20/02/2012

Ser ou não ser... minimalista - parte I

Antes de nada, quero dizer que adorei os vossos comentários ao post dos gatos! Fico mesmo feliz por ver que há por aí tanta gente que adora estes bichanos e que abriu as portas das suas casas para receber um (ou vários) gatos como membros da família!


O post de hoje deve-se a um email de uma leitora, que queria saber se é ou não minimalista.


O minimalismo pode resumir-se numa frase: minimalismo é identificar o essencial e eliminar o resto.
O busílis da questão tem a ver com a definição de essencial. O que é essencial para uns é supérfluo para outros, ou seja, cada pessoa tem a sua definição muito pessoal daquilo que é ou não essencial para si.
Outro problema da definição de minimalismo é saber distinguir o conceito de minimalismo de outros conceitos como vida simples, downshifting e frugalidade.

Então, vamos por partes: vamos tentar definir estes conceitos que são comummente permutáveis e confundidos. Este post da Everyday Minimalist dá uma ideia da diferença entre os conceitos com o exemplo da mesa de cozinha. Vou tentar fazer o mesmo dando como exemplo uma mala. Isto é um exemplo real. Diminui bastante a minha colecção de malas e tenho uma cinzenta que uso muito. A mala tem o fecho partido e uma das asas está prestes a romper. Vamos ver a abordagem usando os vários conceitos:

O minimalista (eu!)
A mala cinzenta vai para o lixo e aquela era a única mala cinzenta que o minimalista tinha. O minimalista precisa mesmo de uma mala cinzenta (só tem 2 malas de inverno e a outra é preta). Como a mala é, para o minimalista, uma necessidade, vai investir numa mala nova de qualidade que possa durar muito tempo e que seja versátil, que possa ser usada com vários tipos de roupa e ao longo do ano todo. Mas até pode acontecer que, ao fim de uns dias sem a mala, o minimalista se aperceba que afinal uma mala cinzenta não lhe faz assim tanta falta e acaba por não a comprar... ou seja, o minimalista pode não comprar a mala, não para poupar dinheiro, mas sim porque a mala não lhe faz falta. Mas se de facto a comprar, não se importa de gastar dinheiro para comprar uma peça de qualidade.

O frugal
A mala cinzenta vai para o lixo e, das duas uma, o frugal ou compra uma mala barata mas de qualidade, aproveitando saldos, promoções ou talões, ou não compra nenhuma para não gastar dinheiro numa coisa que não é propriamente um bem de primeira necessidade, ou seja, o frugal não compra a mala para não gastar dinheiro.

O simple liver (como é que se diz em português??? o que vive a vida simples??)
A mala cinzenta vai para o lixo, mas a pessoa que vive uma vida simples não gosta de complicar e pode perfeitamente viver a sua vida sem uma mala cinzenta... Não compra nenhuma mala, não para não gastar dinheiro, mas porque a mala não lhe faz falta. A diferença entre o minimalista e o simple liver é ténue... A diferença é que o minimalista, se realmente precisar da mala, compra-a e compra uma de qualidade que dure muito tempo.


A diferença entre minimalistas e simple livers é, como já referi, subtil. Penso que existe uma diferença fundamental, que foi vivida pela Sara Rauch:

A Sara, quando começou a simplificar a sua vida, pensou que passaria mais tempo na sua pequena horta a gozar os prazeres de fazer crescer os seus próprios vegetais (isto é vida simples). No entanto, apercebeu-se que ao passar mais tempo na horta, tinha menos tempo para a sua verdadeira paixão, a escrita. Assim, a Sara deixou a horta para se focar na sua prioridade, a escrita (isto é minimalismo).

Outra diferença divertida referida pela Sara: os minimalistas gostam de se auto-intitular minimalistas e usam o termo como parte da sua identidade; as pessoas que vivem uma vida simples não se chamam simple livers a si próprios...

Por fim, a vida simples tem mais a ver com um regresso aos básicos, enquanto o minimalismo é mais “de ponta”. Enquanto os simple livers tentam eliminar das suas vidas o excesso de tecnologia, não estou a ver um minimalista a viver sem uma série de gadgets que lhe tornam a vida mais simples... Por exemplo, um simple liver pode comprar, ler e acumular livros em casa, enquanto um minimalista doa os livros que já leu e passa a ler livros da biblioteca ou compra apenas e-books...

Este post já está muito longo, por isso teremos a parte II para a semana!

5 comentários:

  1. Adoro o teu blog. Quando comecei a ler não consegui parar, li todos os posts.

    Sinto que tens toda a razão no que escreves e em cada post fazes-me sempre refletir.

    Ando a planear o "destralhamento" da minha vida.

    Destralhar o espaço e principalmente destralhar também a mente.

    Muito obrigada pela introspecção

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Helena, muito obrigada! Fiquei mesmo muito feliz com o teu comentário! bj

      Eliminar
  2. Eu nunca gostei de ter "tralha". Não sou apegada aos objectos. Nunca gostei de ter muitas coisas. Passo a vida a dar aquilo que está em bom estado e para mim já não tem utilidade. Achava que ninguém compreendia este meu desapego aos objectos! Até que encontrei o seu blog e compreendi muita coisa. Acho que o meu caminho é o minimalismo. Obrigada por partilhar este seu modo de vida!

    ResponderEliminar
  3. Olá Rita,

    Adoro seu blog, adorei seu post, mas fiquei um tanto confusa com as classificações...

    Creio que devo ser um híbrido entre esses três tipos de pessoas, pois me identifiquei com algumas características dos três, mas sem ser um tipo "puro"...

    Parabéns pelo blog!

    ResponderEliminar
  4. Olá Rita,

    Obrigada pelo post.
    Ainda não comento a 100%, porque estou à espera do próximo post e do email sobre o mesmo assunto.
    Beijinhos

    ResponderEliminar

Obrigada pelo comentário!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...