19/07/2016

NEVOAZUL – Uma revista sobre menos e mais

Um guest post da Inês sobre o seu novo projeto, uma revista sobre minimalismo!


Era Abril e a amena primavera prometia alegria às horas de trabalho que se avizinhavam pela frente. Que loucura! - pensei. Não só quero sensibilizar para a importância do minimalismo, da sustentabilidade e do consumo consciente como quero fazê-lo através do meio mais ingrato (e mais belo) que conheço, o papel. Mas eu estava determinada. Farta de folhear revistas sem conteúdo, onde a publicidade é rainha e os leitores são meros consumidores, vi no meu fascínio pelo meio editorial uma oportunidade de criar uma revista onde o minimalismo perde a sua pureza e se mistura com a arte, o consumo cede à literatura e a sustentabilidade à cultura. Tudo em nome deste meu desejo de criar um futuro melhor do que o presente.

Houve dias em que acordei às quatro da manhã para filmar o reflexo da lua cheia na água e para estrear a areia da praia antes do início do verão. Houve noites em que escrevi até às duas da manhã, quando os olhos já pediam descanso mas o entusiasmo exigia trabalho.
Cedi assim ao idealismo e rendi-me às artes. Sujei as mãos de tinta azul e fiz gravuras do Stonehenge. Escrevi sobre técnicas de restauro ancestrais, elogiei a impermanência e entrevistei aqueles que encontram equilíbrio no minimalismo e na simplicidade.
Apesar de vivemos numa era onde a velocidade, a abundância e o desperdício dominam, eu acredito que chegou a hora de dar uma nova oportunidade à eficiência, à criatividade e à qualidade.

Este foi o início da NEVOAZUL - uma revista sobre menos e mais, onde o consumismo, o minimalismo e a sustentabilidade se cruzam com a cultura, a literatura e a arte.
Numa cultura motivada pelo consumismo e pela memória, o primeiro número da NEVOAZUL reflete sobre as vantagens de aceitar a impermanência como catalisadora da simplicidade. Nas suas páginas vão poder descobrir como o algodão orgânico melhora a vida dos agricultores em redor do mundo, as razões porque o Einstein era um minimalista,  a arte ancestral do Kintsugi, pinturas feitas com materiais vulcânicos que simbolizam a beleza e a fragilidade da natureza, um artigo sobre uma rede social onde tudo  o que partilhamos expira em 24 horas, a história da youtuber Aileen Xu responsável pelo canal Lavendaire e muitos mais artigos, entrevistas e ensaios.


Com esta revista eu quero sensibilizar sobre a importância da responsabilidade social, da sustentabilidade e do consumo ético. Podemos viver numa era frenética em que os humanos invejam a velocidade das máquinas em prol de um futuro que consome o presente. Podemos comprar de forma cada vez mais rápida e barata, desprezando séculos de sabedoria e tradição. Mas eu acredito que as coisas não precisam de ser assim. A mudança está nas pequenas escolhas que fazemos diariamente e a minha escolha foi criar a NEVOAZUL, uma revista sobre menos e mais, um convite ao equilíbrio e uma ode à mudança. O meu maior desejo é que esta revista seja um porto de abrigo para todos aqueles que aspiram a uma vida mais simples mas significativa.
  
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18/07/2016

Aproveitando as férias para destralhar

Apesar de estar de férias na praia, tenho vindo a casa de vez em quando, para ir às compras ou tratar de coisas... Tenho aproveitado para ir destralhando roupa, acessórios, utensílios de cozinha... enfim, tudo aquilo que durante o ano não consegui fazer, por causa do trabalho e curso de psicologia, estou a aproveitar agora para fazer. Afinal, destralhar não é uma coisa que se faz uma só vez na vida - há que manter!

Então, comecei com as malas. Os critérios para decidir o que vai e o que fica são simples: gosto? uso? fica-me bem? uso mesmo? ou só guardo porque gosto, mas na verdade não uso?
Quero ter apenas coisas de que gosto E que uso. Com isso em mente, passei destas malas (não as contei):


para estas:


e arrumei-as:



estas são para dar:



Fiz o mesmo aos lenços e gorros. Destes todos:


passei para estes:



E ainda juntei esta roupa toda para ir embora:


Ah, fico sempre tão mais leve quando destralho!!

13/07/2016

Uma relação saudável com o chocolate

Estive 4 dias inteiros sem tocar em chocolate. Tinha gelado de chocolate no congelador e chocolate preto no frigorífico. Não toquei em nenhum. Nos primeiros 3 dias passei a tarde a pensar em chocolate. Não fiquei zangada nem triste por não poder comer, como da primeira vez que fiz isto. Mas pensei bastante no chocolate. No quarto dia já não pensei muito. E no quinto menos ainda. E aí percebi: será que já me consigo controlar em relação ao chocolate?

Para quem acha que estou a ser demasiado dura comigo própria por querer acabar com este vício, ou que não se pode comparar o vício do chocolate com outros vícios, tem razão até certo ponto. Claro que o vício no chocolate não provoca os problemas de saúde e sociais que o alcoolismo ou a toxicodependência provocam. Mas os problemas psicológicos e comportamentos desadaptivos que já vi em mim... são assustadores. Comer chocolate às escondidas para ninguém ver e para não ter que partilhar, comer chocolate dos meus filhos sem lhes pedir, ir de propósito ao supermercado, todos os dias, para comprar chocolate, arranjar desculpas super racionais para justificar o chocolate, devorar todo o chocolate que vejo à frente... e depois sentir-me imensamente culpada por isto tudo... desculpem, mas para mim isto É um problema. E os problemas são para ser resolvidos, e não tolerados, comendo à mesma uns quadradinhos de chocolate preto por dia (que era a minha dose mínima diária), porque não faz mal nenhum.

O que eu pretendo em relação ao chocolate é ter com ele a mesma relação que tenho com o chá. Adoro chá, sou capaz de estar sempre com uma chávena de chá na mão, dá-me imenso prazer beber chá - mas se não tiver chá disponível, nem penso nisso. Quando não tenho chá, não vou ao supermercado de propósito nem fico o tempo todo a pensar nisso. Adoro chá e tenho com ele uma relação saudável. É o que pretendo para o chocolate.

E acho que estou mais perto dessa relação saudável. Ontem, no 5º dia sem chocolate, estava imenso calor aqui na praia. Apetecia-me mesmo uma coisa fresca. A única coisa fresca que tinha era o tal gelado de chocolate. Comi um pouco, o equivalente a pouco mais de 1 bola. Consegui controlar-me, não comi demasiado, fiquei satisfeita com a quantidade que comi, e não fiquei com nenhum peso na consciência. 

Podem ter passado apenas 5 dias, mas sinto que consigo controlar isto. Hoje vou ao supermercado e vamos ver como me comporto...

11/07/2016

Armário-cápsula?

Ultimamente tenho lido tanto sobre o armário-cápsula que decidi investigar o assunto mais a fundo.

A ideia partiu de Caroline, uma blogger americana, que no seu blog Un-fancy começou a falar de um guarda-roupa minimalista, com poucas peças, mas todas elas "usáveis" e versáteis, a que chamou de armário-cápsula. O conceito pegou e muitos bloggers começaram a criar o seu armário-cápsula, com poucas peças, mas peças de qualidade que são de facto usadas de várias maneiras diferentes e ficam bem.

Eu já não tenho tanta roupa como tinha há uns anos, antes do grande destralhamento, mas mesmo assim tenho peças que não uso. De vez em quando dou uma volta à roupa toda e ponho de parte o que não uso ou o que já não gosto... mas fico sempre com peças no armário que gosto mas não uso, ou que só consigo usar de uma maneira, ou, pior, peças que gosto, ficam-me bem, mas não sei como as devo usar... Então agora decidi experimentar este conceito do armário-cápsula.

Inicialmente, a Caroline estabeleceu várias regras para o armário-cápsula, se bem que depois alterou-as. A ideia inicial era escolher 37 peças de roupa para usar durante 3 meses (uma estação do ano). Mais tarde, ela flexibilizou a sua abordagem, focando-se num pequeno número de peças (não necessariamente 37) que ficam bem, são adequadas ao estilo de vida e à estação do ano.

A história das estações do ano é difícil aqui no Algarve. Basicamente já não temos Outono (a minha estação preferida...); o calor (não tanto calor como no Verão, mas mesmo assim, calor) prolonga-se até meados de novembro, e depois começa o inverno. Depois do Inverno vem o novamente o calor e o Verão. Portanto, está aí a primeira dificuldade - não ter estações do ano bem definidas onde vivo.

Mas lá tirei a roupa toda do armário e fotografei-a, peça a peça. Peguei num caderno e para cada peça de roupa escrevi várias maneiras de usá-la. Há peças de roupa que consigo usar de várias maneiras, outras que só me vejo a usar de uma única maneira.

Depois ataquei as gavetas. Lá foram mais umas quantas peças de roupa para dar e outras, aquelas que me deixam indecisa, guardei numa caixa de plástico no armário. São peças que se não forem usadas nos próximos meses, irão fora também.

Por fim, os sapatos. Tenho pouco mais de 20 pares, incluindo chinelos e ténis de desporto. Mesmo assim tenho 2 ou 3 pares de sapatos que não calço, mas como cabem no armário, por enquanto ficam lá.

Depois de fazer esta arrumação e de olhar com outros olhos para a roupa, percebi que não tenho assim tanta roupa quanto isso (já tive muita, mas muita mais...) e uso a maioria das peças que tenho. O meu desafio daqui em diante será, sim, tentar usar as poucas peças que não uso - essas que não uso é porque não sei como usá-las. Por exemplo, tenho uma camisa branca que adoro, mas só me vejo a usá-la com calças de ganga. No entanto, só uso jeans no inverno, quanto já está frio para a camisa branca. É este tipo de problemas que tenho que resolver...

Vou tentar seguir estas regras: para cada parte de baixo, devemos ter 5 partes de cima e basicamente tudo no armário deve ser coordenável entre si. Quero simplificar mais um pouco as coisas e libertar espaço - se bem que continuo a obedecer às minhas regras dos limites: a minha roupa continua a caber toda no espaço a ela destinado. Esta coisa do armário-cápsula atrai-me e em agosto quero dedicar-me mais seriamente a este projeto!

09/07/2016

Eu, viciada, me confesso

A confissão que se segue foi escrita há pouco mais de 1 mês. Em baixo, atualizei.

Escrito no início de junho

Eu sou viciada em chocolate. Mais precisamente, no cacau. Não é o açúcar; posso comer um doce, um bolo, qualquer coisa com açúcar, que não me satisfaz tanto como uns quadrados de chocolate preto. 

Só me apercebi da realidade e da magnitude deste problema no fim de maio, quando comecei a fazer o Whole30. Resumidamente, o Whole30 é uma dieta paleo de eliminação, a ser seguida por 30 dias, com o objetivo de identificar intolerâncias alimentares e melhorar a saúde de forma geral. Claro que se perde peso no processo, mas esse não deve ser o objetivo principal. Eu queria eliminar os laticínios para ver se melhorava os meus problemas com a rinite alérgica e produzia menos muco. Como disse, é uma alimentação tipo paleo, mas mais restritiva. Eliminam-se cereais, leguminosas, laticínios e açúcares adicionados. Por mim, tudo bem. Eu já faço uma alimentação paleo a maior parte do tempo, por isso não achei que fosse difícil (e foi assim que perdi 3 kg num mês, o ano passado).

Mas... não podia comer chocolate. Nem os dois quadradinhos de chocolate preto que como sempre depois do almoço. Nos dois primeiros dias do Whole30 comi o chocolate preto. Depois, joguei o resto da tablete pela sanita abaixo. Segui a dieta durante 5 dias, 3 deles sem chocolate. 

Em 5 dias, perdi 1 kg e senti-me bem, tirando uma ligeira dor de cabeça a seguir ao almoço, que dizem ser normal no início. Psicologicamente, foi horrível. Os desejos de chocolate eram imensos. Só pensava na quantidade de bolos que iria fazer e comer no fim dos 30 dias. Um dia fiquei mesmo muito zangada por não poder comer chocolate. Nos outros dias ficava triste. Ao 6ª dia, o desejo de chocolate era tanto que... enchi-me de pão com manteiga (não tinha chocolate em casa). Pão com manteiga!! Uma coisa que raramente como, e só em restaurantes! E depois, claro, veio o chocolate.

Isto revela que tenho uma relação emocional completamente tóxica e disfuncional com o chocolate. Eu sinto-me muito bem com uma alimentação baseada em proteína animal, frutas, verduras, sementes, frutos secos e coisas dessas. Não sinto falta de pão nem de doces... Mas o chocolate... é como uma droga. Se não como os 2 quadrados depois do almoço, não consigo pensar em mais nada. É horrível. 

Isto é um problema e tenho que começar a resolvê-lo. Poderia, com grande esforço, eliminar de vez o chocolate preto, mas não o quero fazer durante este mês de junho, pois tenho imenso trabalho e 3 exames. Em julho vou estar de férias e logo vejo.

O que quero fazer agora é voltar ao Whole30, mas manter os 2 quadrados de chocolate preto depois do almoço. Quero ver se os laticínios influenciam mesmo as alergias e a ranhoca... E quando não como cereais nem leguminosas, os meus intestinos trabalham de forma fantástica. 

Em julho logo verei o que fazer em relação ao chocolate. Mas admito que tenho um problema - e sei que tenho que lidar com ele...

Escrito hoje, a 9 de julho

Estou no 2º dia sem chocolate (nem outros açúcares adicionados, claro). Tenho que resolver este problema e como estou de férias, pode ser que consiga! Hoje tenho um jantar, com muitas sobremesas... e espero conseguir resistir.

Sinto falta do chocolate, sobretudo durante a tarde. Estou sempre a pensar em chocolate. Nem quero ir ao supermercado para não me sentir tentada (ontem fui e consegui resistir!). E apercebi-me que o vício é também de açúcar. As bolas de Berlim que comi esta semana em substituição do chocolate mostraram-me isso; não fiquei completamente satisfeita, mas ajudou bastante.

Continuo a seguir uma alimentação paleo quase 100% (hoje ao almoço, por exemplo, comi umas fatias de pão com as sardinhas), que não me custa nada (não tenho partilhado porque não tenho apontado...). Mas não comer chocolate custa imenso. Mesmo. Mas depois penso nalgumas pessoas que conheço que conseguiram largar vícios bem piores de um dia para o outro - e estou eu aqui a queixar-me por causa do chocolate? Eu consigo!

04/07/2016

Hoje

Acordei com o despertador às 7 horas. Fui à casa de banho, vesti-me, abri a porta da rua e encontrei um dia cinzento... Não me importo, estes dias fazem-me lembrar o outono e eu adoro o outono. E depois do calor que esteve ontem, um dia mais fresco e sem sol é muito bem-vindo. Estendi o tapete de yoga no pátio e pratiquei durante 45 minutos. A minha prática tem andado pelas ruas da amargura por causa da lesão nas costas. Tenho que recomeçar com calma. Depois, já de casaco vestido, pequeno-almoço: omelete, salada e fruta. Enquanto comia, naveguei na net. Redes sociais, blogs. Demorei-me no blog da Lénia e pesquisei alguns posts antigos que me marcaram e fizeram pensar quando os li, como este e este e este. Agora estou a escrever isto. Daqui a pouco vamos para casa, porque é dia de anos (dos meus anos) mas tenho imensas coisas a fazer. E, de qualquer modo, está demasiado frio para estar na praia.
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