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Rita B. Domingues & Márcio C. Santos
Outro
método frequentemente abordado na imprensa não científica inclui o rir e o
sorrir diariamente. A expressão facial tem, de facto, uma influência direta nas
emoções (Strack, Martin, & Stepper, 1988). Ao controlar as
expressões faciais dos sujeitos participantes de maneira insuspeita numa forma
favorável ou inibitória à resposta emocional, Strack et al. (1988) demonstraram
respostas emocionais mais fortes em condições em que a expressão facial era
controlada favoravelmente, do que em condições inibitórias. Sorrir e rir,
parece ter, então, um efeito ampliador das emoções, o que poderá assim permitir
um maior sentimento de felicidade.
Sorrir
não tem efeito apenas no próprio sujeito, mas também nos outros. Sorrir desempenha
um grande papel nas relações interpessoais, pois ter um comportamento agradável
e sorrir desperta um comportamento semelhante nos outros (Guéguen & De Gail, 2003). Pessoas que
sorriem são ainda percecionadas como mais inteligentes (Lau, 1982), mais bonitas e
simpáticas (Reis et al., 1990) e têm muitas
vezes um efeito contagiante nos outros (Sonnby-Borgstrom, 2002). Talvez não seja
por acaso que até animais conseguem distinguir um sorriso humano (Nagasawa, Murai, Mogi, & Kikusui, 2011). Parece então que
sorrir tem, de facto, um papel fundamental na busca pela felicidade.
No
entanto, apesar da sua inegável importância, rir e sorrir poderão, por si só,
não ser suficientes para contribuir para o bem-estar geral; é necessária uma
crença genuína de que sorrir aumenta a felicidade (Labroo, Mukhopadhyay, & Dong, 2014). Sorrir sem
acreditar no sorriso poderá ter o efeito contrário e reduzir efetivamente o
bem-estar e a felicidade. Não obstante, o sorriso aliado à crença de que se
trata de um sorriso feliz traz muitos benefícios e é um dos passos para o
aumento da felicidade.
Demonstrar
os sentimentos também tem influência no bem-estar das pessoas. De facto, a
atenção que se dá aos próprios sentimentos e aos sentimentos dos outros
contribui positivamente para a perceção individual de bem-estar; embora as
influências culturais afetem a força desta relação, ela existe de forma
transversal por todo o mundo (Lischetzke, Eid, & Diener, 2012). Portanto, o
prestar atenção e tentar compreender os sentimentos dos outros contribui de
forma ativa para o bem-estar geral do indivíduo. Em retribuição, demonstrar os
próprios sentimentos possibilita que os outros possam também contribuir para o
seu próprio bem-estar geral, para além de que demonstrar os próprios
sentimentos permite também uma maior perceção e contacto com o self,
e um amadurecimento psicológico saudável. Seguir os sentimentos na tomada
de decisão também tem um efeito positivo no bem-estar. De facto, prestar
atenção aos sentimentos aquando de uma tomada de decisão, sejam eles positivos
e impulsionadores de uma ação ou negativos e dissuasores de uma ação, pode
influenciar o bem-estar e a forma como se experiencia o mundo (Gasper & Bramesfeld, 2006).
Próximo post: passa tempo na Natureza.
Referências
Gasper, K., & Bramesfeld, K. D. (2006). Should I follow
my feelings? How individual differences in following feelings influence
affective well-being, experience, and responsiveness. Journal of Research in
Personality, 40(6), 986–1014.
Guéguen,
N., & De Gail, M. (2003). The effect of smiling on helping behavior:
Smiling and good Samaritan behavior. Communication Reports.
doi:10.1080/08934210309384496
Labroo,
A. A., Mukhopadhyay, A., & Dong, P. (2014). Not always the best medicine:
Why frequent smiling can reduce wellbeing. Journal of Experimental Social
Psychology, 53, 156–162. doi:10.1016/j.jesp.2014.03.001
Lau,
S. (1982). The Effect of Smiling on Person Perception. The Journal of Social
Psychology. doi:10.1080/00224545.1982.9713408
Lischetzke,
T., Eid, M., & Diener, E. (2012). Perceiving One’s Own and Others' Feelings
Around the World: The Relations of Attention to and Clarity of Feelings With
Subjective Well-Being Across Nations. Journal of Cross-Cultural Psychology.
Nagasawa,
M., Murai, K., Mogi, K., & Kikusui, T. (2011). Dogs can discriminate human
smiling faces from blank expressions. Animal Cognition, 14(4),
525–533.
Reis,
H. T., Wilson, I. M., Monestere, C., Bernstein, S., Clark, K., Seidl, E., …
Radoane, K. (1990). What is smiling is beautiful and good. European Journal
of Social Psychology, 20(3), 259–267. doi:10.1002/ejsp.2420200307
Sonnby-Borgstrom,
M. (2002). Automatic mimicry reactions as related to differences in emotional
empathy. Scandinavian Journal of Psychology, 43(5), 433–443.
doi:10.1111/1467-9450.00312
Strack,
F., Martin, L. L., & Stepper, S. (1988). Inhibiting and facilitating
conditions of the human smile: a nonobtrusive test of the facial feedback
hypothesis. Journal of Personality and Social Psychology, 54(5),
768–777.
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Sim, sorrir é meio caminho andado para que tudo corra melhor! É um excelente cartão de visita.
ResponderEliminarEstou gostando muito desta série "como ser mais feliz". Ainda não pude ler tudo, mas vou lendo conforme consigo um pouco de tempo. Agradeço muito esta partilha.
ResponderEliminarAna Paula