26/03/2016

Os excessos

Há uns meses juntei o útil ao agradável e enquanto tenho os miúdos no treino de judo, aproveito para fazer aulas de grupo no ginásio. Já fiz jump, piloxing, piloxing KO, pilates (que fiz durante muito tempo antes do yoga), alongamentos, fit mix, local mix, e coisas com nomes deste género (aulas de "aeróbica" e "step" como havia antigamente já não existem...). Além das aulas que faço como aluna, também dou aulas de yoga noutro ginásio. Significa isto que tenho passado muito tempo em ginásios. E, como cientista que sou, gosto de observar. E o que observo é o exagero das pessoas com o exercício físico.

Há pessoas, mulheres, sobretudo, que vejo no ginásio todos os dias e fazem não uma, mas 2, 3 ou todas as aulas que houver... Saem de uma aula para a outra, suadas e cansadas, mas não desistem. É isto todos os dias. Querem emagrecer, ficar em forma. Mas será que este ginásio todo resulta? Pelo que vejo, na maioria dos casos não resulta. Não vejo ninguém a ficar mais magro e depois das festas os quilos a mais são bem visíveis. O cansaço está estampado no rosto, porque além do ginásio, estas mulheres têm trabalhos, filhos, casas para cuidar. Em termos de flexibilidade, até me arrepia ver miúdas de vinte e poucos anos que nem por nada conseguem tocar nos dedos dos pés.

Nos meus tempos de musculação, sempre ouvi e li que o melhor são treinos curtos e intensos. No cardio, isso também se vê no HIIT e no Tabata. Muita intensidade num curto período de tempo. É o que nos dá um corpo forte e saudável. Lembro-me do exemplo que o Mark Sisson dá no seu livro relativamente a isto - é só comparar o corpo de um maratonista com o corpo de um atleta dos 100 metros. Quanto mais a distância de corrida aumenta (e o tempo de treino), mais a massa muscular diminui e, na minha opinião, diminui também o bom aspeto físico.

A sério que acho que muitas mulheres portuguesas andam a matar-se no ginásio. Aulas, aulas e mais aulas, mas resultados pretendidos (emagrecer, ficar em boa forma física, ter um corpo de biquini invejável), nada. É aulas de manhã antes do trabalho, aulas à tarde depois do trabalho, dietas, dietas, e mais dietas, mas onde estão os resultados? Passa-se aqui algo de muito errado.

Como em tudo na vida, no exercício físico o que funciona é o caminho do meio. Nem 8 nem 80. Acho que toda a gente sabe isto, mas aquela crença do quanto mais melhor continua lá no fundo do cérebro e é difícil eliminá-la.

Quem se lembra dos 3 quilos que eu perdi o ano passado quando estive um mês de férias? Não pus os pés no ginásio e fiz muito menos yoga do que gostaria, mas mesmo assim perdi 3 quilos. Como? Olhando para os registos que fiz desse mês, a resposta é claríssima: comi menos, tive cuidado com a comida, sobretudo com os hidratos de carbono complexos, e mexi-me bastante todos os dias. Andava a pé, fazia pinos na praia, jogava raquetes, nadava... Foi a combinação de cuidados com a alimentação e um estilo de vida ativo. Foi isso que me fez perder 3 quilos num mês. Não foi passar horas a fio no ginásio.

É claro que as pessoas são diferentes e o que resulta para uns pode não resultar para outros. Mas eu, de facto, quando me sinto melhor é quando ando mais a pé, quando brinco mais, quando faço atividade física não planeada. Desisti das 3 aulas por semana que andava a fazer no ginásio (piloxing KO, jump e pilates); a partir de agora vou fazer só uma aula de jump, porque acho mesmo piada, e uma de alongamentos sexta à tarde (fiz a semana passada e soube-me muito bem, para fechar a semana). Continuo com a minha prática de yoga matinal, claro. E o que tenho feito agora e quero continuar é andar a pé. E com esta vista, andar a pé é um prazer!

6 comentários:

  1. É como dizes, cada caso é um caso. Mas, regra geral, há muita desinformação. E contra mim falo!... Eu demorei algum tempo a perceber o que devia realmente fazer para ter os resultados que queria. Um dos maiores erros que fazia era, precisamente com a mania das dietas, não ingerir proteínas e hidratos suficientes para o exercício que fazia. E já se sabe o que acontece aos músculos quando não têm alimento!... Só ao fim de algum tempo é que comecei a dedicar tempo a investigar e a ler sobre o assunto, e a perceber que, efectivamente, se queres ficar em forma, tens de comer mais, e não menos!

    Acredito que muitas dessas mulheres estejam no mesmo estado de ignorância em que eu estava até há uns meses... Não atinjem resultados e o problema não é treinarem em demasia (se gostam, que o façam), o problema é comerem de menos!...

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  2. Agora que vivo em Lisboa e que percebi o que é exercício, andei a minha vida inteira enganada. Encontrei um mini ginásio mesmo ao estilo familiar como gosto, perto de casa. Todos os dias temos uma pt por três horas que nos ajuda com os exercícios. No primeiro dia falou me justamente de treinos curtos e intensos. E bota intenso nisso! Parece que estou na tropa com aqueles circuitos que faço. E só uma horinha mas saio de lá de rastos. Depois do banho sinto me viva e cheia de energia.

    Ainda assim adoro essas actividades de mulher tipo step e afins. O jump e o meu preferido! E mesmo o que falta naquele mini ginásio, as aulas em grupo.

    O que se passa e que março e o mês ka malta começa a ver a vida a andar para trás. Começa a primavera e brevemente o verão está a bater a porta, daí as praias e mostrar o corpo em público.

    Meninas!! Exercício fisico faz bem ao corpo e mente o ano inteiro e não é num espaço de três meses que vao ficar bem definidas com tudo no lugar. Lamento.

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  3. Eu concordo que fazer exercicio e nao fechar a boca nao resulta mesmo. Tenho um pacote de aulas so para fdsm e no sabado tb faco 3 aulas seguidas mas porque gosto e sao simples. Trx depois pilates e no final bunda para chocalhar o corpo ��

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  4. "Olhando para os registos que fiz desse mês, a resposta é claríssima: comi menos, tive cuidado com a comida, sobretudo com os hidratos de carbono complexos, e mexi-me bastante todos os dias. Andava a pé, fazia pinos na praia, jogava raquetes, nadava... "

    O que você afirma nesse trecho resume bem o que penso sobre isso tudo: o que dá resultado é o prazer de viver, pura e simplesmente. Faz um tempo que ouço falar e leio coisas sobre comer em plena consciência e confiar nos sinais do corpo (fome e saciedade) mais que em regras do bem comer, sobretudo o que escreve o doutor Zermati da França. E pra mim foi o que mais resultou por enquanto: parar de me controlar e relaxar. Já não me peso todos os dias, nem faço dietas, nem conto calorias. Por enquanto emagreci 5 quilos desde outubro passado (o que não é muito, mas também não tenho taaanto a perder) comendo chocolate todos os dias e sem muita atividade física, só um pouco de caminhada e yoga regularmente. A única diferença é que não compenso frustrações na comida, tiro meu prazer de outras atividades, como tudo o que gosto, mas apenas quando e enquanto sentir fome. Aceitar-se como se é também é importante. Tirei da cabeça um objetivo de corpo magro ideal, estou muito bem com minhas curvas e aprendi a ver a beleza de todos os tipos de corpo.

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  5. Moderação é o segredo da boa vida. Gostei do post!
    Obs: Mudei o endereço do blog. Me segue lá!
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://nanaeosamigosvirtuais.blogspot.com.br/

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  6. Sem aprender a comer,não há ginásio que valha a ninguém mas parece-me que a maior parte das pessoas não têm uma visão global da coisa. No ginásio onde ando, já vi de tudo, desde pessoas a treinarem apenas uma parte do corpo (glúteos...) a pessoal que não larga o telemóvel e não faz, por isso, um exercício do início ao fim. Assim, é difícil. Como em tudo é preciso disciplina.

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Obrigada pelo comentário!

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