28/08/2017

Resultados do estudo - Yoga em Portugal

Aqui há uns meses fiz um estudo sobre a prática de yoga em Portugal. Muitas das pessoas que participaram mostraram muito interesse nos resultados e eu prometi que divulgava quando conseguisse. Os artigos científicos ainda não estão terminados, mas optei por mostrar já os resultados mais descritivos do estudo.

Então, vamos começar!













O questionário também pretendia avaliar algumas características da personalidade e da motivação dos praticantes de yoga. Os gráficos seguintes são apenas distribuições de frequências. A escala de 1 a 5 significa que quanto mais perto do 5, mais forte é essa característica nos participantes. Os dados não foram relacionados uns com os outros, que é a parte mais interessante do estudo, mas que vai ser alvo dos tais artigos.

Por exemplo, uma das características da personalidade é a gregariedade. Vemos que os praticantes de yoga não são propriamente as pessoas mais gregárias do mundo, o que é esperado, visto o yoga ser uma atividade mais solitária... (mesmo em aulas de grupo, é suposto estarmos voltados para dentro)



Outra é o altruismo. Como seria de esperar, os praticantes de yoga consideram-se altruistas... claro que certas respostas vão estar contaminadas pela desejabilidade social, que é quando damos um resposta que achamos que é a mais indicada socialmente (ou seja, eu até posso ser a pessoa mais egoísta do mundo, mas se calhar penso duas vezes antes de dar essa resposta num questionário).


Avaliei também a auto-disciplina, pois queria ver se os praticantes que praticam sobretudo em casa e os praticantes de ashtanga vinyasa são mais auto-disciplinados que os outros. Essa análise ainda não fiz, mas em termos gerais, os yogis portugueses são auto-disciplinados.


O locus de causalidade avalia se as pessoas sentem que fazem yoga porque querem ou porque acham que tem que ser (por exemplo, por recomendação médica, mas se pudessem escolher, não fariam). Os praticantes de yoga têm, como também era esperado, um locus de causalidade mais interno, ou seja, praticam yoga porque querem e não porque tem que ser...


Avaliei também o tipo de motivação que leva as pessoas à prática de yoga. De acordo com a teoria da auto-determinação (uma teoria da psicologia muito famosa), a nossa motivação varia entre a amotivação, ou seja, falta de motivação, e a motivação intrínseca , que é quando fazemos uma coisa porque nos dá prazer. A teoria é bem mais complicada que isto, mas também aqui não houve surpresas. A motivação para a prática de yoga é sobretudo intrínseca, ou seja, as pessoas fazem yoga porque gostam.


Só para perceberem um pouco melhor, a motivação é um continuum, como mostra a figura. A motivação dos praticantes de yoga é sobretudo intríseca (eu pratico porque gosto), mas também integrada (pratico porque gosto, mas também quero atingir objetivos com a prática) e identificada (pratico yoga porque valorizo esse comportamento). As motivações/regulações mais externas (amotivação, externa e introjetada) são muito menos frequentes nos praticantes de yoga. 


Além do tipo de motivação, também perguntei acerca dos motivos que levam as pessoas a praticar yoga. As pessoas praticam yoga sobretudo porque é um desafio e é divertido, mas também para evitar problemas de saúde, para gerir o stress, para relaxar, para aumentar a flexibilidade, a força e a resistência, e, claro, por motivos espirituais e de bem-estar. Os motivos menos importantes para a prática de yoga são o reconhecimento social, a afiliação, a aparência e a gestão do peso.

Apesar das necessidades de afiliação não serem um motivo para a prática, são uma das coisas que as pessoas ganham com a prática de yoga. Outros ganhos importantes que vêm da prática de yoga é tudo o que tenha a ver com saúde e melhoria das capacidades físicas, e até a aparência.

Por fim, as atitudes em relação ao ambiente também foram avaliadas. Sem surpresa, os praticantes de yoga (tal como a população portuguesa em geral) têm uma visão mais ecocêntrica, ou seja, estão mais preocupados com a conservação do ambiente e são mais apáticos em relação à utilização do ambiente para as necessidades humanas. Na figura, a Preservação está no eixo dos yy (valores sobretudo positivos) e a Utilização no eixo dos xx (valores sobretudo negativos).




Pronto, isto são resultados muito preliminares (e nem estão aqui todos). À medida que for publicando os dados em artigos científicos ou comunicações em congressos, vou divulgando aqui também - mas quem é da área sabe que isto pode demorar muitos meses ou mesmo anos!! (mas esperemos que não!)

Resta-me agradecer de novo a todos os que participaram neste estudo e espero continuar a contar com a vossa colaboração em estudos futuros (sim, vêm aí mais!!).

MUITO OBRIGADA!!!



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