14/06/2013

A vida simples de pessoas reais: Katiane


Assim como boa parte dos seus leitores, vim parar aqui por um link ou um comentário publicado em algum blog. Desde então, comecei a seguir o Busy Woman. Ler os seus posts me "despertaram" de alguma forma para o minimalismo, que eu já praticava de um jeito primitivo e meio intuitivo.

Algumas coisas eu já fazia, como organização dos e-mails importantes em pastas, deixando na caixa de entrada somente e-mails que ainda não foram devidamente tratados. Depois que comecei a ler o blog, iniciei uma limpeza geral, destralhando ainda mais e apagando e-mails desnecessários. Depois foi a vez da limpeza nos meus contatos. Primeiro do facebook, depois dos e-mails, depois no telefone celular. Desta forma, sei exatamente onde procurar quando eu precisar de alguma informação. Mas não serve de nada ter o telefone residencial de um colega com quem não falo há anos, tendo certeza que ele já não mora no mesmo endereço.

Sobre destralhar a casa. Aprendi cedo a destralhar e a guardar somente o essencial. Ao longo dos últimos anos eu me mudei várias vezes, sempre para apartamentos pequenos, de estudante. E percebi uma coisa que me deixou chocada: a cada 6 meses (tempo entre duas mudanças), eu acumulava tralha suficiente para encher uma mala grande (daquelas grandonas, que quando cheias podem pesar mais de 30kg). E isto era somado ao que eu possuía antes.

Então, para tornar a mudança possível, fui obrigada a destralhar antes de cada mudança.

E para mim destralhar significa: arrumar os documentos em pastas de cores diferentes de acordo com o tema:  faturas de objetos importantes (garantia de computador e telefone celular, por exemplo), documentos de viagem, papéis de banco, papéis relativos à saúde, papéis relativos à casa (quitação de aluguel, de contas de luz, etc.). E jogar fora todo o resto.

Destralhar para mim também inclui uma arrumação no armário: em cada cidade eu encontrei um lugar onde eu pudesse deixar minhas roupas e sapatos sem uso. Algumas vezes eu entrei em contato com associações caritativas, e as pessoas vieram até a minha casa buscar os sacos. Descobri que algumas vezes eu colocava no saco de doação roupas ainda com etiqueta, que eu nunca tinha usado! Ou ainda sapatos que eu usei uma vez e descobri que me incomodavam, sem nunca mais voltar a usar. E isso me alertou a ter mais cuidado na hora de comprar.

Hoje eu compro peças de roupas para substituir as que eu uso habitualmente. Compro um jeans novo quando eu noto que um outro está rasgado. Ou sapatos novos quando os que eu tenho se abrem e meus pés ficam molhados na chuva. E sempre com atenção, vendo se eu vou realmente usar o produto, se ele é adequado ao meu corpo, e se ele combina com outras peças de roupa que eu tenho.
Claro que ainda compro coisas por impulso, porque acho bonito. E depois tento encontrar uma ocasião para usar a peça e não acho. Mas noto que este tipo de atitude está diminuindo.

Outra coisa que me tocou foi o seu post sobre os presentes materiais. De Natal, aniversário, dia das mães, dia dos namorados. Eu e meu namorado (ele também tem algumas tendências minimalistas, mesmo sem saber) praticamente abolimos os presentes materiais nas datas comemorativas. Agora fazemos um passeio juntos, visitamos uma cidade próxima, um parque diferente, vamos ao restaurante, ou eu faço um jantar especial.

E isto também se reflete nas nossas atitudes com os outros. Mas nem sempre este esforço é bem percebido. Lembro que no ano passado a minha mãe veio me visitar, e passamos o dia das mães juntas. Fizemos uma viagem por Portugal (moro na França), e voltamos no dia das mães. Eu preparei um almoço especial, mas não comprei nenhum presente material. Ela ficou chateada, triste, chorou e tudo. Ela esperava um presente material. Nem que fosse uma "lembrancinha", daquelas que a gente esquece num canto para encher de poeira. Mas a lembrancinha não veio. Depois disso conversamos muito, e ela percebeu que o maior presente do dia das mães foi a viagem, e eu ter tirado uma semana de folga para ficar com ela, passeando e conhecendo lugares diferentes. Ainda assim, no final da viagem ela ainda me fez comprar uma blusa nova para lhe dar de presente. Uma "lembrança" da viagem.

Outra coisa que eu mudei depois que comecei a ler o seu blog foi a minha forma de lidar com os exercícios físicos. Antes, eu pagava uma academia de ginástica, que eu frequentava (quando muito) uma vez por mês. Resolvi deixar de pagar e fazer exercícios em casa. Com o dinheiro de uma mensalidade, comprei uma bicicleta ergométrica. Quando faz sol, vou correr (é de graça). Quando chove, ou eu não tenho tempo, faço exercícios na bicicleta em frente à TV, ou vendo algum filme ou reportagem no computador. Hoje em dia sou muito mais assídua e tenho mais prazer fazendo os exercícios (principalmente correr).

Também limitei o número de produtos de higiene pessoal que eu uso. Antes eu tinha vários tipos de xampus, outros tantos de condicionadores, cremes hidratantes de todos os tipos e perfumes. No ano passado eu desenvolvi uma alergia aos cremes hidratantes. Joguei tudo fora, hoje eu uso óleo de macadâmia orgânico/biológico para o rosto e para o corpo, um só tipo de xampu e condicionador, sabonete do mais simples possível, sem fragrância.

Esta mudança afetou também a minha alimentação. Gradualmente, eu reduzi o consumo de alimentos transformados. Hoje eu prefiro passar mais tempo cozinhando comidas de verdade do que a passear em shoppings, e mesmo a comida de boa parte dos restaurantes (comida congelada, aquecida no micro-ondas) não me apetece mais.

Daqui a algumas semanas tenho mais uma mudança pela frente, e o espaço que eu vou ter é menor do que o atual. Vou ser mais uma vez "forçada" a destralhar. Mas pelo o que eu percebi, o destralhamento virou um hábito em mim. Já estou começando a colocar roupas e outros artigos em bom estado em sacos para doação. Os livros serão os próximos da lista.


O mais importante de tudo isso é que eu percebi quanta energia, tempo e dinheiro eram gastos com coisas sem importância. Hoje eu consigo canalizar minhas prioridades para coisas que eu valorizo e que eu realmente aprecio. Isso é o que eu chamo de melhorar a qualidade de vida. Mas percebi também que esta mudança é algo interno, íntimo mesmo, e que nem sempre as pessoas ao redor entendem.


Rita, obrigada pelo blog e por nos incentivar nesta transformação.

Katiane, Ajustando as velas


~

Queres participar? Envia-me um texto a contar a tua jornada em direcção a uma vida mais simples para o email rita (at) busywomanstripycat.com, com o assunto "guest post". Obrigada!

1 comentário:

  1. Obrigado pelo magnífico post!
    Por estes dias também tenho de tratar de umas arrumações cá por casa!

    Bjs

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Obrigada pelo comentário!

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