05/08/2015

Como ser mais feliz? Ri, sorri e demonstra os teus sentimentos


Rita B. Domingues & Márcio C. Santos

Outro método frequentemente abordado na imprensa não científica inclui o rir e o sorrir diariamente. A expressão facial tem, de facto, uma influência direta nas emoções (Strack, Martin, & Stepper, 1988). Ao controlar as expressões faciais dos sujeitos participantes de maneira insuspeita numa forma favorável ou inibitória à resposta emocional, Strack et al. (1988) demonstraram respostas emocionais mais fortes em condições em que a expressão facial era controlada favoravelmente, do que em condições inibitórias. Sorrir e rir, parece ter, então, um efeito ampliador das emoções, o que poderá assim permitir um maior sentimento de felicidade.

Sorrir não tem efeito apenas no próprio sujeito, mas também nos outros. Sorrir desempenha um grande papel nas relações interpessoais, pois ter um comportamento agradável e sorrir desperta um comportamento semelhante nos outros (Guéguen & De Gail, 2003). Pessoas que sorriem são ainda percecionadas como mais inteligentes (Lau, 1982), mais bonitas e simpáticas (Reis et al., 1990) e têm muitas vezes um efeito contagiante nos outros (Sonnby-Borgstrom, 2002). Talvez não seja por acaso que até animais conseguem distinguir um sorriso humano (Nagasawa, Murai, Mogi, & Kikusui, 2011). Parece então que sorrir tem, de facto, um papel fundamental na busca pela felicidade.

No entanto, apesar da sua inegável importância, rir e sorrir poderão, por si só, não ser suficientes para contribuir para o bem-estar geral; é necessária uma crença genuína de que sorrir aumenta a felicidade (Labroo, Mukhopadhyay, & Dong, 2014). Sorrir sem acreditar no sorriso poderá ter o efeito contrário e reduzir efetivamente o bem-estar e a felicidade. Não obstante, o sorriso aliado à crença de que se trata de um sorriso feliz traz muitos benefícios e é um dos passos para o aumento da felicidade.

Demonstrar os sentimentos também tem influência no bem-estar das pessoas. De facto, a atenção que se dá aos próprios sentimentos e aos sentimentos dos outros contribui positivamente para a perceção individual de bem-estar; embora as influências culturais afetem a força desta relação, ela existe de forma transversal por todo o mundo (Lischetzke, Eid, & Diener, 2012). Portanto, o prestar atenção e tentar compreender os sentimentos dos outros contribui de forma ativa para o bem-estar geral do indivíduo. Em retribuição, demonstrar os próprios sentimentos possibilita que os outros possam também contribuir para o seu próprio bem-estar geral, para além de que demonstrar os próprios sentimentos permite também uma maior perceção e contacto com o self, e um amadurecimento psicológico saudável. Seguir os sentimentos na tomada de decisão também tem um efeito positivo no bem-estar. De facto, prestar atenção aos sentimentos aquando de uma tomada de decisão, sejam eles positivos e impulsionadores de uma ação ou negativos e dissuasores de uma ação, pode influenciar o bem-estar e a forma como se experiencia o mundo (Gasper & Bramesfeld, 2006).

Próximo post: passa tempo na Natureza.


Referências

Gasper, K., & Bramesfeld, K. D. (2006). Should I follow my feelings? How individual differences in following feelings influence affective well-being, experience, and responsiveness. Journal of Research in Personality, 40(6), 986–1014.
Guéguen, N., & De Gail, M. (2003). The effect of smiling on helping behavior: Smiling and good Samaritan behavior. Communication Reports. doi:10.1080/08934210309384496
Labroo, A. A., Mukhopadhyay, A., & Dong, P. (2014). Not always the best medicine: Why frequent smiling can reduce wellbeing. Journal of Experimental Social Psychology, 53, 156–162. doi:10.1016/j.jesp.2014.03.001
Lau, S. (1982). The Effect of Smiling on Person Perception. The Journal of Social Psychology. doi:10.1080/00224545.1982.9713408
Lischetzke, T., Eid, M., & Diener, E. (2012). Perceiving One’s Own and Others' Feelings Around the World: The Relations of Attention to and Clarity of Feelings With Subjective Well-Being Across Nations. Journal of Cross-Cultural Psychology.
Nagasawa, M., Murai, K., Mogi, K., & Kikusui, T. (2011). Dogs can discriminate human smiling faces from blank expressions. Animal Cognition, 14(4), 525–533.
Reis, H. T., Wilson, I. M., Monestere, C., Bernstein, S., Clark, K., Seidl, E., … Radoane, K. (1990). What is smiling is beautiful and good. European Journal of Social Psychology, 20(3), 259–267. doi:10.1002/ejsp.2420200307
Sonnby-Borgstrom, M. (2002). Automatic mimicry reactions as related to differences in emotional empathy. Scandinavian Journal of Psychology, 43(5), 433–443. doi:10.1111/1467-9450.00312
Strack, F., Martin, L. L., & Stepper, S. (1988). Inhibiting and facilitating conditions of the human smile: a nonobtrusive test of the facial feedback hypothesis. Journal of Personality and Social Psychology, 54(5), 768–777.

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2 comentários:

  1. Sim, sorrir é meio caminho andado para que tudo corra melhor! É um excelente cartão de visita.

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  2. Estou gostando muito desta série "como ser mais feliz". Ainda não pude ler tudo, mas vou lendo conforme consigo um pouco de tempo. Agradeço muito esta partilha.
    Ana Paula

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