26/04/2013

A vida simples de pessoas reais - Ana

Sou a Ana e encontrei o blog da Rita no ano passado.

Sempre achei que a vida que queria não podia ser esta que muita gente teima que "deve ser" ou "tem de ser". Um trabalho das 9h as 18h, horário rígido, chefes intransigentes, pessoas deprimidas, falta de tempo para nós, para o casal, muito menos para os filhos...

Durante 10 anos fiz isto, tive esta rotina. Claro que no fim do mês, quando o salário chegava, era bom: podia passar férias onde me apetecesse, podia comprar o que queria, roupa, telemóveis, etc...mas a questão é que não era feliz!

Entretanto a minha filha nasceu em 2009 e muita coisa mudou. As prioridades são outras, o trabalho e o salário já não são o centro da minha vida. Precisei de mais tempo ainda, para cozinhar para a minha filha, para cuidar dela, para brincar com ela. Para não chegar a casa estafada, invariavelmente, sem vontade de coisa alguma. Para poder passar os fins-de-semana com a minha família, a passear, conversar, ver filmes...tudo o que nos faz sentir bem, em vez de ter de passar a ferro montanhas de roupa, limpar a casa, ir às compras ao supermercado!

Tudo isto me começou a deprimir ainda mais e percebi que este não era o caminho certo, não podia ser. Eu queria viver uma vida, não sobreviver a uma vida. E queria tempo, por mim e pela minha filha.

E assim fiz. Apontei todas as minhas despesas mensais. Calculei de quanto dinheiro precisaria para pagar contas e não me privar  de nada essencial. Percebi quanto dinheiro tinha gasto mal antes, quando tinha mais. Quanto dinheiro tinha desperdiçado só porque sim, só porque podia. Simplifiquei, destralhei, vendi tudo - ainda estou a vender - o que já não me fazia falta. Por exemplo, retirei dos meus armários muitos lençóis e toalhas que temos só porque sim, porque temos medo de deitar fora e perceber  depois que são necessários. Não são, nunca vão ser...e mesmo que venham a ser necessários, é muito mais fácil comprar novos para substituir os que usamos.

Em Janeiro deste ano pedi para passar a part-time e a empresa aceitou. Ainda me estou a adaptar aos horários mas desde logo noto que chego a sexta feira e não estou cansada! Não passo a semana a pensar "nunca mais é sexta"! Trato de tudo da casa no outro meio tempo que estaria a trabalhar, já consigo fazer exercício, ler, ter um pouco de tempo para mim, dedicar-me a alguns passatempos, ter tempo para aprender alguma coisa nova, preparar o jantar e estar completamente disponível para a minha filha e para o meu marido quando eles chegam. Os fins de semana também são passados sem obrigações nem stresses. Ainda não estou como gostaria. Ainda me falta ter a minha filha mais cedo, quando me apetecer, mas como só temos um carro eu fico sem forma de a ir buscar e os transportes publicos quase não existem. Também gostava de ter um negócio meu, que me permitisse pagar as contas, bastava isso, mas ainda estou a organizar as ideias e a tentar criar um blog.

De qualquer forma foi um passo que dei e foi para o melhor, pelo menos por enquanto.

Por vezes temos que arriscar e sair da nossa zona de conforto...só assim conseguimos crescer um pouco mais e procurar aquilo que nos faz verdadeiramente felizes.

Não tenham medo de arriscar, não desistam. Por vocês e pelos vossos filhos. Eles também merecem.

Ana


~

Queres participar? Envia-me um texto a contar a tua jornada em direcção a uma vida mais simples para o email rita (at) busywomanstripycat.com, com o assunto "guest post". Obrigada!

4 comentários:

  1. Adorei este post... Sigo este blog religisamente, e adoro todos os conselhos... e tambem adoro esta rubrica dos "casos reais". Este tocou-me mt particularmente, pois sinto isso mesmo, e queria isto mesmo para a minha vida: tornar o emprego em part-time. Será que posso entrar em contacto com a pessoa que enviou este relato? Peço que se puder, entre em contacto comigo:
    Claudia Rodrigues
    claudialeandra@gmail.com

    Obgda!

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  2. A ideia de tornar o emprego em part-time é muito boa: tanto para nós, porque temos mais tempo livre, como para o patrão, que diminui os custos com os recursos humanos. E muitas vezes a quantidade de trabalho que fazemos não diminui - como temos mais energia, conseguimos rentabilizar as horas de trabalho.
    Eu já o fiz uma vez, pedi para diminuir o horário de 8 para 6 horas e foi o melhor decisão que tomei. Temos apenas de ver se as nossas despesas permitem a diminuição do ordenado.
    Recomendo.

    O Caldeirão e a Colher de Pau

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  3. A Cláudia e a Ana já me inspiraram a fazer um post sobre o assunto no meu próprio blog. Quem quiser espreitar, está à vontade. :)

    O Caldeirão e a Colher de Pau

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Obrigada pelo comentário!

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