Tenho recebido comentários a louvar e a criticar o sistema de pontos para crianças que descrevi aqui.
Depois de ler novamente o post, acho que não devo ter explicado bem o método.
Nos dois extremos temos:
- dar mesada, independentemente do comportamento dos miúdos
- não dar mesada, independentemente do comportamento dos miúdos
Eu não sou extremista e portanto nenhuma das opções me agradava.
Os meus filhos têm tarefas que são obrigatórias. Eles têm que se despachar de manhã, têm que fazer a cama, têm que arrumar o quarto, o mais velho tem que fazer os trabalhos de casa, e têm que nos ajudar com a lida da casa. Eles fazem essas tarefas independentemente de tudo o resto. Independentemente de terem mesada ou não.
Mas eu queria dar-lhes mesada, para eles aprenderem a gerir o dinheiro. Mas não me sentia bem a dar-lhes dinheiro independentemente do seu comportamento. Portam-se mal e a seguir levam mesada?? Nem pensar!
Assim, e como escrevi no post, eles ganham os pontos se completarem as suas tarefas sem refilar e de boa vontade. Se fizerem as coisas sem que eu tenha que andar atrás deles para eles as fazerem.
É um compromisso entre os dois extremos. Entre não dar nada ou dar tudo. Entre não terem recompensas nenhumas pelo seu bom comportamento ou terem tudo sem se esforçarem para isso. Não concordo com nenhum destes extremos.
Os miúdos assim percebem que 1) o dinheiro não cai do céu, 2) o dinheiro custa a ganhar, 3) o dinheiro tem que ser gerido da melhor forma. O dinheiro que eles recebem não é todo para eles gastarem, como expliquei; uma parte é para poupar, outra parte é para solidariedade. E se isso lhes incute um "sentimento de interesse", mas se o dinheiro que ganharem quando forem adultos for gerido desta forma, com poupanças e doações, olhem, a mim não me chateia nada!
E por fim, acho que o mais importante é os exemplos que os miúdos têm em casa. Os meus têm um pai e uma mãe que não escolheram as suas profissões pelo dinheiro. Escolheram fazer aquilo que gostam e que lhes dá prazer - eu sou investigadora, sem direito a subsídio de férias, natal e mesmo desemprego, e com um ordenado baixo para as habilitações e responsabilidades que tenho. E todos os dias acordo com vontade de ir trabalhar, ao contrário da maioria dos Portugueses. E adoro o que faço e não me queixo, ao contrário da maioria dos Portugueses. E é este o exemplo que os meus filhos têm. Estarei eu preocupada com a possibilidade de os meus filhos se tornarem demasiado gananciosos e só queiram ganhar dinheiro? Nadinha.
E por fim, acho que o mais importante é os exemplos que os miúdos têm em casa. Os meus têm um pai e uma mãe que não escolheram as suas profissões pelo dinheiro. Escolheram fazer aquilo que gostam e que lhes dá prazer - eu sou investigadora, sem direito a subsídio de férias, natal e mesmo desemprego, e com um ordenado baixo para as habilitações e responsabilidades que tenho. E todos os dias acordo com vontade de ir trabalhar, ao contrário da maioria dos Portugueses. E adoro o que faço e não me queixo, ao contrário da maioria dos Portugueses. E é este o exemplo que os meus filhos têm. Estarei eu preocupada com a possibilidade de os meus filhos se tornarem demasiado gananciosos e só queiram ganhar dinheiro? Nadinha.
Gostei muito deste sistema dos pontos. Vou tentar implementá-lo com os meus miúdos mais novos (o mais velho já vai a caminho dos 18 anos e o método usado é outro). Concordo plenamente com o teu penúltimo parágrafo.
ResponderEliminarObrigada pelas tuas ideias. É certo que não consigo seguir algumas delas, mas existem muitas que, confesso, facilitam muito o dia-a-dia.
Olá Ria,
ResponderEliminarQuando li o teu post a respeito dos pontos achei uma ideia interessante, mas ao comentar o assunto com o V (o pai dos meus filhos) ele não concordou, pelo mesmo motivo que li em alguns comentários. Ele não concorda que os miúdos sejam recompensados monetariamente por realizarem tarefas como fazer a cama ou os tpc´s. Temos que arranjar uma solução que agrade a todos.
Os miúdos podem ter o feitio deles, a sua personalidade, mas o exemplo que observam todos os dias é muito importante. Os meus fazem algumas vezes referência à mota do pai do colega, à consola portátil do amigo ou à semanada que o colega recebe, e eu limito-me a explicar o porquê de certas opções que fazemos. E eles entendem. E muitas vezes pergunto: Para que te serve isso? E gosto de ouvir a resposta que me dão. E é o que me importa :)
É assim mesmo!
ResponderEliminarGostei imenso do que li e concordo em absoluto. Bom fim de semana
ResponderEliminarOlá Rita.
ResponderEliminarOlha revejo-me muito no último parágrafo que escreveste. É que apesar de ter uma licenciatura, não trabalho na minha área. Acabei por continuar a dar explicações porque sou muito feliz assim, faço aquilo que adoro (lá está, acordo sempre bem disposta para o trabalho), posso dedicar tempo ao meu filhote (o melhor de tudo), e agora estou dedicada a outro projecto que adoro, de coração. Não tenho um ordenado por ai além e tal como tu não tenho as vantagens que falaste mas sou muito feliz assim e é sem dúvida isso que quero transmitir ao meu filhote. O facto de querermos ter uma boa vida não passa necessariamente por ganhar mais dinheiro. Infelizmente ter uma boa vida, para muitas pessoas, ainda significa ter muitas coisas...
Bjs,
Anabela
(Espero poder tratar-te por tu. Ah e estou a amar o blog)
Vou voltar a comentar pois apesar de ter o meu método gosto deste. Nós optamos pelo calendário pois aqui em casa, além do levantar-se e fazer as sua obrigações o meu filho tem uma tarefa diária que é tratar dos seus animais de estimação (Cadela e Gata) mas que antes deste método esquecia-se com muita frequência e o pai irritava-se constantemente pelo facto de ter que recordá-lo desse seu dever. Gosto do sistema da Rita mas tb não desgosto do nosso aqui utilizado e o que torna isto interessante é esta partilha de ideias e se podemos melhorar melhor ainda. Os meus parabéns! É raríssimo encontrar pessoas que gostem do que fazem li há pouco tempo algo do género: "Trabalhe em algo que realmente goste e jamais precisará trabalhar na vida" Nesse ponto sinto-me privilegiada estudei tenho as minhas habilitações aprendi sempre quando tinha que aprender nos sítios aonde trabalhei e depois de sentir segurança aventurei-me e tenho a minha empresa e adoro o que faço, comecei e logo a seguir a crise arrebentou mas ainda cá estou e adoro o que faço pois teria sido mais fácil ter desistido. Neste momento apesar desta grande crise sinto confiança e alento olho para trás e vejo que as dificuldades não me derrubaram fortaleceram-me pois todos sabemos que surgem contrariedades todos os dias e para a frente é que é caminho. (desculpa este discurso) mas senti satisfação em alguém dizer peremptoriamente de que gosta do seu trabalho! Felicidades - Sílvia
ResponderEliminarObrigada por partilharem as vossas ideias!
ResponderEliminarAnabela, claro que sim!