24/04/2013

Simplificar a vida, porquê?

Há tempos recebi um email de uma leitora que começou, com muita vontade e sucesso, a simplificar a sua vida. Dizia ela: "Porque eu decidi fazer isto: por estarmos cansados! Cansados de ter que comprar coisas para manter uma vida de muito trabalho, status e prazeres supérfluos."

É isto mesmo! Simplificamos porque estamos fartos das aparências, fartos do stress, porque queremos mais tempo, queremos mais descanso, queremos ser mais felizes. Uma vida mais simples é, sem dúvida, a solução para muitos dos problemas que nos afectam. 

Mas a importância das aparências ainda está tão enraizada na nossa sociedade (e nas nossas cabeças) que a maioria das pessoas continuam, como disse Clive Hamilton, a comprar coisas de que não precisam, com dinheiro que não têm, para impressionar pessoas de que não gostam.

Felizmente, muita coisa bem tem advindo das crises. Pode ser que com esta crise financeira, as mentalidades das pessoas (dos portugueses, porque no norte da Europa, por exemplo, as pessoas, muito mais ricas, cultas e evoluídas, a vários níveis, que nós, ligam muito menos às aparências) comecem também a mudar. 

É que não interessa mesmo nada se os nossos vizinhos têm carros xpto e vivendas com piscina e nós não. Os nossos vizinhos estão, provavelmente, afogados em dívidas. Nós, as pessoas que preferem uma vida mais simples, intencional e presente, somos mais felizes. E no fim, não é isso que interessa?

26 comentários:

  1. "as mentalidades das pessoas (dos portugueses, porque no norte da Europa, por exemplo, as pessoas, muito mais ricas, cultas e evoluídas, a vários níveis, que nós, ligam muito menos às aparências)"
    Isto é mesmo verdade. Estou actualmente a residir num país subdesenvolvido (Moçambique) e ao contrário do que muitos pensam, aqui liga-se MUITO mas mesmo muito às aparências. Brutos jipes, brutas casas, o estatuto é tudo. A arrogância e a falta de paciência para com o próximo é a prova disso.

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    1. acontece exactamente aqui no Brasil, onde vivo à 1 ano..... vivem para ter e mostrar que têm, mesmo comprando tudo a crédito e parcelado....

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    2. Infelizmente é assim mesmo na maior parte dos casos, mas já vejo um movimento na direção do que se lê aqui no blog. Menos é mais!

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  2. É mesmo isso, ser feliz é o mais importante! E no fundo toda a gente sabe isso... Só que as pessoas não param para pensar. Vivem numa correria e fazem aquilo que sempre fizeram e aquilo que é suposto. Para mudar mentalidades é necessário parar e reflectir, mas acredito que aos poucos a sociedade portuguesa lá chegará :) E acredita que a embaixadora do minimalismo em Portugal és mesmo tu! ehehe Obrigada Rita (não me canso de dizer)

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  3. Concordo plenamente! foi exactamente por isso que comecei a interessar-me pelo minimalismo!

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  4. "a comprar coisas de que não precisam, com dinheiro que não têm, para impressionar pessoas de que não gostam."
    Gostei! Grande verdade!

    Isabel

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  5. Lembrei-me de uma conversa que tive há uns dias om uma "amiga", a respeito das férias, do ter ou não dinheiro para "ir de férias".
    Ela dizia que não fazendo isto e aquilo e abdicando de aqueloutro, conseguia ir 1 semana de férias para fora, pois bem, eu prefiro os meus "pequenos luxos" 365 dias por ano, que fazer 1 semana de férias paradisíacas....
    É mais importante mostrar as fotos das férias, ou a tranquilidade que nos proporciona poder pagar a natação todos os meses? (por ex)

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    1. nada contra, mas eu sou daqelas q me compensa mais tirar uns dias "noutro planeta" e esqecerme do mundo do q ter os luxos diarios, mas atençao, digo luxos diarios tais como tomar cafe fora ou assim, pq o desporto por exemplo esta nas despesas fixas, o dinheiro q coloco de parte todos os meses pra cuidar da saude e afins esta nas fixas e nunca nos luxos

      (sei q se calhar o meu comentario ta um pouco confuso)

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  6. Rita
    como eu te entendo!
    Penso exatamente assim. Principalmente no que diz respeito a bens materiais, fazemos compras apenas quando necessitamos da coisas e não pelo puro prazer de comprar. Muito menos, comprar porque o vizinho tem. Adoro ter as minhas contas em dia e só com uma mentalidade assim, se consegue viver em paz. Para quê ter casa com piscina se depois não tem tempo para a usar, ou não tem dinheiro para a manter em condições (sim, porque a manutenção é caríssima).
    Quando quero, ou quando posso, vou à piscina, pago a utilização e não tenho mais custos.
    Quanto mais não vale ter uma vida simples do que viver de aparências...
    tenho acompanhado o teu blogue. Não sou tão minimalista como tu, mas a nossa vida cá em casa também é muito simples e bastante económica.
    Beijinhos

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  7. Absolutamente de acordo Rita. Sem dúvida.
    Beijinho

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  8. A pessoa até quer, mas depois o cérebro foi programado socialmente para dar atenção a essas coisas supérfluas... e o conflito interno instala-se. É todo um trabalho de mudança de hábitos físicos e mentais!

    :)

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    1. identifico.me com este comentário. nao saberia dize-lo melhor!!

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  9. O que é que a tua leitora quer dizer com "prazeres supérfluos"? Viajar para poder espairecer as ideias depois de jornadas medonhas de trabalho cai nessa categoria? Da forma como expões as coisas parece que devemos remeter-nos a uma vida de casa > trabalho > casa e pouco mais. Como é que alguém pode ser verdadeiramente feliz sem expandir os horizontes, sem experienciar coisas novas?

    Acho que não há nada de mal em almejar mais do que uma vida simples, acho que não há nada de mal em investirmos em coisas que nos trazem prazer e nos façam sentir recompensados da vida dura que levamos.. se achas que as pessoas à tua volta fazem isso por causa das aparências tens bom remedio, ignora-as :)

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    1. Isa, já várias vezes escrevi no blog que o minimalismo é identificar o essencial e eliminar o resto. A maravilha da coisa (e também a fonte de confusão para muitas pessoas) é o conceito de essencial. O que é essencial para mim ou para essa leitora não é o mesmo que é para ti. Eu nunca escrevi nem insinuei que devemos remeter-nos a uma vida casa-trabalho-casa e pouco mais. Aliás, quando falo em simplificar a vida para termos mais tempo, é exactamente termos mais tempo para experimentar coisas novas e expandir os horizontes, como dizes.
      Pelo que escreveste, parece-me que a tua ideia de vida simples é uma vida austera - o que está errado. Já escrevi demasiados posts sobre este assunto e não me vou alongar mais, mas em relação à minha própria vida, que é uma vida simples, ela não é dura - eu simplifiquei-a de maneira a ter uma vida leve e descansada, eliminando o que não me interessava, para ter mais tempo para o que gosto. Não sei se quando falas em investir em coisas que nos trazem prazer falas em investir dinheiro a comprar coisas, mas lá está, para umas pessoas pode ser importante comprar coisas e para outras é mais importante investir tempo em experiências e não em coisas. Cada um sabe de sim, e desde que sejamos felizes e façamos coisas por nós e não só para mostrar aos outros, está tudo bem...

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    2. O meu ponto não é bem esse, da vida simples ser sinónimo de vida austera, mas sim, quando a vida é demasiado simples, torna-se.. meh!
      Parto do meu exemplo, a minha vida está tão simplificada que por vezes torna-se aborrecida, é por isso que sempre que posso faço algo de diferente. Então invisto em coisas que me deixam feliz e realizada, tipo passear ou dedicar-me à fotografia. E essas coisas têm os seus custos, mas sinto que ao investir neles, estou a investir em mim. E não há - e nem deve haver - nada de mal nisso.

      Só acho que não vale a pena estarmos sempre a tirar as medidas à galinha da vizinha, e os teus posts batem muitas vezes na história das aparências, quando isso nem sequer devia fazer parte da equação.

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    3. Bem, acho que identificar o que é supérfluo e o que é prioridade, como já falastes várias vezes e em diversos posts, é um princípio do minimalismo. E concordo com a Isa, quando comenta que seus post (Rita) batem na tecla da aparência, mas vejo isto como positivo, pois percebo (vejo, trato, observo) as pessoas fazendo as coisas, pois precisam manter uma aparência. E nem sempre percebem o que é prioridade ou não. Acredito que quando você (Isa) identifica que investir na fotografia é investir em ti, é fascinante, pois tu gosta disto...e não o fazes por aparência, ou moda. Pra mim isso é simples, e por isto mesmo difícil!!

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    4. Tenho que admitir que fiquei surpreendida por duas leitoras dizerem que os meus posts batem muito nisto das aparências, pois tinha a sensação que nem falo muito disso. Fui ver e, além deste, são mais 3 os posts em falo das aparências, por isso não me parece que esteja sempre a bater nesta tecla. E num deles até foi para falar sobre a minha vida (quando me deixei de preocupar com as coisas e as aparências).

      Seja como for, a preocupação das pessoas com as aparências, com os que outros pensam, é real. Eu já fui assim. Escrevi num dos meus ebooks que há uns anos preferia andar num dos nossos carros, de marca boa, do que no outro, de marca mais rasca. Felizmente, deixei de me preocupar com isso, mas o que vejo à minha volta é que as pessoas preocupam-se e muito com o que os outros pensam e com o que os outros têm - e como é que essa comparação constante pode trazer felicidade a alguém?

      Isa, a mim não me interessa minimamente tirar as medidas à galinha da vizinha e não me interessa se os outros o fazem: o problema é deles. No entanto, sei que o que escrevo neste blog já influenciou e espero que continue a influenciar muitas pessoas a fazerem mudanças positivas nas suas vidas. Portanto, sinto que devo continuar a falar sobre assuntos que para mim até podem estar resolvidos (como isto das aparências), mas para outras pessoas não. Até porque foi a ler sobre isto noutros blogs que eu percebi que era uma parvoíce preocupar-me se era vista num carro bom ou num carro piorzinho...

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  10. Disse tudo Rita! O que é essencial para ti pode não ser para mim, e o importante realmente para se ter uma vida mais simples, é conseguir identificar o essencial e eliminar o resto!

    Quando me questionam sobre minhas renuncias, sempre digo: Para cada escolha uma renuncia... Não se pode ter tudo, já tenho essa questão muito resolvida na minha vida simples! Amo tudo que tenho, principalmente o " tempo livre" que consegui, depois de me desfazer de todo o supérfulo (para mim) , desde o mais simples como objetos e móveis, até o mais complexos como os relacionamentos com falsas amiizades.

    O importante é ser feliz, e eu sou mais feliz agora! O importante nessa vida é a vida que se leva!

    Adorei o post... Bjs

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  11. Ah, que delícia Rita, como sempre!! Muito, muito obrigada... Eu conheço esta frase, rs,rs Bjs, com carinho do sul do Brasil, Telma

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  12. Oi Rita, isso mesmo! Também amei a frase, infelizmente muito verdadeira.
    O que eu sinto é que dizer não às aparências é viver nadando contra a maré, porque tudo gira em torno do consumismo. Hoje mesmo estava no meio de uma conversa onde a pessoa falava sobre comprar e comprar e eu me sentindo numa realidade totalmente paralela!
    Abraço

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  13. Muito bom o post e todas as discussões que vieram dele, me fizeram pensar!

    Realmente é muito relativo e acho que cada um tem uma ideia do que é essencial para si e para sua vida!

    É uma busca mesmo, e constante!

    Adorei a frase!

    Abraços!

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  14. Sim, infelizmente muita gente vive de aparências.. E como diz a Bruna logo aqui em cima, dizer não a isso é viver nadando contra a maré. Acho que é próprio do ser humano querer se destacar de alguma forma, querer que seus pares o considerem capaz e vitorioso. Temos é que incentivar formas de fazer isso sem ser através do consumo vazio. Temos que mostrar, aos nossos vizinhos que tem o carro do ano, o quanto é bacana, o quanto é "cool" andar de bicicleta. Para a minha amiga que tem uma centena de sapatos, posso demonstrar que meus 3 All Star são modernos e marcam o meu estilo pessoal.
    E como bem disse a Rita, o que é importante para um não o é para outro. Eu gosto de viajar, poupo todos os meses para a viagem de férias anual, e não faço isso para mostrar as fotos depois. É que realmente me faz bem!

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  15. Abri outro coment, apenas para sair em defesa dos portugueses! Então os vizinhos do norte são mais ricos, cultos e evoluídos, hã? Mais ricos sim, é fato. Mais cultos e evoluídos, tenho sérias dúvidas.. Considero os portugueses, em sua maioria, poupados e previdentes. Valorizam o trabalho, o esforço pessoal, tem a família em grande conta, tem amor a seu país. É um povo de boa paz. E ainda por cima, ah, como se come bem em Portugal! Se come e se bebe...:)
    Perdoe-me, Rita, mas tinha que dar minha opinião! Opinião insuspeita, diga-se, já que sou brasileiríssima, e não tenho ascendência portuguesa.

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    1. Muito obrigada pelos elogios aos portugueses!! Mas no norte da europa as pessoas são bem diferentes. Por um lado, são mais frios, são menos emotivos que nós, mas lá que são muito mais civilizados, isso são. Por exemplo, na Alemanha (pelo menos norte da Alemanha, que é o que eu conheço melhor), é impensável atravessar a estrada sem ser na passadeira e se estiver vermelho para os peões, mesmo que não venha nenhum carro - eles ficam pacientemente à espera do sinal verde para atravessar. E apesar de os grandes carrões serem todos da Alemanha, cá em Portugal vêem-se muitos mais carros desses do que lá - lá é mais bicicletas... Lá é normal levar-se o almoço para o trabalho, seja um mero aluno ou um professor catedrático (isto no instituto onde eu estive). Cá, daria muito mau aspecto um professor levar a marmita para o trabalho... São alguns exemplos, mas no norte da europa as pessoas são mesmo mais evoluídas... Nós, para compensar (sobretudo no sul de Portugal), temos um Sol maravilhoso e tempo bom quase todo o ano!! ;)

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Obrigada pelo comentário!

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