14/06/2022

Já não sou madrugadora - e ainda bem!


Ser madrugadora fazia parte da minha identidade.

Fartei-me de escrever sobre isso aqui no blog. Escrevi sobre estratégias para adormecer mais depressa,  partilhei métodos para acordar mais cedo, justifiquei-me por ser madrugadoraquestionei as 8 horas de sono, admiti a minha inveja das pessoas que precisam de dormir menos... Enquanto madrugadora assumida, apareci na revista Sábado e na Visão, e até criei um grupo no Facebook para madrugadores.

Ser madrugadora permitiu-me fazer muitas coisas para as quais não teria tido tempo, se me levantasse a horas "normais". A minha prática de yoga, a escrita deste blog (que foi muito fértil nos primeiros anos), e muitas outras coisas só aconteceram devido a esse hábito de me levantar às 5 ou às 6 da manhã.

Mantive o hábito de madrugar, de forma mais ou menos consistente, dependendo das alturas, durante anos... até que veio a pandemia.

A pandemia e aquele primeiro confinamento não me afetaram de forma significativa (felizmente). As primeiras 3 semanas souberam a férias, com o trabalho em "serviços mínimos", e pus em dia todas as séries que queria ver. Descansei, li, fiz yoga, fui sempre à rua, várias vezes por dia, porque tenho um cão (agora tenho 2), comi bem, não me stressei por ter os miúdos em casa porque eles já são grandes, e... dormi maravilhosamente bem! 

Deixei de por o despertador, claro. Para mim, começar a trabalhar às 9h ou às 12h, é indiferente. E comecei a acordar naturalmente, quando o corpo sentia que já tinha dormido o suficiente. Devo reiterar - dormi maravilhosamente bem nessas semanas. Tão bem, que nunca mais pus o despertador!! (exceto quando tenho algum compromisso mais cedo, não vá dormir demasiado e atrasar-me)

E outras coisas maravilhosas aconteceram a seguir. Por exemplo, nunca mais estive doente. Vá, as minhas doenças eram só 2 ou 3 constipações por ano. Nunca mais aconteceu. Nada! Outro exemplo, raramente me sinto cansada - e nada que uma boa noite de sono não resolva. Sinto-me com muito mais energia. Nunca mais senti sonolência durante o dia. Nunca mais tive de me deitar um pouco após o almoço (como fazia nos meus tempos de madrugadora). E, muito importante para mim, que sempre tive dificuldades em adormecer... comecei a adormecer muito mais facilmente. 

Claro que, pensando um bocadinho, não há aqui nenhum segredo... O sono é fundamental para o sistema imunitário, para a longevidade, para a performance física e cognitiva, e por aí fora. A falta de sono crónica está associada a muitas alterações metabólicas, a problemas cardiovasculares e até mesmo a alguns tipos de cancro (ver, por exemplo, este estudo).

Independentemente do que dizem os estudos, não há nada como uma experiência n = 1, isto é, uma experiência para testar uma hipótese, onde o sujeito experimental é só uma pessoa, que sou eu mesma! E comprovei ao longo dos últimos dois anos que dormir bem é uma das componentes mais importantes (talvez mesmo A mais importante) de um estilo de vida saudável. 

Portanto, já não sou madrugadora. Tenho o meu ritmo circadiano muito mais alinhado com a natureza, o que significa que no inverno durmo naturalmente mais - vou mais cedo para a cama (21h30-22h00) e levanto-me mais tarde (por volta das 8h00), e no verão deito-me mais tarde (23h00) e acordo mais cedo (6 e tal da manhã). Basicamente, vou para a cama quando tenho sono e acordo quando o corpo já descansou o suficiente. Há dias em que tenho de por o despertador, mas são raros.

Voltar a ser madrugadora? Não está nos meus planos para o futuro próximo. Viver mais em harmonia com a natureza e de acordo com as expectativas genéticas do Homo sapiens? É o meu objetivo!


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