade de se expandir para ocupar o espaço disponível, por isso tem que estabelecer limites e ser muito firme. O espaço, vazio ou não, continua a ser seu, por isso não é para ser ocupado pela tralha dos outros!

4. Respeite o espaço dos outros
Da mesma forma que o seu espaço deve ser respeitado, não imponha a sua vontade de destralhar aos outros.  Destralhe as suas coisas, as coisas comuns se conseguir, mas se tem um marido que guarda todos os cabos e demais parafernália informática ou uma mulher que ocupa o armário da casa de banho com dezenas de vernizes que não usa, deixe estar... (ah, exemplo tão preconceituoso...) Pode ser que, olhando para o seu exemplo, eles percebam um dia que não precisam dessa tralha para nada.

5. Peça ajuda
Peça ajuda aos seus familiares para destralhar e organizar as coisas em casa. Faça-os ver que não precisam de tantos pratos e tantos tachos e que, com menos coisas, é muito mais fácil manter a casa limpa e arrumada. Nunca recebem ninguém em casa porque têm vergonha da constante desarrumação? Aqui está um bom motivo para destralhar!

6. Eduque
Fale com os seus familiares sobre vida simples, minimalismo, vantagens de viver com menos tralha. Ofereça-lhes o meu livro! Leia-lhes este blog! Faça uso das suas capacidades de persuasão. 
Aqui ficam alguns posts que podem ser úteis:



16/03/2012

Leituras para o fim de semana

Disclaimer da Thais sobre publicidade paga nos blogs - concordo com tudo e revejo-me no que ela escreveu. A Thais acertou na mouche!

~ Mais um grande post da Thais sobre estabelecer prioridades e reduzir o resto, em termos de trabalho e outras ocupações - importante sobretudo quando chegamos ao limite das nossas forças.

~ A Magda enviou-me o link para a versão pdf do livro "Eat that frog" - muito bom, muito bom, muito bom! Já tinha ouvido falar tanto do livro, queria mesmo comprá-lo, e a versão pdf, grátis, não podia ter vindo em melhor altura! São 21 dicas para acabar com a procrastinação e a aumentar a produtividade! Obrigada, Magda!

~ Mais uma vez vindo da Magda, entrevista com a Dr. Laura Markham dividida em duas partes, primeira e segunda, sobre parentalidade. Só para aguçar a curiosidade, aqui a cito "Dirias que o teu marido te deve amor e respeito mas que te devia dar uma palmada de vez em quando porque a mulher deve respeitar o seu marido?" - bom, muito bom!

~ E por fim, para quem quer implementar algumas regras de Feng Shui em casa, espreitem as dicas da Hazel (o blog da Hazel, Casa Claridade, é, para mim, um dos lugares mais confortáveis da internet - vale a pena uma visita bem demorada, com uma chávena de chá na mão, incenso a queimar e as músicas que ela tem no blog a tocar...)


Deixo também aqui alguns dos meus últimos posts, caso tenham perdido algum...




Simplificar e organizar

~ Destralhe e minimize a carteira

~ Criar uma rotina matinal e uma noturna

~ Como organizo o computador

~ Como organizo e giro este blog

~ Fazer um orçamento mensal

~ Fazer o pior logo de manhã



Minimalismo

~ Como vivo a vida (o post mais pessoal e introspetivo que já escrevi)

~ 5 coisas que pode fazer já para se tornar mais minimalista

~ O que é o minimalismo

As origens do minimalismo

~ Criar ligações emocionais com as coisas

~ O desapego das coisas

~ Ser ou não ser minimalista parte I, parte II

~ Uma família comum e a solução para os seus problemas


E pronto! Tenham um bom fim de semana e obrigada por continuarem a passar por aqui!

15/03/2012

Planear os menus

Todas as quintas-feiras falo um pouco de cada um dos projectos do e-book da Tsh Oxenreider, One Bite at a Time, e de como os implemento na minha vida.

Hoje é o projecto nº 5 - Planear os menus.

Acho que a maioria das pessoas (pelo menos as que têm blogs...) já faz isto e todos sabemos as inúmeras vantagens de planear as refeições com antecedência. A Tsh fala no livro das várias maneiras de planear os menus, da frequência do planeamento, das ferramentas a usar, etc.
Vou mostrar apenas como é que eu planeio os meus menus - e o meu método é muito simples (ou não fosse eu minimalista!).

1. Criei uma lista de pratos que gostamos de comer cá em casa. Além de serem pratos que nos agradam, são na sua maioria pratos saudáveis, fáceis de fazer e que não precisam de muitos ingredientes nem receitas mais complicadas que protocolos laboratoriais...
Quando faço os menus, não preciso puxar pela cabeça para me lembrar de pratos - basta-me olhar para a lista. Devo referir que cozinhar não é comigo, não gosto de inventar pratos, experimento receitas novas muito raramente e cá em casa quem cozinha mais é o meu companheiro (eu lavo a louça e arrumo a cozinha a seguir!).

2. Planeio só 5 refeições por semana. Aos dias de semana geralmente almoçamos fora; houve uma altura em que levava almoço ou vinha almoçar a casa, mas agora como sempre peixe grelhado na universidade (prefiro gastar um pouco mais para comer peixinho grelhado, que adoro e é super saudável). Nos dias em que fico a trabalhar em casa como os restos do jantar. Ao fim de semana costumo ir a casa dos meus pais, vamos comer fora e comemos restos. No entanto, tenho sempre comida suficiente para fazer mais refeições que essas 5, mas não as planeio. 

3. Escrevo as refeições num quadro magnético, mas não lhes atribuo dias da semana. Assim é mais flexível. Decido de manhã o que vamos jantar nesse dia e ponho a descongelar se for necessário. Há sempre fruta para a sobremesa, bolo de chocolate às vezes, e sopa de vez em quando (adoro sopa, mas as minhas não são lá muito boas...).


E basicamente é isto! E vocês, como fazem?

14/03/2012

Criar uma lista de compras mestra

Eu não vou às compras sem uma lista. Isto é ponto assente há muito anos. Mas ao longo destes anos, a minha abordagem às listas de compras foi mudando. Já usei listas feitas por outras pessoas e disponíveis na internet, divididas em categorias e com os vários produtos discriminados* (a maior parte dos quais eu não compro), já usei pedaços de papel onde vou escrevendo os produtos que fazem falta ao longo da semana, e já criei a minha própria lista em word, dividida em categorias de produtos...

Até que descobri o tipo de lista que me dá mais jeito: a minha própria lista de compras mestra, dividida, não por categorias, mas por zonas de arrumação dos produtos (frigorífico, congelador, despensa**, casa de banho, e por aí fora).


À medida que dou pela falta de um produto vou apontando na lista e no dia das compras ou na véspera, abro o frigorífico, o congelador, a despensa e as portas dos armários e vejo o que faz falta - o que está na lista para cada zona e não tenho. Muito mais fácil!

A vantagem das listas de compras por categoria é, para mim, só uma: no supermercado, os produtos de cada categoria costumam estar mais ou menos no mesmo sítio. Mas para elaborar a lista e não me esquecer de nada, é mais fácil ter uma lista mestra por zonas de arrumação em casa.

Para fazer uma lista destas é preciso um papel e um lápis. Comece numa ponta da cozinha, num dia em que tenha ido às compras para ter tudo bem atestado, vá abrindo os armários e escreva os vários produtos que lá tem. Depois, faça uma lista toda bonita no computador, imprima-a e coloque-a na cozinha (acho que a maioria das pessoas põe a lista na porta do frigorífico, não?). Vá apontando os produtos que precisa e no dia das compras, pegue na lista e dê uma volta aos armários para ver o que não tem.
Também pode fazer o download da minha lista e modificá-la à medida das suas necessidades.


* nota de português, só porque me apetece: discriminar = separar, diferenciar, distinguir (ele foi acusado de discriminar a colega por ser mulher); descriminar = absolver, inocentar (descriminação do aborto) - atenção que descriminar é o mesmo que descriminalizar (a segunda é um neologismo)
** despensa = compartimento para guardar produtos, normalmente alimentares (eu guardo a comida na despensa); dispensa = isenção, permissão para não cumprir algo a que se está obrigado (ex, dispensa do serviço militar)

13/03/2012

Um escritório minimalista

O meu escritório é provavelmente a divisão da casa que já passou por mais mudanças. Já esteve pintado de várias cores (branco, amarelo torrado, verde claro) e já por lá passaram várias mobílias e acessórios (várias secretárias, várias estantes, vários sofás e maples, e muitos, muitos cortinados). O escritório era a divisão da casa onde se acumulava mais tralha (toda minha), sobretudo papeladas de trabalho.

Estas fotos mostram várias versões do escritório há uns anos atrás.




Como vêem, eu tinha muita papelada - a maior parte era tralha. E ainda tinha mais papelada do trabalho na cave. Foi por aí que comecei. 

Primeiro, joguei fora todos os dossiers das disciplinas da licenciatura e mestrado, por três motivos: 1) desde que acabei o curso nunca precisei de nenhum dossier e mesmo que precisasse, 2) muita da informação já estaria provavelmente desactualizada (que a ciência está sempre a avançar) e, de qualquer modo, 3) se precisar de informação sobre algum assunto, sei como procurá-la, sem recorrer a dossiers antigos. Portanto, aconselho todos os leitores que têm as coisas dos cursos guardadas a fazerem o mesmo que eu fiz. É uma sensação de alívio indescritível.

Depois vi os dossiers e pastas um a um. Tive que ser muito fria e esquecer o vir a precisar das coisas algum dia (mais uma vez, se precisar, sei onde procurar, não preciso de papeladas em casa a ocupar espaço e a ganhar pó). Joguei fora quase tudo. Alguns dossiers importantes levei para o meu gabinete na Universidade, mas a maior parte foi para a reciclagem.

Também tinha pastas com recortes de revistas de decoração, moda, musculação e fitness e muitas outras coisas. O que me interessava digitalizei. O resto, foi fora. 

Dei também uma grande volta aos meus tecidos. Restos de tecidos foram fora. Fiquei só com peças de que realmente gosto.

Isto foi um processo que demorou algum tempo. Não foi feito tudo num dia nem numa semana. E ainda hoje continuo a deitar coisas fora. 

Claro que a jogar tanta coisa fora, as estantes foram ficando vazias... Substitui as várias estantes que tinha por uma só - onde cabe tudo.




Então o que tenho agora no escritório, além do piano e do terrário da iguana, é uma estante, uma secretária feita a partir de um tampo de mesa de jantar, o qual pintámos de branco e adicionámos pernas Vika Curry, um bloco de gavetas Vika Alex e duas cadeiras, uma para o computador, outra para a máquina de costura.



Em relação aos papéis, não tenho praticamente nada do trabalho em casa, a não ser os livros que se vêem na foto e uma cópia de cada uma das minhas três teses que estão no arquivador Flyt ao lado da aparelhagem. 

Já não tenho os dossiers de arquivo que mostrei aqui. Deixou de fazer sentido ter papéis importantes que não uso mas não posso deitar fora, como certificados dos graus académicos e assim, junto com extractos do banco que mais cedo ou mais tarde vão fora. Alterei toda a minha maneira de organizar os papéis.

Comprei as pastas de arquivo brancas que se vêem na foto para guardar papéis importantes que não são usados com frequência. Uma das pastas tem os meus livros de piano e outra tem as minhas papeladas de musculação e fitness, e também moldes e tutoriais de costura. A última pasta, que se vê na foto abaixo, tem as declarações de IRS e uma pastinha de plástico para cada um de nós (e outra para a casa) com papéis importantes usados com pouca frequência (diplomas, contratos de trabalho, avaliações da escola, exames médicos, etc.). 


Agora, em vez dos tais quatro dossiers de arquivo que tinha, tenho um, o preto que se vê na prateleira abaixo dos livros. Aí sim, guardo papéis mais usados, como contas, informações da escola, recibos de ordenado, correspondência vária, extractos do banco (os poucos que ainda recebo em papel), seguros, etc. Esta pasta, que está devidamente organizada com separadores, é constantemente destralhada. Por exemplo, em relação aos seguros dos carros, guardo só o último que paguei. Papéis da escola, horários, informações variadas, guardo só os do ano lectivo que está a decorrer. Se quiser guardar algum papel que pode ser importante ou necessário, mas se não for preciso o original em papel, digitalizo. As contas que recebo por email ficam guardadas no gmail e de vez em quando apago as mais antigas. Não imprimo nada a não ser que seja mesmo, mas mesmo necessário. E por aí fora...  Cada vez digo mais não a papeladas que não preciso. Além de ser bom para a minha saúde mental e visual, é bom para o ambiente! 

Tudo o que é material de escritório (lápis, borrachas, agrafador, clips, cola, e por aí fora) está guardado nas gavetinhas de madeira. Entre as gavetas e o dossier estão papéis que estou a usar no momento (são as coisas do trabalho que faço entre as 5 e as 7 da manhã...).

Na prateleira seguinte tenho a multifunções prestes a morrer e a ser substituída por uma mais pequenina e uma caixa com fotos ainda por digitalizar (quando estiver tudo digitalizado, ficará aí mais um espaço vazio!).

Por fim, na prateleira debaixo estão duas caixas de arrumação de plástico, uma com tecidos, outra com peças prontas.

No bloco de gavetas debaixo da secretária a tralha não é muita, a saber:

1ª inbox e tickler file, como mostrei aqui
2ª cabos, carregadores e demais parafernália
3ª papel (envelopes, blocos, folhas soltas, etc.)
4ª guilhotina de papel, esquadro, CDs e DVDs virgens
5ª acessórios de costura (linhas, agulhas, botões, elásticos, etc.)

E pronto, é isto o meu escritório minimalista - não tão minimalista como os exemplos abaixo (de bloggers minimalistas famosos), mas para lá caminho...


 via


12/03/2012

As origens do minimalismo

O minimalismo como resposta ao consumismo e materialismo desenfreados do mundo ocidental é um fenómeno recente nascido nos Estados Unidos e divulgado sobretudo através da internet. No entanto, o minimalismo como estilo de vida tem as suas origens no Budismo Zen e na estética japonesa Wabi Sabi.

Alguns princípios do Budismo Zen formam a base do minimalismo: o desapego às coisas, a redução do sofrimento, a procura da felicidade, o foco, a atenção, a compaixão. De acordo com esta filosofia, as únicas posses que devemos ter são apenas as essenciais, e o materialismo como forma de gratificação pessoal e posição social deve ser rejeitado.

A estética Wabi Sabi deriva do Budismo Zen e reverencia a austeridade, a natureza e o dia-a-dia. Wabi Sabi surgiu no século XV na China como resposta ao luxo e riqueza emergentes. Esta estética dá valor à simplicidade em detrimento da ostentação e privilegia a beleza da imperfeição, o conforto e o bem-estar. Wabi Sabi defende a vida modesta e a eliminação do supérfluo - o conceito do menos é mais.

O minimalismo é comummente permutável e confundido com outros conceitos e filosofias de vida como o downshifting, a simplicidade voluntária e o ascetismo. Estes quatro conceitos são, no entanto, diferentes, embora todos eles possam ser classificados como estilos de vida simples.

O ascetismo é o mais radical destes conceitos. O ascetismo pressupõe um estilo de vida austero em que os prazeres mundanos são recusados, em favor da procura da espiritualidade.

O downshifting é uma redução da velocidade e da intensidade com que vivemos. É simplesmente parar, respirar e começar a viver mais devagar num mundo que anda cada vez mais depressa, tendo como objecto reduzir o stress e os danos psicológicos e físicos de uma vida apressada. Em Portugal até existe um movimento de downshifting!

A simplicidade voluntária vai mais além que o downshifting. Uma vida simples é desprovida de excessos e caracterizada pela despreocupação em relação ao quanto mais melhor (ou o keeping up with the Joneses). Motivos financeiros, ecológicos, religiosos, espirituais e de saúde podem conduzir a uma simplificação intencional da vida, assim como a tomada de consciência em relação aos perigos do consumismo e do materialismo. Uma vida simples começa com a eliminação da tralha que temos em casa e continua com a poupança de dinheiro, comportamentos mais ecológicos, valorização das experiências e relações em vez dos bens materiais e, no geral, com o viver a vida de forma mais sustentável.

Uma vida minimalista é desprovida de excessos, é frugal e sustentável - mas nunca asceta! O minimalismo não tem nada a ver com pobreza voluntária, como o ascetismo. O minimalismo pode ser encarado como uma extensão da vida simples. Não é só livrarmo-nos das coisas, da tralha que temos nas nossas casas. Não é só simplificarmos as coisas complexas. É livrarmo-nos do desnecessário, eliminarmos as distracções, recusarmos deliberadamente tudo aquilo que nos afasta dos nossos propósitos e mantermos apenas o que é essencial. O objectivo é simplesmente focarmo-nos naquilo que realmente é importante para nós.

09/03/2012

Destralhe e minimize a carteira

Desde os meus 16 ou 17 anos que praticamente só uso carteiras/porta-moedas da Mango. Uso as carteiras até se estragarem e só depois compro outra, mas como são de boa qualidade, têm durado muito tempo. No entanto, sempre que compro uma carteira nova, tenho tendência para comprar uma maior que a sua antecessora. A última carteira que comprei era enorme, com imensas divisórias, bolsinhas, espaço para cartões, porta-moedas - até espelho tinha! Grande parte das divisórias ficaram vazias, pois não tinha nada para lá pôr...

Mas, como boa minimalista, senti que chegou a altura de... minimizar a carteira e o seu conteúdo. Comprei esta branquinha e destralhei cartões, papéis e outra tralha que andava sempre comigo...

Aqui ficam algumas dicas para simplificar a carteira:

1. Tenha na carteira apenas os cartões de débito e de crédito que usa com frequência. E o ideal, claro, é ter o menor número possível de cartões e contas bancárias.

2. Tenha apenas os cartões de lojas onde vai com frequência - e só se o cartão valer a pena (ainda não percebi para que é que serve o cartão da Staples...).

3. Tenha apenas os documentos de identificação necessários para o dia-a-dia. Cartão do cidadão, carta de condução e pouco mais...

4. Não transforme a carteira num álbum fotográfico. Ou precisa mesmo das fotografias para se lembrar dos seus entes queridos?

5. Não  transforme a carteira numa lista telefónica. Precisa mesmo de todos aqueles cartões de visita que lhe vão dando? Se forem importantes, passe os números para o telemóvel.

6. Não faça da carteira um arquivo de papel. Ao longo do dia vá guardando os talões do multibanco, recibos e outras papeladas, mas quando chegar a casa, tire-os da carteira e dê-lhes um destino (arquive-os se forem mesmo importantes ou jogue-os fora).

7. Não ande com cheques na carteira - ou melhor ainda, acabe de vez com os cheques na sua vida!

8. Tenha sempre algum dinheiro na carteira, pois pode ser preciso para alguma emergência e não haver um multibanco por perto...


PS - Depois de ter escrito este post, encontrei este da Hazel, sobre como aplicar o Feng Shui na carteira - sim, no próximo Domingo vou colocar 3 grãos de arroz na minha carteira!

08/03/2012

Criar uma rotina noturna

Update: já viram a Visão de hoje? Estou lá, na página 75, num artigo intitulado "A arte de viver (bem) com menos"!


Mais um projeto do livro da Tsh Oxenreider, One Bite at a Time: criar uma rotina noturna (e vou tentar escrever à moda do Novo Acordo Ortográfico...).

Já aqui falei da importância de estabelecer rotinas e da minha rotina matinal. Para mim, a rotina matinal define o tom do resto do dia: se fiz o que tinha a fazer de manhã, o dia corre bem. Se me deixo dormir de manhã, não vou ao ginásio ou arranjo desculpas para procrastinar, o resto do dia custa mais a passar e a minha produtividade é mínima.

A rotina noturna é essencial para preparar a manhã seguinte, e assim garantir que o dia seguinte corre como planeado. As coisas que tenho a fazer em casa depois do trabalho não têm uma ordem definida, mas são as seguintes:

Miúdos
- verificar os trabalhos de casa do mais velho
- preparar a roupa para o dia seguinte
- verificar as mochilas
Eu
- preparar a minha roupa para o dia seguinte e o saco do ginásio
- atualizar o ficheiro das contas
Casa
- tratar da roupa (tirar do estendal, dobrar, etc.)
- arrumar o que estiver desarrumado (15-20 min)
- arrumar a cozinha depois do jantar e deixar os lanches do dia seguinte adiantados

Muitas vezes faço isto tudo, excepto arrumar a cozinha, antes do jantar e assim tenho o serão todo para relaxar. É bom!

Tirar a roupa do estendal

Preparar a roupa dos miúdos

Um jantar nada saudável (mas às vezes sabe tão bem...)

A louça lavada

A sala preparada para o serão

Incenso

De todas estas coisas, eu diria que as mais importantes são preparar o saco para o ginásio (senão não vou...) e deixar a cozinha arrumada (odeio chegar à cozinha de manhã e ter louça para lavar e migalhas no chão para varrer...). Mesmo quando fazemos jantares cá em casa, deixo tudo arrumado nessa noite, mesmo que esteja morta de cansaço. O impacto visual que tem uma cozinha desarrumada logo de manhã é demais para mim... fico logo mal disposta. E sinto o mesmo se chegar a casa à tarde e tiver a cama por fazer... Por isso, antes de sair de casa faço sempre a cama.

Quando cumpro esta rotina, tenho tempo para relaxar, ver um pouco de televisão (agora voltou a dar o Mayday Desastres Aéreos no National Geographic - adoro!!), brincar com os miúdos, costurar um pouco e ler antes de dormir. 

Se ainda não tem uma rotina noturna, aqui ficam algumas ideias:

- quando chega a casa, relaxe durante 10 minutos (não é por 10 minutos que o resto das coisas se vão atrasar...); não é nada agradável chegar a casa cansado e pôr-se logo a tratar do jantar ou dos miúdos - esses 10 minutos fazem maravilhas
- esvazie a cabeça - passe para o papel os pensamentos, ideias, compromissos, etc., que tenha guardado na cabeça ao longo do dia (este é mais um dos projectos da Tsh)
- esvazie a mala - limpe-a, organize-a, livre-se de papelinhos que acumulou ao longo do dia, mas não comece o dia seguinte com a mala cheia de tralha
- arrume o que conseguir em 15 minutos (mas mexa-se de forma rápida!)
- deixe a cozinha arrumada depois do jantar e prepare logo a louça para o pequeno-almoço
- verifique a agenda para o dia seguinte e prepare o que for necessário
- e, o mais importante - não procrastine! Encare estas tarefas como tarefas do trabalho - têm mesmo que ser feitas! Não se afunde no sofá a ver televisão cheio de sentimentos de culpa - se cumprir a sua rotina noturna, pode relaxar depois e vai sentir-se imensamente satisfeito por ter feito tudo o que tinha a fazer!

07/03/2012

Book review ~ Minimalism: live a meaningful life

Vou começar a divulgar e fazer críticas aos livros que leio - a maioria são e-books em inglês e nos últimos tempos têm girado em torno do minimalismo (what else?), mas como esse é o tema principal deste blog, aplica-se perfeitamente! Como os livros são em inglês, faço as críticas também em inglês (têm lógica, certo?), porque também as publico na Amazon. 

Todas as semanas tenho falado dos 52 projectos para simplificar a vida do livro da Tsh Oxenreider, One Bite at a Time, e também já vos apresentei o Simple Blogging da Rachel Meeks, que nos explica como escrever um blog e perder o mínimo de tempo possível com isso.

Hoje falarei sobre um livro escrito pelos autores de um dos meus blogs preferidos: Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, The Minimalists.

O livro só está à venda na Amazon em formato Kindle (não é preciso ter um kindle; a amazon disponibiliza um app para windows e outros sistemas operativos que permite ler os livros em formato kindle no computador).




This is a book about minimalism. But this book will not teach you how to declutter your closet or how to get rid of your TV or how to live with 100 things. This book goes much deeper. It is focused on the five dimensions that will allow you to live a meaningful life: health, relationships, passions, growth and contribution.

Many of Joshua and Ryan’s words hit me like a rock. For instance, these phrases had a huge impact on my life: “The best advice we can give you is to test it yourself—stop eating meat for at least 10 days and notice the difference it makes. Then decide for yourself.” I’ve tried several diets and dietary changes and read books, blogs and articles on the subject over the years, but none has had such an impact in my life as these words. I rarely eat meat now. And I’m immensely happy with this change – thank you, guys!

Overall, this is a page-turning read and I’d recommend it for everyone. I’m going to read it a second time and take notes!

06/03/2012

O meu hall branco e cinzento

Como é que sabemos que finalmente acertámos na decoração? Quando o tempo passa e não temos vontade de mudar. É o que tem acontecido com a minha casa. Já por aqui passaram várias mobílias, vários objectos decorativos, muitos cortinados e muitos têxteis. A certa altura percebi qual o estilo decorativo que mais tem a ver comigo (escandinavo) e comecei a mudar a decoração nesse sentido. 
O hall de entrada e corredor escapou ao branco nas paredes, que foram pintadas de cinzento porque adoro o contraste desta cor com o branco da mobília.


Fiz um cortinado para tapar a porta da entrada (copiei a ideia da Benita). O tecido, tal como os vários tecidos da almofada do banco, são do Ikea. O banco é uma prateleira (também Ikea) igual à de cima, que foi transformada em banco. As duas foram pintadas com esmalte branco.


Aqui o hall visto perto da entrada para a cozinha e para a sala. O candeeiro Orgel e os espelhos Sörli são Ikea (claro!). A prateleira (que não é Ikea!) serve de apoio para pousar as chaves. Os gatos na parede são reproduções de Steinlen.


O armário de madeira de mogno era da minha avó e é das melhores peças de mobiliário que tenho em casa. Lá dentro estão os meus sapatos (os meus 20 pares de sapatos... quando eram mais de 50 estavam alguns no armário que se esconde atrás do cortinado das flores), malas, toalhas de mesa, cachecóis, óculos de sol, pilhas, lista telefónica, e outras coisas... Atrás do cortinado, que ainda não tem as bainhas feitas e é por isso que está um pouco torto, está um armário embutido que tem casacos e os sapatos dos homens da casa. Os dois cortinados foram feitos com tecidos Kajsastina (que também foi usado na mala que está pendurada).


O corredor com a entrada para os quartos com candeeiro Varmluft branco e uma pequena estante que pintámos de branco, onde guardamos toalhas, lençóis e outros têxteis.


O tecido nas portas do armário sobrou das bainhas dos cortinados Matilda que temos na sala e escritório.
O quadro por cima do armário é um desenho a carvão feito por um aluno da minha avó (que era professora de inglês). Representa a última ceia - que, ao olhos do miúdo, na altura com 12 anos, foi um piquenique. Muito giro!

05/03/2012

Criar ligações emocionais com as coisas

Há uns dias, um(a) leitor(a) deixou-me este comentário ao post “O que é o minimalismo”:

não é demasiado tentar quebrar uma ligação que poderíamos, eventualmente, criar relativamente aos objectos? por exemplo, algum familiar que te é muito querido oferece-te uma daquelas secretárias bonitas, cheias de gavetinhas, que por sua vez já vêm cheias de pequenos tesouros dentro. também te virias livre dela, só por não ser entrar nessa corrente do minimalismo? e quando entras em casa, num espaço demasiado branco e demasiado vazio? não sentes que falta aconchego e conforto? por ser tudo (os objectos, a mobília) desprovido de emoções. expliquei-me bem?

Eu respondi:

Felizmente nunca ninguém me ofereceu tal coisa, pois iria odiar! Prefiro que um familiar desses que me é muito querido me ofereça o seu tempo (estarmos juntos) do que um objecto qualquer que não tem utilidade nenhuma para mim (não é oferecendo coisas que se demonstra o amor pelos outros).
E se já olhou bem para as fotos da minha casa, não é um espaço demasiado branco e demasiado vazio. A minha sala é, para mim, o lugar mais confortável do mundo. As coisas que tenho são as necessárias e são as que me fazem feliz.
Mas em relação ao exemplo da secretária, eu não crio ligações emocionais com os objectos. Reservo isso para as pessoas e para os animais.


Quis passar este comentário e a sua resposta para um post, pois fiquei com vontade de desenvolver mais o assunto...


não é demasiado tentar quebrar uma ligação que poderíamos, eventualmente, criar relativamente aos objectos?


Os nossos relacionamentos são com as pessoas e é em relação às pessoas que devemos criar ligações. Claro que podemos gostar muito de algum objecto, alguma peça de mobília, alguma peça de roupa, mas daí a criar uma ligação emocional com a coisa que depois será demasiado tentar quebrar... a mim parece-me é que ligações emocionais às coisas são um sinal de problemas mais profundos. As pessoas que se ligam desta maneira aos objectos fazem-no para se sentir seguras (o falso conceito que ter coisas traz felicidade) ou para se agarrarem ao passado e às memórias (as memórias estão dentro de nós, não nas coisas; acho que se uma pessoa precisa de um objecto para se lembrar de alguém que lhe é querido, é muito mau sinal).

algum familiar que te é muito querido oferece-te uma daquelas secretárias bonitas, cheias de gavetinhas, que por sua vez já vêm cheias de pequenos tesouros dentro.

Que horror, se alguém me oferecesse tal coisa!! Felizmente, nenhum familiar que me é muito querido me ofereceria uma secretária muito bonita, cheia de gavetinhas com pequenos tesouros dentro - porque os familiares que me são muito queridos conhecem-me. E porque os familiares que me são muito queridos sabem que o importante são os relacionamentos - não as coisas (e nenhum deles é minimalista como eu).
Prefiro que me ofereçam o seu tempo (um almoço, um jantar, uma tarde bem passada) do que um objecto (toma lá esta secretária e até qualquer dia). Aliás, isto é o que fazem muitos pais ausentes: tentam comprar o amor dos filhos com coisas... em vez de fortaleceram os seus relacionamentos passando tempo de qualidade juntos.
Mas por que é que as pessoas acham que é oferecendo coisas que se mostra o amor?? Porque na sociedade apressada e materialista de hoje, é muito mais fácil e rápido oferecer uma coisa para colmatar a falta de tempo do que tentar arranjar tempo (eliminando o desnecessário) para fortalecer relacionamentos.

também te virias livre dela, só por não ser entrar nessa corrente do minimalismo?

Aqui o(a) autor(a) do comentário só pode estar a falar do minimalismo como estilo decorativo, o que é distinto do minimalismo como estilo de vida... O minimalismo de que falo no blog não é uma “corrente”. É uma opção, um estilo de vida, que não implica seguir um estilo decorativo em particular. Sim, eu livrar-me-ia da secretária porque já tenho uma secretária que me serve perfeitamente, portanto não preciso de outra (a não ser que a secretária oferecida fosse muito mais gira e mais funcional que a minha; assim ficava com a nova e livrava-me da outra). Mas as gavetinhas cheias de tesouros é que me assusta! Tesouros são os meus filhos!

e quando entras em casa, num espaço demasiado branco e demasiado vazio? não sentes que falta aconchego e conforto? por ser tudo (os objectos, a mobília) desprovido de emoções. expliquei-me bem?

Esta parte não percebi bem... Então num espaço demasiado branco e demasiado vazio falta aconchego e conforto? Mas o que é preciso para dar conforto a um espaço? Cor e muita tralha? Mais coisas para arrumar, organizar e limpar? Isso para mim é o oposto de aconchego e conforto.
Rodear-me de tralha significa mais pó e sujidade acumulados, mais tempo perdido a limpar e mais tempo perdido a arrumar. Um lar aconchegante e confortável é aquele onde passo momentos felizes; passar o tempo a limpar coisas de que não gosto só porque foram herdadas ou oferecidas por familiares muito queridos, não é a minha ideia de tempo de qualidade.
E não percebi bem, então os meus objectos e mobília são desprovidos de emoções? Quer isto dizer que há objectos e mobília que têm emoções?? Volto a dizer, as emoções e as memórias estão dentro de nós, não nas coisas.

Em relação à minha casa ou a qualquer outra, sejam elas demasiado brancas e vazias ou não, quem tem que se sentir bem são as pessoas que lá vivem. Se eu (nós) não me sentisse bem em casa, se não me sentisse aconchegada e confortada, já teria feito mudanças há muito tempo. Porque quando as coisas estão mal, devemos ter coragem para mudá-las. E não é só na decoração, é em tudo na vida.

Isto da decoração é, como em quase tudo, uma questão de gostos. Há quem se sinta bem rodeado de coisas, há quem se sinta bem em espaços mais vazios. Ficam aqui algumas fotos de espaços um pouco vazios mas, para mim, super confortáveis e esteticamente agradáveis (e que fácil deve ser limpar espaços assim!):

 via
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...