Rita B. Domingues & Márcio C. Santos
A
maioria dos artigos sobre bem-estar emocional publicados em meios não
científicos referem o exercício físico e a prática de yoga como formas de
regular as emoções e alcançar maiores níveis de felicidade. De facto, é bem
sabido que o exercício físico estimula o desenvolvimento cognitivo (Gomez-Pinilla & Hillman, 2013) e tem um efeito
antidepressivo (Brené et al., 2007), tendo sido
amplamente utilizado como estratégia terapêutica no tratamento de várias
patologias (Dyakova, Kapilevich, Shylko, Popov, &
Anfinogenova, 2015; Mura, Moro, Patten, & Carta, 2014). Para além disso,
o exercício físico promove a libertação de endorfinas pelo organismo que
estimulam o sistema simpático e induzem estados de euforia e exaltação (Dinas, Koutedakis, & Flouris, 2011).
O
yoga tem tantos ou mais benefícios que o exercício físico (Ross & Thomas, 2010), pois além da componente
física (asana), envolve também práticas de controlo da respiração (pranayama),
meditação (dhyana) e um código de conduta moral (yamas e niyamas). Os efeitos
positivos das várias práticas associadas ao yoga têm sido demonstrados nas mais
diversas áreas, sobretudo a nível terapêutico, como tratamento complementar, ou
mesmo alternativo, para diversas patologias físicas e mentais (e.g., Firestone, Carson, Mist,
Carson, & Jones, 2014; Gunda et al., 2015; Mullur, Khodnapur, Bagali,
Aithala, & Dhanakshirur, 2014). A nível psicológico o maior
contributo do yoga será um aumento da auto-regulação do indivíduo (Gard, Noggle, Park, Vago, & Wilson, 2014), ou seja, o
indivíduo consegue de forma mais eficaz gerir as suas emoções, tanto positivas
como negativas, e a sua expressão comportamental (Vago & Silbersweig, 2012). Uma maior
auto-regulação afeta, por sua vez, todos os outputs cognitivos, emocionais,
comportamentais e autónomos do indivíduo, promovendo a saúde física e
psicológica (Gard et al., 2014). Estes efeitos da
prática de yoga não são apenas transitórios, ou seja, não se manifestam apenas
imediatamente após uma prática de yoga, tendo também efeitos a longo prazo (Gard et al., 2014 e referências associadas). A prática do
yoga promove, de facto, a felicidade, ao aumentar a saúde física (Ross, Friedmann, Bevans, & Thomas, 2013) e ao desenvolver
emoções positivas como compaixão, gratidão e serenidade (Ivtzan & Papantoniou, 2014). Nos últimos anos
têm proliferado estudos sobre os efeitos físicos e psicológicos da prática de
yoga que mostram que, de facto, os seus benefícios são inúmeros e incluem o
desenvolvimento das várias emoções positivas referidas nos posts anteriores, assim como
os benefícios das várias técnicas sugeridas (ver a revisão de Gard et al., 2014).
Portanto, se queres ser mais feliz... pratica Yoga!
Referências
Brené, S., Bjørnebekk, A., Aberg, E., Mathé, A. A., Olson,
L., & Werme, M. (2007). Running is rewarding and antidepressive. Physiology
& Behavior, 92(1-2), 136–140. doi:10.1016/j.physbeh.2007.05.015
Dinas,
P. C., Koutedakis, Y., & Flouris, A. D. (2011). Effects of exercise and
physical activity on depression. Irish Journal of Medical Science, 180(2),
319–325. doi:10.1007/s11845-010-0633-9
Dyakova,
E. Y., Kapilevich, L. V, Shylko, V. G., Popov, S. V, & Anfinogenova, Y.
(2015). Physical exercise associated with NO production: signaling pathways and
significance in health and disease. Frontiers in Cell and Developmental
Biology, 3, 19. doi:10.3389/fcell.2015.00019
Firestone,
K. A., Carson, J. W., Mist, S. D., Carson, K. M., & Jones, K. D. (2014).
Interest in yoga among fibromyalgia patients: an international internet survey.
International Journal of Yoga Therapy, 24, 117–124. Retrieved
from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25858658
Gard,
T., Noggle, J. J., Park, C. L., Vago, D. R., & Wilson, A. (2014). Potential
self-regulatory mechanisms of yoga for psychological health. Frontiers in
Human Neuroscience, 8(September), 1–20. doi:10.3389/fnhum.2014.00770
Gomez-Pinilla,
F., & Hillman, C. (2013). The influence of exercise on cognitive abilities.
Comprehensive Physiology, 3(1), 403–428. doi:10.1002/cphy.c110063
Gunda,
S., Kanmanthareddy, A., Atkins, D., Bommana, S., Pimentel, R., Drisko, J., …
Lakkireddy, D. (2015). Role of yoga as an adjunctive therapy in patients with
neurocardiogenic syncope: a pilot study. Journal of Interventional Cardiac
Electrophysiology. doi:10.1007/s10840-015-9996-1
Ivtzan,
I., & Papantoniou, A. (2014). Yoga meets positive psychology: examining the
integration of hedonic (gratitude) and eudaimonic (meaning) wellbeing in
relation to the extent of yoga practice. Journal of Bodywork and Movement
Therapies, 18(2), 183–189. doi:10.1016/j.jbmt.2013.11.005
Mullur,
L. M., Khodnapur, J. P., Bagali, S., Aithala, M., & Dhanakshirur, G. B.
(2014). Role of yoga in modifying anxiety level in women. Indian Journal of
Physiology and Pharmacology, 58(1), 92–95. Retrieved from
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25464684
Mura,
G., Moro, M. F., Patten, S. B., & Carta, M. G. (2014). Exercise as an
add-on strategy for the treatment of major depressive disorder: a systematic
review. CNS Spectrums, 19(6), 496–508.
doi:10.1017/S1092852913000953
Ross,
A., Friedmann, E., Bevans, M., & Thomas, S. (2013). National survey of yoga
practitioners: mental and physical health benefits. Complementary Therapies
in Medicine, 21(4), 313–323. doi:10.1016/j.ctim.2013.04.001
Ross,
A., & Thomas, S. (2010). The health benefits of yoga and exercise: a review
of comparison studies. Journal of Alternative and Complementary Medicine
(New York, N.Y.), 16(1), 3–12. doi:10.1089/acm.2009.0044
Vago,
D. R., & Silbersweig, D. A. (2012). Self-awareness, self-regulation, and
self-transcendence (S-ART): a framework for understanding the neurobiological
mechanisms of mindfulness. Frontiers in Human Neuroscience, 6,
296. doi:10.3389/fnhum.2012.00296
>>>>>
Gostaste deste post? Podes partilhá-lo usando os botões abaixo.
Não queres perder outros posts? Subscreve as actualizações do blog usando uma das opções da barra lateral.