12/03/2012

As origens do minimalismo

O minimalismo como resposta ao consumismo e materialismo desenfreados do mundo ocidental é um fenómeno recente nascido nos Estados Unidos e divulgado sobretudo através da internet. No entanto, o minimalismo como estilo de vida tem as suas origens no Budismo Zen e na estética japonesa Wabi Sabi.

Alguns princípios do Budismo Zen formam a base do minimalismo: o desapego às coisas, a redução do sofrimento, a procura da felicidade, o foco, a atenção, a compaixão. De acordo com esta filosofia, as únicas posses que devemos ter são apenas as essenciais, e o materialismo como forma de gratificação pessoal e posição social deve ser rejeitado.

A estética Wabi Sabi deriva do Budismo Zen e reverencia a austeridade, a natureza e o dia-a-dia. Wabi Sabi surgiu no século XV na China como resposta ao luxo e riqueza emergentes. Esta estética dá valor à simplicidade em detrimento da ostentação e privilegia a beleza da imperfeição, o conforto e o bem-estar. Wabi Sabi defende a vida modesta e a eliminação do supérfluo - o conceito do menos é mais.

O minimalismo é comummente permutável e confundido com outros conceitos e filosofias de vida como o downshifting, a simplicidade voluntária e o ascetismo. Estes quatro conceitos são, no entanto, diferentes, embora todos eles possam ser classificados como estilos de vida simples.

O ascetismo é o mais radical destes conceitos. O ascetismo pressupõe um estilo de vida austero em que os prazeres mundanos são recusados, em favor da procura da espiritualidade.

O downshifting é uma redução da velocidade e da intensidade com que vivemos. É simplesmente parar, respirar e começar a viver mais devagar num mundo que anda cada vez mais depressa, tendo como objecto reduzir o stress e os danos psicológicos e físicos de uma vida apressada. Em Portugal até existe um movimento de downshifting!

A simplicidade voluntária vai mais além que o downshifting. Uma vida simples é desprovida de excessos e caracterizada pela despreocupação em relação ao quanto mais melhor (ou o keeping up with the Joneses). Motivos financeiros, ecológicos, religiosos, espirituais e de saúde podem conduzir a uma simplificação intencional da vida, assim como a tomada de consciência em relação aos perigos do consumismo e do materialismo. Uma vida simples começa com a eliminação da tralha que temos em casa e continua com a poupança de dinheiro, comportamentos mais ecológicos, valorização das experiências e relações em vez dos bens materiais e, no geral, com o viver a vida de forma mais sustentável.

Uma vida minimalista é desprovida de excessos, é frugal e sustentável - mas nunca asceta! O minimalismo não tem nada a ver com pobreza voluntária, como o ascetismo. O minimalismo pode ser encarado como uma extensão da vida simples. Não é só livrarmo-nos das coisas, da tralha que temos nas nossas casas. Não é só simplificarmos as coisas complexas. É livrarmo-nos do desnecessário, eliminarmos as distracções, recusarmos deliberadamente tudo aquilo que nos afasta dos nossos propósitos e mantermos apenas o que é essencial. O objectivo é simplesmente focarmo-nos naquilo que realmente é importante para nós.

7 comentários:

  1. olaaa boa semana
    visit from Turkey
    bjs
    http://laracroft3.skynetblogs.be http://lunatic.skynetblogs.be

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  2. Não sou minimalista pela minha natureza(adoro moda e tudo o que seja relacionado), mas acredito que o que disse é verdade. É o apego ás coisas, ás posições sociais e ás relações que na maioria das vezes impede a felicidade das pessoas. Devíamos ser capazes de ter uma vida simples e de dar amor sem esperar nada em troca.

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  3. Olá . Estou fã do seu blog. Aos poucos, um dia de cada vez estranhou um canto da minha casa e da minha vida. Ontem foi a vez do meu blog. Amanham outra coisa será sem dúvida. E sinto-me tão bem assim.
    Muito obrigado e continue a publicar .

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  4. Olá, Rita. Sexta feira vi no programa Sociedade Civil a Andresa Salgueiro e fiquei com curiosidade de ler o seu blog - Believe Vivo à Troca. E fiquei fascinada como uma pessoa consegue viver sem nada e ser tão feliz. A riqueza interior dela é enorme, ao invés de muita gente que tem tudo e no fundo é infeliz. Ela é um excelente exemplo de que menos é mais.
    Recomendo a quem não a conhece a leitura do seu blog.
    Celeste Freire

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    Respostas
    1. Olá Celeste, conheço a história da Andresa mas não conhecia o blog! Obrigada!

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  5. Neste momento estou na fase da "simplicidade voluntária". Infelizmente não é fácil por ter uma criança pequena e uma cara-metade que quer comprar tudo e mais alguma coisa (ou porque faz falta - mesmo que não faça -, ou porque é giro, ou porque é barato... argh). A ideia era passar para o downshifting, mas (lá está), com uma criança pequena pode tornar-se uma tarefa complicada...

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  6. Olá Rita, achei que esse post foi mais elucidativo do que os anteriores, quando discute a diferença entre simplicidade, frugalidade e minimalismo. Sou brasileiro e recentemente comecei um blog sobre simplicidade e frugalidade. Se tiver um tempinho, gostaria que desse uma lida no que escrevi (http://goo.gl/3V6L0) e comentasse, ok? Abraços e parabéns pelo blog!

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Obrigada pelo comentário!

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