No outro dia uma querida leitora pediu-me uns conselhos, agora que iniciou a sua jornada no destralhamento e simplificação. Decidi fazer um post pois sei que muitas outras pessoas se debatem com as mesmas questões.
A primeira questão que ela me colocou era como é que eu consegui convencer o J. a abraçar o conceito do minimalismo (ou seja, como conseguir que os maridos/mulheres fiquem na mesma onda que nós e queiram também destralhar as suas coisas).
Bem, eu tive sorte, pois como já referi algumas vezes, o J. já era minimalista sem o saber. Ele não tem quase nada. Portanto, para mim isso nunca foi problema.
Mas para os outros que não são assim, como fazê-los mudar de ideias?
Acho que em tudo na vida temos que ser práticos. Temos que chamá-los à razão. Vais voltar a jogar esses jogos de computador do tempo da maria cachucha? Vais voltar a olhar para a colecção de cromos da temporada de há 10 anos atrás? Vais mesmo sair à rua com os jeans desbotados à anos 80 que não te servem há imenso tempo? Temos que fazer os nossos respectivos perceber que as coisas que eles tanto querem guardar não são usadas há séculos nem vão ser usadas no futuro. Precisas mesmo disto? Mesmo, mesmo? Pensa no espaço que ganhas para outras coisas mais interessantes e úteis. Pensa no tempo que não vais perder a limpar e a organizar essas coisas que não te servem para nada. E vamos ser mesmo sinceros: estas coisas são mesmo importantes para ti? Precisas mesmo destas coisas todas? Deixas de ser feliz se já não tiveres estas coisas? São estas coisas que te trazem felicidade?
Cada caso é um caso, claro, e o que resulta para uns pode não resultar para outros.
Eu sou adepta de ensinar através do meu exemplo. Eu destralho as minhas coisas, a minha vida, e com isso tornei-me numa pessoa melhor e mais feliz. Eles, que testemunham estas mudanças, começam a sentir-se curiosos. E quando nos vêem com mais tempo e menos chatices, querem o mesmo para eles. Destralhar as coisas físicas é só o primeiro passo.
Já aqui escrevi sobre o viver com não minimalistas. Resumidamente, os meus conselhos são:
- preocupa-te primeiro contigo, com as tuas coisas, com a tua tralha
- sê o exemplo a seguir, mostrando como a tua vida melhorou com o minimalismo
- estabelece limites; lá por teres desocupado uma gaveta da tua mesa de cabeceira, não quer dizer que o teu mais que tudo pode ocupar esse espaço com a sua tralha!
- respeita o espaço dos outros; não destralhes as coisas dele sem o seu consentimento (a não ser que sejam coisas que ele já nem se lembra que tem...)
- peda ajuda quando andares a destralhar as tuas coisas; pode ser que ele se entusiasme com as arrumações!
- fala com ele sobre estes conceitos do minimalismo, vida simples, abrandar - e mostra-lhe exemplos de pessoas reais que se tornaram muito mais felizes depois de terem abraçado este estilo de vida!
A outra questão era relacionada com a roupa. Quando destralhei a minha roupa, como fiz? Estabeleci um número de calças, vestidos, sapatos a ter?
Para destralhar a roupa, em primeiro lugar estudei o season colour analysis. Percebi quais as cores que me ficam mesmo bem e percebi que o castanho e bege, duas cores que eu usava muito, ficam-me mesmo mal (e é verdade, eu sentia sempre que alguma coisa não estava bem quando vestia essas cores). Então, sem dó nem piedade, todas as roupas castanhas e beges foram fora (leia-se, foram para dar).
Depois, analisei muito friamente todas as peças de roupa que tinha. Gosto desta peça e fica-me mesmo bem? Mesmo mesmo bem? Então, é para manter. Se uma peça de roupa ficava um pouco estranha, fazia-me o rabo gordo, ou era roupa com a qual eu não gostaria de esbarrar com um ex-namorado na rua, então foi fora.
Sim, livrei-me de demasiada roupa e já me arrependi de ter dado 2 ou 3 peças que até gostava de voltar a vestir. Mas o alívio que sinto por ter apenas a roupa suficiente, por não ter os armários e gavetas a abarrotar e por tudo, ou quase tudo, me ficar bem, compensa o arrependimento que às vezes sinto por uma ou outra peça de roupa.
No minimalismo só há uma regra: identificar o essencial e eliminar o resto. Isto aplica-se também à roupa. Precisas de duas saias brancas compridas? Precisas de 5 conjuntos saia-casaco quando vais sempre trabalhar de calças de ganga? Precisas de 3 botas castanhas de inverno?
Eu sei bem como pode ser difícil livrarmo-nos da roupa, sobretudo para as mulheres. Uma opção pode ser destralhar a roupa apenas até o armário não estar abarrotado de roupa, até conseguires abrir as gavetas com facilidade e ver o que lá está. Podes manter peças que não usas (livrares-te delas será o segundo passo), mas numa primeira fase, deixa apenas a roupa respirar. Tira do armário aquelas peças que não gostas e não usas mesmo, e o resto logo se vai vendo e fazendo... Já escrevi vários posts sobre a simplificação da roupa e acessórios que poderão ser úteis - podes lê-los aqui.
Tenham um excelente fim de semana!
Namaste!
Olá Rita, deixo desde já o desejo de um exclente fim-de-semana.
ResponderEliminarA questão desta tua leitora é similar com que me debato na minha casa. O meu marido é uma pessoa extremamente arrumado e até tem a "mania" das limpezas e passa meses sem gastar dinheiro em nada supérfulo (nem um café, nem uma peça de roupa), no entanto, existem outros aspectos que são um entrave ao destralhamento que eu tento fazer na minha casa/vida já desde 2012. Temos 1 televisão por divisão por insistência dele (só não temos no wc), para mim só havia na sala e na cozinha, nada de TV's nos quartos. Depois na sala temos 2 sofás, um de 3 lugares e outro de 2 lugares (somos 3 em casa), para mim só existia o de 3 lugares, mas ele argumenta que dá jeito para quando temos visitas. Depois é a secretária que temos no quarto, eu não queria ter secretária no quarto mas não me ocorre onde pôr a impressora que ainda tem um tamanho considerável e utilizamos com frequência, alguma sugestão?!
Levar a cabo mudanças na nossa vida quando partilhada não é simples nem linear e têm que ser feitas cedências de parte a parte.
Cumprimentos.
Andresa Costa
Obrigada, Rita!
ResponderEliminarOlha, está complicado aqui por estes lados. É difícil quando é só um a querer simplificar e reduzir e o outro tem um apego gigante pelas suas "zonas da anarquia". Ah well... vou tratando da minha parte...
amei o post e ja o salvei no celular.pra sempre ler quando quizer simplificar..eu junto tralha..sou artesa..mas minhatralha/materiais de artesanato estao todos organizados em caixas e armario.mas marido junta quanto prego existe...parafusos..etce se eu nao organizo..ele nem liga...nao temos lugar pra tanta tralha...vou comecar a me desfazer de mta coisa q ele nem sabe q tem...de caixas com coisas q ele nao abre ha anos...infelizmente sera sem o consentimento dele.senao...teria de ter uma casa somente para as tralhas...por mim teria pouquissimas coisas de cada...tipo pratos..copos..roupas..sapatos...mas ele..nao usa e nao da! Entao tenho de ser eu a destralhar tudo msm.bjs
ResponderEliminarBom dia, Rita!
ResponderEliminarOlá pessoal!
Vivo apenas com meu esposo e desde que comecei a levar o destralhamento mais a sério, me deparei com coisas inúteis que ele guardava, coisas tipo apetrechos elétricos encostados e que a tecnologia já os havia deixado obsoletos há muito. Tal como a Rita aconselhou no post, tive que chamá-lo à razão! Aquilo jamais seria usado novamente! Porém, certas tralhas levou-se tempo para ir, pois somente aos poucos ele foi se acostumando com a idéia. Mas surtiu efeito! Acho que quando começamos o trabalho de destralhamento pela casa, não há como as pessoas ao redor não perceberem que a mesma começa a ficar melhor, mais habitável, mais respirável e, se aos poucos tentamos envolver os habitantes da casa, mostrando-os o caminho a seguir, a colaboração vêm.
Às vezes, temos que ter mesmo muita paciência, mas, nessas horas, vale lembrar que também já fomos muito apegados a coisas materiais e que levou-se um certo tempo para desfazer esse laço. Afinal, hoje estamos destralhando muitas coisas que nós mesmo acumulamos ao longo dos anos!
O que hoje para nós parece tão cristalino quanto a água, não o era há tempos atrás!
Quando tiver um filho, espero que meu marido e eu já estejamos bem "treinados neste conceito", para poder transmitir-lhe também.
Não só para ter uma casa agradável e com menos organização a se fazer, mas principalmente para respeitarmos os recursos naturais existentes, adquirindo-se menos coisas desnecessárias que utilizam-se da matéria-prima da natureza para serem feitas e que gerarão mais poluição quando descartadas e enchendo de tralhas a nossa casa maior, que é o planeta Terra.
Grande abraço a todos!
Elaine Faustino
Bom dia, Rita!
ResponderEliminarMuito acertada essa parte do "destralhar a roupa até o armário não estar abarrotado, até abrir as gavetas e poder ver o que tem dentro..."
Isso dá muito certo, e a receita serve para tudo: tenho as louças que cabem em meus armários, organizadas,sem ficarem umas sobre as outras. Tenho as revistas que cabem sossegadamente na gaveta que designei para este fim,e assim por diante.
Com as roupas, além de selecionar por cor e pelo que de fato ficava bem, usei esse mesmo critério de espaço: tenho o que cabe em meu roupeiro, com cada peça em seu cabide, sem se apertarem umas às outras... :)
Ah! Quanto às roupas, ainda estou um pouco perdida! Mas já doei bastante e joguei as imprestáveis. Minha estratégia vai ser garantir o guarda-roupas com peças básicas e "curingas", para conseguir fazer várias combinações com as não básicas e, ao invés de comprar várias peças aos montes em liquidações, optar apenas por peças de maior qualidade. A propósito, hoje, vi um link interessante no blog do Vida Organizada (www.vidaorganizada.com), que fala exatamente sobre isso: http://oficinadeestilo.com.br/2013/06/12/a-sacada-e-simplificar/. Vale a pena dar uma olhadinha!
ResponderEliminarElaine Faustino
Amei seu blog, eu realmente tenho o necessário e acho isso muito legal! Agora vou seguir todas as suas dicas, sucesso!
ResponderEliminarOla de novo.
ResponderEliminarSou homem, e venho dar o meu testemunho.
Primeiro de tudo li com atenção o que escreves-te.
Eu próprio penso da mesma forma.
Ando a algum tempo a minimizar o que tenho de forma a ter mais liberdade.
Felicidades!
Cumprimentos.