Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2003
Minimalismo s.m. tendência para simplificação e redução dos elementos constitutivos de (algo); princípio de reduzir ao mínimo o emprego de elementos ou recursos.
Minimalismo e vida simples são dois conceitos parecidos, mas diferentes. Muitas vezes os dois conceitos são usados como sinónimos (incluindo por mim própria), mas há diferenças subtis entre eles.
Uma vida simples é desprovida de excessos e caracterizada pela despreocupação em relação ao “quanto mais melhor” (ou o keeping up with the Joneses, que é uma expressão que eu adoro). Motivos financeiros, ecológicos, religiosos, espirituais e de saúde podem conduzir a uma simplificação intencional da vida. A tomada de consciência em relação aos perigos do consumismo e do materialismo levam também a uma recusa em viver com excessos e coisas desnecessárias. Uma vida simples começa com a eliminação da tralha que temos em casa e continua com a poupança de dinheiro, comportamentos mais ecológicos, valorização das experiências e relações em vez dos bens materiais e, no geral, com o viver a vida de forma mais sustentável.
Tudo isto é minimalismo também. Uma vida minimalista é desprovida de excessos, é frugal e sustentável. Mas o minimalismo vai mais além. O minimalismo pode ser encarado como uma extensão da vida simples. Não é só livrarmo-nos das coisas, da tralha que temos nas nossas casas. É livrarmo-nos da tralha mental, eliminarmos as distracções, recusarmos deliberadamente tudo aquilo que nos afasta dos nossos propósitos e mantermos apenas o que é essencial. O objectivo é simplesmente focarmo-nos naquilo que realmente é importante para nós. Mas o essencial e o que realmente é importante variam extraordinariamente de pessoa para pessoa.
De facto, uma definição objectiva de minimalismo e vida minimalista não é assim tão simples e muito menos universal. Minimalismo tem diferentes significados para diferentes pessoas. E provavelmente a maior parte das pessoas nem nasceu para ser minimalista. É uma mudança drástica no estilo de vida, mas tirando o conhecido blogger Ev Bouge, não se conhecem casos de minimalistas que tenham desistido de o ser.
A Sara aponta ainda uma diferença assaz divertida (e verdadeira). As pessoas que optam conscientemente por uma vida simples não se auto-intitulam “simple livers”, ao passo que os minimalistas gostam de dizer que são minimalistas e usam essa palavra como parte da sua identidade.
Mais leituras (em inglês):
Simple living vs. Minimalism by Sara Rauch
On minimalism by Leo Babauta
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Minimalism and simple living are two similar, yet different concepts. This two words are often used as synonyms (including by myself), but there are subtle differences between them.
A simple life is stripped of excesses and is characterized by a nonchalance attitude toward keeping up with the joneses. Financial, environmental, religious, spiritual and health reasons may lead to an intentional simplicity of life. Becoming aware of the dangers of consumerism and materialism may also lead to a conscious refuse of living with clutter and unnecessary stuff. A simple life starts with a thorough decluttering and continues with saving money, becoming more green, valuing experiences and relationships over things and, overall, living a more sustainable life.
All this is minimalism. A minimalist life is stripped of the excess, is frugal and sustainable. But minimalism goes a step further. Minimalism can be seen as an extension of simple living. It is not just about getting rid of clutter in our homes. A minimalist also says no to mental clutter, eliminates all distractions and refuses everything that keeps him away from his purposes. The goal is simply to focus only on the essential. But the essential varies tremendously between individuals.
Truthfully, a thorough definition of minimalism and minimalist living is not that simple, let alone universal. Minimalism has different meanings for different people. And, probably, most people were not born to become minimalists. Minimalism represents a drastic lifestyle change, but besides the famous Ev Bouge, I’m not aware of other people that have given up on being minimalists…
Sara Rauch points out a funny and true difference between minimalism and simple living. Minimalists like to call themselves that and use that word as part of their identity, whilst advocates of simple living don’t go around calling themselves “simple livers”…
More readings:
Simple living vs. Minimalism by Sara Rauch
On minimalism by Leo Babauta
O minimalismo, de tão simples que é, parece-me um conceito mais complexo. Mas posso inspirar-me nesse estilo de vida para mais facilmente simplificar o meu próprio estilo. Acho muito importante o desapego em relação aos bens materiais, ao consumo excessivo e a todas as distrações que nos roubam tempo, para que possamos ser pessoas mais despreocupadas e felizes.
ResponderEliminarParabéns pela decisão de abraçar o minimalismo como modo de vida. Será uma caminhada um pouco complicada algumas vezes, mas será recompensador a maioria das vezes.
ResponderEliminarEu não posso considerar que tenha me tornado minimalista, uma vez que nunca fui consumista. Sempre fui demasiado consciente do que adquiria/consumia, ao ponto de me andarem sempre a chamar forreta. Nunca aderi à loucura consumista que assolou o mundo a partir dos anos 80. Ou seja, chego à conclusão que sempre fui minimalista...
De qualquer modo, bem vinda ao consumo consciente, aos comportamentos ecológicos, e a uma vida mais feliz:)))
Bjs