14/06/2018

Partilhar a vida pessoal online - a minha opinião

Acabei de ler este post da Lénia e lembrei-me de um comentário que deixei há muitos anos no blog da Astrid, precisamente sobre a partilha da vida pessoal nos blogs. 

A Lénia diz que a sua vida pessoal tem pouquíssimo interesse. A Astrid refletia sobre a partilha da sua vida pessoal no blog e perguntava-nos o que é que achamos fascinante na vida das outras pessoas. E eu respondi assim à Astrid isto foi em agosto de 2011!!!):

I also love to see how other people live, for many reasons. For instance, I like to read about other people's daily routines, their thoughts and ideas about living and everyday issues, how they plan their lives, how they decorate their homes... The purpose of that is basically to get inspired and thus improve my own life... 


My life has indeed changed so much (for the better) when I started reading blogs - if you remember, you inspired me to leave my car at home and walk to work! Other blogs have influenced me in so many good ways! Here are some changes I made inspired by other people I met online: I started to sew, I got into the crafting world, I opened an Etsy shop, I started to take control of my finances, I became much more organized (both at home and at work), I finaly discovered my style, in terms of fashion and home decor, I started taking more pictures (inspired by you) and bought a nice camera, I rediscovered shooting film and my dad's old Nikon camera (also inspired by you), I'm in the process of becoming an early riser, and overall, I believe I became a better mum and wife.


So, yes, getting a glimpse into other people's lives made my life much better. 


As for my own blog and sharing my life online, I obviously only share a small part of it - an edited version, as you put it. Why, because many times life is too ordinary, or there isn't enough time to write and take pictures of the interesting parts... Anyway, the best comments I get on my blog are those saying "you have inspired me to do this" - because that's precisely how I feel reading many other blogs - such as yours. So, if I can inspired just one person to improve their life just a tiny bit, I'd be happy! 

A minha opinião continua a ser esta. Eu gosto de olhar para a vida das outras pessoas (não de todas, obviamente), porque me inspira! As pessoas inspiram-me a fazer melhor, a lutar pelo que quero, a mudar o que está mal. Desde que comecei a ler blogs, penso que no verão de 2009, a minha vida mudou consideravelmente. Vi o que estava mal, o que estava bem, vi como é que as outras pessoas fazem as coisas e vi como posso aprender com os outros e fazer alterações positivas na minha vida.

Eu não descobri a pólvora! O que descrevo aqui é, simplesmente, a aprendizagem social. A aprendizagem social é uma das formas que nós usamos para aprender, por observação de um modelo (ou seja, de outra pessoa). Além de usarmos a aprendizagem social no dia a dia, muitas vezes sem nos apercebermos, esta é uma técnica que também é usada em psicoterapia, quando se quer mudar um comportamento, através da observação e imitação de um modelo que é competente no comportamento alvo.

Além disso, acho que as pessoas são interessantíssimas! A nossa personalidade, as nossas motivações, os nossos comportamentos, tudo isso me fascina (ou não tivesse eu ido estudar psicologia). Por isso, Lénia, não digas que a tua vida pessoal tem pouquíssimo interesse. Podemos achar isso da nossa vida, mas podemos ser uma fonte de inspiração para outras pessoas - o modelo que outra pessoa vai usar para mudar algum comportamento. Compreendo que não devemos e não podemos partilhar tudo da nossa vida, obviamente! Mas, como escrevi à Astrid, o que apresentamos online é uma versão editada da nossa vida. Não é preciso partilhar todos os podres ou todas as alegrias. Às vezes basta uma frase, ou uma foto, para acender a luz na cabeça de outra pessoa - e assim fazer toda a diferença na vida de alguém.


09/06/2018

Psicólogos e pseudoterapeutas - a minha opinião

Sendo praticante de yoga, sou também alvo de muitos estereótipos. As pessoas assumem que sabem como eu sou ou até como deveria ser.

Que eu gosto das "terapias" alternativas e new age, que eu gosto de velinhas, incenso e aromaterapia, que devia usar medicamentos homeopáticos, que devia ser vegetariana ou mesmo vegan, que gosto de lugares calmos e silenciosos, que comecei a fazer yoga para aliviar o stress e a ansiedade... por aí fora. Estas foram algumas que já ouvi.

Só para esclarecer, gosto de incenso, sim. 

Não uso medicamentos homeopáticos. Tiram-me o paracetamol, tiram-me tudo!

Gosto de lugares calmos e silenciosos como qualquer pessoa. Às vezes são precisos. Mas a verdade é que adoro viver na cidade, ter tudo à distância de alguns passos, ver e ouvir carros e pessoas na rua. 

Como carne, adoro e não pretendo parar. Fui vegetariana durante 3 meses e desisti. O meu sistema gastrointestinal não aguentou.

Comecei a fazer yoga porque me apeteceu, não por causa do stress e ansiedade, coisas de que nunca sofri muito, felizmente.

Mas onde eu queria chegar é aqui. Não gosto de "terapias" new age, que passam cá para fora como tendo uma base científica, quando na verdade não passam de pseudociência, que usurpam e deturpam a ciência. A física quântica, por exemplo, agora é (mal) usada para justificar tudo e mais alguma coisa. Por favor... Sendo cientista, tendo anos e anos e anos de estudos em duas áreas da ciência (biologia e psicologia), vejo com maus olhos o bloom de terapeutas disto e daquilo que hoje se vê por aí. Tiram cursos da farinha amparo, aprendem umas coisinhas de psicologia (os psicólogos a sério têm no mínimo 6 anos de formação) e ficam habilitados a fazer terapia?? A lidar com pessoas que podem ter psicopatologias sérias?? A usar mambo-jambo, conversas e conceitos confusos, que não se entendem (se calhar o objetivo é esse), para explicar os problemas das pessoas? Para dar conselhos às pessoas?? Pessoas sem formação de base em psicologia, ou noutra área da saúde, são terapeutas familiares, terapeutas de casal, terapeutas emocionais?? 

O reverso da medalha. Lá um por um psicólogo ser psicólogo, ou até psicoterapeuta (que implica ainda mais anos de formação), não quer dizer que seja bom profissional. O mesmo para os pseudoterapeutas. E um pseudoterapeuta pode até ser mais empático, ter mais competências interpessoais, de comunicação, etc. que um psicólogo cheio de diplomas. Há pessoas e pessoas, claro.

Mas, do que tenho visto por aí, a maioria é treta. Pseudociência, pseudoterapeutas. Cursos rápidos e caros, diploma na mão, com o qual se pode depois ganhar dinheiro fácil. 

A sério, por favor, se têm um problema que vos causa um mal-estar significativo, que afeta o vosso dia a dia - vão ao psicólogo. Podem não acertar no psicólogo à primeira, pode não se estabelecer aquela aliança terapêutica que é fundamental no processo, mas o psicólogo é o profissional de saúde a consultar. As técnicas usadas são validadas empiricamente, sabe-se que funciona. É mais caro, sim, há falta de psicólogos no SNS, sim, mas estamos a falar da nossa saúde. É um investimento que vale a pena. Não queiram curas rápidas, milagrosas, porque essas não existem. A sério, psicólogo. 

E era isto que eu queria dizer hoje. 
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