Ora aqui temos uma nova rúbrica no blog - a vida simples de pessoas reais. Histórias de leitores que simplificaram as suas vidas e se tornaram mais felizes por isso. A primeira convidada é... a Magda do Mum's the Boss. Obrigada a todos os leitores que têm enviado os seus testemunhos. Se quiseres participar, envia um email para rita.busywoman (at) gmail.com.
O minimalismo, o meu tipo de vida ideal e ser egoísta!
Quando penso no meu tipo de vida ideal, penso num tipo de
vida vagaroso, em que há espaço para leituras, para a escrita e para aproveitar
os meus. Sem pressas. Sem querer estar onde não estou.
Quando penso nesse tipo de vida ideal, vejo uma casa
organizada, com tudo no lugar e com o essencial. E muita madeira, curiosamente.
Vejo-me em paz.
Quando penso nesse tipo de vida ideal, oiço risos, música e
o som do silêncio também.
Quando penso nesse tipo de vida ideal, sinto o calor, seja
da lareira ou do verão. Sinto-me confortável. Serena. Em paz. Sinto-me
inteiramente cá, presente. E sem pressas.
Mas a verdade é que até há pouco tempo atrás, estava muito
longe dessa minha vida ideal. A verdade é que a resumia muito bem num dos
versos do António Variações quando diz
Estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
E hoje, ao ouvir de novo esta música, o pé acompanha o ritmo
mas há um sorriso superior que diz ‘caramba, já não é nada disto...!’ E agora
estou bem e diferente. E sem pressas. E quanto mais caminho em direcção a uma
vida onde aplico uma imensidão de princípios minimalistas, mais percebo que me
aproximo desse tipo de vida que tanto desejo e ambiciono. Estou a fazer o
caminho – o mais importante do processo é sempre o caminho!
Hoje olho para aquelas pessoas que correm e que nunca têm
tempo para nada com alguma compaixão porque ainda não perceberam que a vida
pode ser muito melhor, muito diferente. É lógico que há períodos em que damos o
nosso máximo, trabalhamos muito mais e corremos como se não fosse haver amanhã.
Mas lá está, isso são fases. A vida, aquela que eu vejo como ideal, não tem nem
pode ser assim.
Hoje sei que quando corria como corria, queria provar alguma
coisa. A mim e aos outros. Sim, adorava
o que fazia! Tanto adorava que tirava férias para fazer cursos e
aperfeiçoar-me... Mas usar todas as férias para isso? É um bocadinho insane
mas, lá está, fazia parte de um processo para chegar a essa conclusão. E também
foi o caminho que tracei e que me fez chegar onde estou hoje.
É bom desacelerar. É fabuloso perceber que fico feliz com
uma lareira e um livro, música e uma boa companhia. É fabuloso deixar-me dormir
a sesta sem ter de ir fazer A, B ou C.
Porque ser minimalista é isso também: é dizer não, é por-se
primeiro em muitas circunstâncias e é saborear o presente, sem ansiedades ou
angústias.
E um dos passos principais para ser mais feliz é pôr-me à
frente de todos os outros e tratar de mim e da minha felicidade. Se todos, sem
excepção fizessemos isto, o mundo seria de certeza um sítio bem melhor. Porque
quanto mais felizes somos, mais temos disponibilidade para fazermos os outros
felizes. Mais damos de nós para fazermos o bem. E menos chateamos. E são as
pequenas e ‘insignificantes’ chatices que temos no dia-a-dia que nos moem, que
nos consomem: a nossa incapacidade em dizermos ‘não’, a nossa falta de treino
em competências assertivas, o nosso medo que os céus e os santos e os deuses
nos castiguem por querermos ser mais felizes e melhores. Pior! Acreditamos que
precisamos de mais um creme ou de mais uma camisola ou de mais um pack qualquer
e vivemos numa ansiedade brutal sem necessidade.
E então como é que eu faço para reduzir estes pensamentos,
esta minha crença onde supostamente necessito de muito? A Francine Jay diz no
seu livro ‘The Joy of less’ que devemos reduzir e destralhar (crédito da
palavra para a Rita!), em primeiro lugar. Ok, nada de novo. Mas ela acrescenta
que quanto mais temos à nossa frente (ou solicitações), mais o cérebro tem de
processar essa info no ‘andar de cima’ e enquanto a processa, pouco sobra para
tratar outro tipo de informação ou para ficar com a cabecinha em descanso.
Se o teu tipo de vida ideal é parecido com o meu, inicia o
processo. Vais perceber que a dada altura entras no ponto do não retorno.
Aproveita este início de ano para dares uma boa reviravolta na tua vida. Fala
quem já esteve num dos lados e agora adora a sensação de plenitude e de paz que
vive! Vai por mim!
Parece-me bem!
ResponderEliminarGostei muito! Sábio.A vida é preciosa para desperdiçarmos mas às vezes demora a encontrar o verdadeiro trajecto. Bjns
ResponderEliminarObrigada Rita pela oportunidade! Um beijinho!!! Adorei!
ResponderEliminarMuito bom! Adorei :)
ResponderEliminarObrigada por este testemunho! Eu também quero fazer esse caminho...
ResponderEliminarBoa... reviravoltas positivas.
ResponderEliminarbelas palavras.. :) é verdade, agora dou por mim ir "destralhando" na boa.. :P (o que me custava ao inicio) e ver que cada vez se está mais organizada e com tempo, é recompensador.. :)
ResponderEliminarSonia L.
Vou fazer tudo para isso... começo por aproveitar a deixa: vou tentar só estar onde quero mesmo estar e com quem quero estar.
ResponderEliminarÉ mesmo assim, quando se inicia este caminho, não há volta. A sensação de saborear as pequenas coisa do dia a dia fomenta o equilíbrio e atinge-se uma serenidade que nos permite simplificar todas as áreas da nossa vida e objectivar e defenir prioridades de uma forma natural e intuitiva. Bom Ano.
ResponderEliminarPaula
"Brutal" como diz a própria Magda :) Não acrescentava nada!!! Cada vez mais me identifico com o conceito ... É uma vida tão mais plena!!! Estou onde quero estar e com quero estar. Saber dizer NÃO penso que é o primeiro grande passo!!
ResponderEliminarParabens às duas pois são sem duvida uma inspiração e contribuiram para mudar alguns aspetos da minha vida.
Beijinhos
Aproveitei o final do ano anterior para ir começando a implementar na minha cabeça o conceito e em casa já vou conseguindo por em pratica algumas coisas, é sem dúvida um objetivo para este ano, continuar a seguir os vossos conselhos sábios!
ResponderEliminarObrigada pela partilha e pela ajuda que isso me dá para a minha vida.
Continuem.
Bjs
Gostei muito, para não variar, e gosto muito do conceito, da ideia, do principio. Mas eu stress com coisas que têm obrigatoriamente que fazer parte do meu dia-a-dia de família e que me "ocupam" muito do tempo que teria para estar a "destralhar" a cabeça e a "pensar em mim". São as chamadas lides caseiras, limpar, passar a ferro, fazer comida "decente" para as miúdas, arrumar, etc etc... estas, são aquelas coisas que, também, me tiram tempo e que me deixam de mau humor para todos à minha volta, quando não consigo cumprir a "tempo e horas" estas tarefas.
ResponderEliminarUfa, já desabafei. :)
Bjs
Gostei muito desta perspectiva. E chamou-me mais uma vez a atenção para algo que faço e sei ser um erro: sem dúvida tenho de aprender a dizer "Não". É que quando dou por mim, disse "sim" a tanta coisa que o tempo para mim e para o meu lar é muito diminuto! Mas obrigada. Com a leitura dos vossos blogs, espero ter cada vez mais inspiração para simplificar!
ResponderEliminarNa mouche! É assim que sou há 12 anos... por isso tenho uma casa pequenina, à medida da minha família, mas muito aconchegadinha, onde não preciso de stressar para a limpar, onde recebo alguns amigos que na 1ª ficam espantados com a simplicidade, mas depois percebem porque é que não preciso de objetos a enfeitar, nem de televisão. O tempo passa a correr, conversamos até cansar, estamos todos na cozinha a prepara a comida e depois a lavar a loiça (não tenho máquina) e conversamos sobre o que é afinal ter qualidade de vida... assim, na simplicidade, não preciso de mais...
ResponderEliminarHá tempos dizia aos meus alunos que não tenho tv, nem microondas e que vou deixar de ter telemóvel e um deles: que miséria professora! :) Sorri de orelha a orelha, porque aquela criança ainda não percebe que o consumismo desenfreado oprime-nos, tira-nos a liberdade de escolher, absorve-nos a calma, a paciência e o tempo de reflexão... não sei explicar muito bem, este modo de vida, vive-se, sente-se... adoro sentir as estações a passar, as cores e os cheiros a mudar, ver a a chuva que cai, da minha janela. Apesar da minha profissão me absorver muito, ainda consigo tempo livre para ler, para escrever, para a família, para os amigos, para as minhas artes manuais, para a minha bicicleta, enfim, para o que realmente me faz feliz...
Preocupação com o que vestir? Sigam os conselhos da Rita, abram espaços nos armários e deixem gavetas livres, é uma sensação de leveza incrível! Depressa encontrarão o que vestir...Cremes disto e daquilo? Um, chega!
Não preciso de acrescentar mais nada, a Rita faz isso tudo muito bem, de uma forma excelente, clara e objetiva e eu revejo-me em tudo, tudo o que escreve e fico assim... sem nada a acrescentar... só hoje, vinha para dizer um olá, e fiquei-me... desculpem se fui repetitiva...
Beijinhos, Carla Bordalesa
Carla, gosto sempre imenso de ler os teus comentários! Gostava de ler mais...
EliminarSIm, Rita, a Carla escreve muitoooo bem! Adoro a forma como vive :)
EliminarSem duvida um excelente texto :)
ResponderEliminarAdoro os textos da Magda, as suas reflexões e formas de VER e SENTIR a vida.Às vezes questiono-me como será possível uma pessoa ver com tanta clareza e simplicidade as coisas, cheguei a duvidar se seria mesmo assim na prática, mas à medida que me tornei leitora assídua do "Mum's" comecei a perceber que é mesmo assim.As palavras da Magda são genuínas,transmitem sentimentos vividos e ajudam-me, ajudam-me muito.Obrigada
ResponderEliminarOlaré, que bela dupla!
ResponderEliminarè um prazer diário ler-vos a ambas!
obrigada às duas pela inspiração, pelas partilhas e pelos conselhos!
continuarei a ler-vos e a refletir nas vossas palavras... mais uma vez, obrigada a ambas!
beijos da costa alentejana, Xana