05/03/2012

Criar ligações emocionais com as coisas

Há uns dias, um(a) leitor(a) deixou-me este comentário ao post “O que é o minimalismo”:

não é demasiado tentar quebrar uma ligação que poderíamos, eventualmente, criar relativamente aos objectos? por exemplo, algum familiar que te é muito querido oferece-te uma daquelas secretárias bonitas, cheias de gavetinhas, que por sua vez já vêm cheias de pequenos tesouros dentro. também te virias livre dela, só por não ser entrar nessa corrente do minimalismo? e quando entras em casa, num espaço demasiado branco e demasiado vazio? não sentes que falta aconchego e conforto? por ser tudo (os objectos, a mobília) desprovido de emoções. expliquei-me bem?

Eu respondi:

Felizmente nunca ninguém me ofereceu tal coisa, pois iria odiar! Prefiro que um familiar desses que me é muito querido me ofereça o seu tempo (estarmos juntos) do que um objecto qualquer que não tem utilidade nenhuma para mim (não é oferecendo coisas que se demonstra o amor pelos outros).
E se já olhou bem para as fotos da minha casa, não é um espaço demasiado branco e demasiado vazio. A minha sala é, para mim, o lugar mais confortável do mundo. As coisas que tenho são as necessárias e são as que me fazem feliz.
Mas em relação ao exemplo da secretária, eu não crio ligações emocionais com os objectos. Reservo isso para as pessoas e para os animais.


Quis passar este comentário e a sua resposta para um post, pois fiquei com vontade de desenvolver mais o assunto...


não é demasiado tentar quebrar uma ligação que poderíamos, eventualmente, criar relativamente aos objectos?


Os nossos relacionamentos são com as pessoas e é em relação às pessoas que devemos criar ligações. Claro que podemos gostar muito de algum objecto, alguma peça de mobília, alguma peça de roupa, mas daí a criar uma ligação emocional com a coisa que depois será demasiado tentar quebrar... a mim parece-me é que ligações emocionais às coisas são um sinal de problemas mais profundos. As pessoas que se ligam desta maneira aos objectos fazem-no para se sentir seguras (o falso conceito que ter coisas traz felicidade) ou para se agarrarem ao passado e às memórias (as memórias estão dentro de nós, não nas coisas; acho que se uma pessoa precisa de um objecto para se lembrar de alguém que lhe é querido, é muito mau sinal).

algum familiar que te é muito querido oferece-te uma daquelas secretárias bonitas, cheias de gavetinhas, que por sua vez já vêm cheias de pequenos tesouros dentro.

Que horror, se alguém me oferecesse tal coisa!! Felizmente, nenhum familiar que me é muito querido me ofereceria uma secretária muito bonita, cheia de gavetinhas com pequenos tesouros dentro - porque os familiares que me são muito queridos conhecem-me. E porque os familiares que me são muito queridos sabem que o importante são os relacionamentos - não as coisas (e nenhum deles é minimalista como eu).
Prefiro que me ofereçam o seu tempo (um almoço, um jantar, uma tarde bem passada) do que um objecto (toma lá esta secretária e até qualquer dia). Aliás, isto é o que fazem muitos pais ausentes: tentam comprar o amor dos filhos com coisas... em vez de fortaleceram os seus relacionamentos passando tempo de qualidade juntos.
Mas por que é que as pessoas acham que é oferecendo coisas que se mostra o amor?? Porque na sociedade apressada e materialista de hoje, é muito mais fácil e rápido oferecer uma coisa para colmatar a falta de tempo do que tentar arranjar tempo (eliminando o desnecessário) para fortalecer relacionamentos.

também te virias livre dela, só por não ser entrar nessa corrente do minimalismo?

Aqui o(a) autor(a) do comentário só pode estar a falar do minimalismo como estilo decorativo, o que é distinto do minimalismo como estilo de vida... O minimalismo de que falo no blog não é uma “corrente”. É uma opção, um estilo de vida, que não implica seguir um estilo decorativo em particular. Sim, eu livrar-me-ia da secretária porque já tenho uma secretária que me serve perfeitamente, portanto não preciso de outra (a não ser que a secretária oferecida fosse muito mais gira e mais funcional que a minha; assim ficava com a nova e livrava-me da outra). Mas as gavetinhas cheias de tesouros é que me assusta! Tesouros são os meus filhos!

e quando entras em casa, num espaço demasiado branco e demasiado vazio? não sentes que falta aconchego e conforto? por ser tudo (os objectos, a mobília) desprovido de emoções. expliquei-me bem?

Esta parte não percebi bem... Então num espaço demasiado branco e demasiado vazio falta aconchego e conforto? Mas o que é preciso para dar conforto a um espaço? Cor e muita tralha? Mais coisas para arrumar, organizar e limpar? Isso para mim é o oposto de aconchego e conforto.
Rodear-me de tralha significa mais pó e sujidade acumulados, mais tempo perdido a limpar e mais tempo perdido a arrumar. Um lar aconchegante e confortável é aquele onde passo momentos felizes; passar o tempo a limpar coisas de que não gosto só porque foram herdadas ou oferecidas por familiares muito queridos, não é a minha ideia de tempo de qualidade.
E não percebi bem, então os meus objectos e mobília são desprovidos de emoções? Quer isto dizer que há objectos e mobília que têm emoções?? Volto a dizer, as emoções e as memórias estão dentro de nós, não nas coisas.

Em relação à minha casa ou a qualquer outra, sejam elas demasiado brancas e vazias ou não, quem tem que se sentir bem são as pessoas que lá vivem. Se eu (nós) não me sentisse bem em casa, se não me sentisse aconchegada e confortada, já teria feito mudanças há muito tempo. Porque quando as coisas estão mal, devemos ter coragem para mudá-las. E não é só na decoração, é em tudo na vida.

Isto da decoração é, como em quase tudo, uma questão de gostos. Há quem se sinta bem rodeado de coisas, há quem se sinta bem em espaços mais vazios. Ficam aqui algumas fotos de espaços um pouco vazios mas, para mim, super confortáveis e esteticamente agradáveis (e que fácil deve ser limpar espaços assim!):

 via

35 comentários:

  1. Não sei o seu nome ...
    Gostei muito desse post, foi esclarecedor, ontem mesmo olhei para o plafon da cozinha e pensei: esse eu vou manter, foi o meu pai falecido que me deu.
    Crio vínculo emocional com as coisas, algo a analisar.
    Obrigada pelo post.

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  2. Rita, és verdadeiramente uma inspiração. Obrigada. :) Beijinho.

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  3. Já disse uma vez: mais facilmente as pessoas acumulam coisas que preservam relações.
    É fácil criar falsos vínculos com as coisas. Digo falsos, precisamente porque as coisas não criam vínculos com absolutamente ninguém. São coisas.
    E é fácil porque as coisas não solicitam, não contrariam, não têm "os seus dias". Daí que seja fácil mantê-las com a desculpa de que "nos fazem lembrar" determinada pessoa.
    Coisas são coisas. Amem-se as pessoas, usem-se as coisas.

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    1. Subscrevo e assino! Resumiste em poucas linhas o que eu queria dizer!

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    2. Mas, atenção, não digo isto no sentido de livrarmo-nos de tudo e pronto. Há, de facto, objectos que têm, para nós, uma carga simbólica muito grande e aí, sim, acho que os devemos guardar: eu tenho alguns assim. Mas acho que é aqui que entra o minimalismo: identificar o essencial e eliminar o supérfluo. Obviamente que nem tudo tem o mesmo significado, por isso, não faz qualquer sentido acumular tralha só porque "ah, a pessoa iria ficar ofendida se eu deitasse aquilo fora"...

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  4. Embora o minimalismo, pelo menos para já, não seja o meu "estilo de vida", (ando ainda a trabalhar a minha cabeça nesse sentido para depois poder descomplicar), todas as imagens acima me são muito agradáveis, era bem capaz de morar num desses espaços sem qualquer problema.
    Parabéns

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  5. Rita,

    Acompanho seu blog assiduamente e muito tenho aprendido com seus posts.
    Percebo que sou minimalista por natureza, mas estou apliando para outros aspectos da vida e seus posts tem sido de muita reflexão.
    Continue a escrever!
    Um abraço!
    Jane - Brasil

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  6. Eu acho que faz todo o sentido criar vínculos com alguns objectos. Eu uso uma aliança porque simboliza o meu casamento. Uso uma toalha, oferecida pela a minha avó já falecida, em momentos especiais, porque assim ela está um pouco presente nesse dia. Guardo a primeira roupa e outros pequenos nadas das minhas filhas para mais tarde recordar, e assim por diante.
    Para mim, não faria qualquer sentido desfazer-me destas coisas, mesmo podendo ser tralhas no sentido de ocuparem espaço e não terem utilidade.
    Compreendo a importância de descomplicar e de destralhar, mas com sentimento!

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  7. Concordo com a Marta Mar. Eu senti uma grande necessidade de destralhar, porque me dei conta que acumulava coisas demais, sem sentido. Mas seria incapaz de me desfazer da primeira roupa das minhas filhas, de um objeto querido da minha bisavó e que ela me deixou. Esse sentimento transforma esses objetos em símbolos e são também criadores de memória. A história não se faz sem memória, também.
    Por outro lado, sei que não entrarei em pânico se perder algum desses objetos - não se trata de uma relação patológica!

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  8. Concordo inteiramente com a Marta. Nem todos os objectos são tralha, mesmo que não tenham uma utilidade imediata. Podemos atribuir um valor sentimental aos objectos sim, por isso mesmo não quantificável, porque é sentimental. Tornam-se símbolos, lembranças, valem por si, indo além da sua função imediata ou da falta que nos façam no dia-a-dia.
    Eu acho que oferecer tempo, disponibilidade, presença, é o grau último do materialismo, em que o que somos, o nosso tempo, a nossa relação, o nosso amor, é tido como algo que se daria como se de um objecto se tratasse, quando não é. As emoções não se dão, vivem-se. O tempo não se dá, vive-se. Nós vivemos o nosso tempo com outra pessoa, não o damos como se de uma secretária se tratasse. Os filhos não são tesouros, comparáveis a pequenos objectos guardados em gavetas, são pessoas! Não são nossos como um objecto poderia ser! Ao comparar objectos com pessoas e relações emocionais que se têm com uns e com outros está a dar-se demasiada importância ao objecto, o que é paradoxal, me parece... As ligações emocionais que as pessoas fazem são multidimensionais, podem ter vários níveis, várias dimensões. Eu não amo apenas pessoas ou animais, amo também lugares, amo lembranças, amo músicas e amo muitos objectos. Tudo isso faz a minha vida. Umas com mais importância que outras, naturalmente, exactamente por isso podem conviver alegremente.

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    1. Olá Maria de Lurdes! Eu não comparei os meus filhos a objectos! Usei o termo tesouro porque foi o termo usado pelo leitor que fez o comentário que originou o post e usei-o como sinónimo de algo muito valioso e insubstituível para mim - os meus filhos são valiosos e insubstituíveis! Não tenho nenhum objecto que se enquadre nessa categoria - tenho muitas coisas valiosas, mas nenhuma delas é insubstituível.

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  9. A minha casa tem pouquíssimo mobiliario e elementos decorativos, mas para mim não está vazia.. está cheia, de luz!

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  10. Iracema Volta05/03/12, 13:34

    Concordo plenamente sobre o tempo que as pessoas lhe oferece ser infinitamente mais importante que qualquer oferta material.
    Moro longe da minha família e da família do meu marido e sinto muita falta deste convívio. Algo que realmente me agrada é a atenção que minha sogra nos dispensa. Ela liga todo domingo para saber como estamos, se viajamos nos liga pra saber se chegamos bem ao destino. Se vamos visita-los ela sempre vai nos esperar no aeroporto, seja a qualquer hora o voo!! Se preocupa em nos preparar os nossos pratos prediletas... Isso me deixa muito mais feliz do que qualquer presente que ela possa me oferecer (apesar de me oferecer muitos rs). Já meus pais não são tão atenciosos, sei que não é por maldade ou por não gostarem de mim, eles simplesmente são dessa maneira, mas o tempo que eles podem me oferecer será sempre precioso.

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  11. Rita, discordo da primeira parte do post, concordo com a segunda.

    De fato, está provado - e está na literatura - que estabelecemos ligações emocionais com os objetos. Mesmo que não nos apercebamos disso de forma consciente. Defendo o destralhar o mais possível, mas os objetos a que me sinto profundamente vinculada - seja lá porque motivo for - para mim não são tralha.

    Porém, como em tudo, percebo perfeitamente alguém que não pensa assim. Por isso é que, do meu ponto de vista, o minimalismo não se faz de fórmulas. Há uma ideia, um fio condutor mas que cada um tem de adaptar à sua personalidade. Caso contrário, deixa de ser um processo libertador para se tornar um fardo.

    E agora vem a segunda parte do post, aquela em que eu concordo. Porque para mim, uma casa confortável, não pode ter excesso de cor, e todos os objetos tem de ser criteriosamente selecionados (embora não necessariamente pela sua utilidade :)). Portanto não acho nada que uma casa "branca e vazia" seja desconfortável. Pelo contrário.

    Porém, uma vez mais, entendo perfeitamente quem necessita de cor, de muita cor, para ser feliz. Resumindo: não acredito muito em regras. Para cada pessoa o entendimento do que é essencial e supérfluo é diferente e portanto, a aplicação do conceito de minimalismo só pode ter resultados diferentes.

    Seja como for, gosto muito de ler os teus posts, Rita. Ajudam-me a clarificar e sistematizar as minhas ideias. Obrigada por partilhares as tuas.

    Beijos,
    Catarina.

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    1. Olá Catarina. Eu também sempre tive ligações emocionais com alguns objectos, até há bem pouco tempo, quando me apercebi que não preciso das coisas para me lembrar das pessoas ou de momentos ou seja do que for. A minha avó morreu há poucos meses e a minha primeira vontade foi de ficar com os seus livros, discos, e muitas outras coisas (a minha avó tinha muito bom gosto). Mas depois apercebi-me que ía encher a casa de tralha para quê? Precisava mesmo das coisas da minha avó para me lembrar dela? Claro que não! Mas tens razão, e é uma coisa que eu já escrevi muito aqui, o minimalismo (identificar o essencial e eliminar o resto) é uma conceito subjectivo e varia de pessoa para pessoa. O que partilho aqui no blog é a minha visão, claro, que não tem que ser igual à das outras pessoas... O que interessa, em última análise, é vivermos de uma maneira que nos faça felizes (com ou sem tralha)!

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    2. Eu, rodeada de muita cor, até fico mal disposta... A tua casa é muito agradável, é um sítio onde eu me iria sentir muito bem!

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    3. Concordo em absoluto com a tua análise. Desculpa o comentário duplicado. Beijos.

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  12. A frase: "Sim, eu livraria-me da secretária", deveria ser escrito - "livrar-me-ia". Livraria vem de livros.

    http://www.conjugacao-de-verbos.com/verbo/livrar-se.php

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    1. É verdade! E eu não costumo dar erros desses... se bem que agora dou erros por causa do novo acordo ortográfico (o que não foi o caso nessa palavra, claro). Obrigada pela correcção.

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    2. Eu ainda não percebi porque é que as pessoas têm de fazer comentários só para apontar os erros dos outros, ainda para mais não sendo nada de absurdo.

      Rita, agradeço a tua bondade de partilhares o que sabes com os teus leitores e quando comento os teus posts não quero estar a pensar se vais avaliar a minha ortografia, quero estar à vontade, porque vir ao teu blog é para mim uma enorme fonte de prazer, tal como é para ti escrevê-lo. Sendo assim, porque é que haverias de estar preocupada com coisas tão pequeninas, sendo que se percebe bem o que escreveste? Já basta a rigidez dos artigos que tens de escrever devido à tua profissão.

      É bom ser-se humano...
      Beijinhos
      Anuskas

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    3. Anuskas, obrigada! Mas eu não me chateio com isso e as pessoas que apontam erros geralmente também os cometem - e muito. Mesmo que sejam comentários que não têm nada a ver com o post e mesmo frios como foi este comentário, eu não me importo, desde que não sejam malcriados (só recebi um desses há muito tempo e não publiquei)...

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    4. Rita digo o mesmo.
      Obrigada pelo teu magnífico blog, que tive a sorte de o descobrir e desde então, não parei de ler.
      Tem-me ajudado imenso e identifico-me muito com a tua forma de pensar.
      As pessoas esquecem-se que estamos cá de passagem e ao morrermos os objectos ficam, por muito que simbolizem um legado, não se devem sobrepor nunca às relações que estabelecemos com as pessoas, isso sim, a meu ver é ter uma vida plena. Obrigada Rita!

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  13. Este é daqueles posts que espelha bem as conversas que tento ter com a minha sogra. Ela é um amor de pessoa, não podia ter tido mais sorte. Mas como toda a gente, tem os seus defeitos e um que tento mudar apenas porque influencia muito o meu filho é, sem dúvida, o apego às coisas e achar que cada vez que vem visitar o neto tem sempre de trazer brinquedos novos!!!

    Se pudesse comprava este mundo e o outro mas felizmente tem-me dado ouvidos e melhorado bastante. É daquelas pessoas que não joga nada fora porque a recorda isto ou aquilo e eu estou farta de dizer que as lembranças estão na cabeça e nas não coisas e o que interessa são as pessoas e os momentos presentes. Ah e os meus pais também são assim, só guardam tralha e mais tralha...

    Enfim, tudo a seu tempo.

    Bjs e obrigada por mais um daqueles posts que espelha tudo o que sinto.

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  14. cada vez mais acho que tenho demasiada tralha...é a despensa cheia, o sotão cheio (nem consigo lá entrar), a arrecação cheia, coisas que eu nem me lembro que lá estão e que portanto, não me fazem falta...

    neste momento, ando ocupada em destralhar o quarto e depois arranjá-lo de forma a aliviar, vai ficar com tons de branco e com o minimo possivel de coisas. Já destralhei a zona das gavetas e (só nisso um sacao de coisas para dar)...ainda me falta a zona de debaixo da cama e o roupeiro propriamente dito. Vai devagarinho, mas já me sinto mais leve só por destralhar.

    foi a vinda ao teu blog que despoletou esta iniciativa! obrigada!!!

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  15. Iracema Volta05/03/12, 17:32

    Acabo de encontrar um texto que ilustra muito bem (do ponto de vista econômico) as ideias aqui expostas!

    http://www.drmoney.com.br/educacao-financeira/consumo/o-que-e-realmente-importante-na-sua-vida/

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    1. Adorei a história do filme! Obrigada pela partilha!

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  16. Rita, eu não concebo a minha vida, a minha pessoa, sem relações afectivas, sejam elas de que natureza forem. E sim, tenho muitas relações emocionais com determinados objectos, e não considero que isso seja um "sinal de problemas mais profundos", tal como referiste. Faço questão de os manter porque fazem parte de muitas histórias dentro da minha história. Trazem-me à memória momentos felizes, pessoas de quem gosto... Surgem como aquelas palavras sublinhadas num texto que fazemos questão de destacar, porque são realmente importantes ou como aquele aroma que de repetente inspiramos e nos transporta para um determinado lugar. A nossa memória, e consequentemente, a nossa identidade faz-se destes referenciais. O Homem é por natureza um ser simbólico.
    Beijinhos

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  17. onde já vai a conversa e eu só agora chego aqui! Maravilha, adoro este debate. Gostava muito de não me ligar a coisas, mas ligo-me. Tive uma altura em que tinha uma espécie de medalhita da sorte, estás a ver o género. E depois não sabia onde estava e tive de me provar que não precisava dela. E não! :)
    Acredito que aleitora estava a referir-se ao facto de aquela secretária ter sido oferecida por alguém que estimava muito a mesma secretária. Compreendo-a. E também sei que és uma mulher à frente do teu tempo e que de facto não nos ligamos emocionalmente a coisas e sim a lembranças. Mas sabes, Rita, por vezes é bom termos essas coisas perto de nós, que nos ajudam a materializar os sonhos... Estão na nossa cabeça, eu sei, mas se existirem e forem simbolizados em algo real, aquecem-nos o coração mais facilmente.
    Ainda assim, dei por mim a deitar muitas dessas coisas fora, a dar, também. E porquê? Porque entre tê-las guardadas e sem as usar, mais vale servirem a outros... Ou serem deitadas fora.
    Guardo uns brincos da minha avó, que amo de paixão e que acho lindíssimos. E agradeço que ela sempre tenha dito que aqueles eram para mim. E são. Uso-os em momentos especiais e ficaria muito, mas muito triste se um dia os perdesse. Porque são lindos e faço gosto.
    Muito obrigada por este post magnifico e por comentários tão interessantos!
    Keep up the ood work!

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  18. Eu concordo com o seu ponto de vista. Eu não tenho, neste momento, nenhum objecto em casa do qual não me livrasse, caso precisasse. Tenho alguns que me dariam pena, mas apenas porque os acho bonitos e muito úteis para mim, e são (relativamente) difíceis de encontrar.
    Cá em casa temos o exemplo dos meus sogros que guardam tudo e mal se consegue andar em casa, felizmente, o meu namorado não gosta disso e, cada vez mais, quer adoptar um estilo de vida mais minimalista. Volta e meia, chega a uma prateleira e joga fora tudo o que não interessa. E eu bato palmas. :)
    Ainda assim, a casa onde vivo é muito pena e, por isso, parece sempre que temos coisas a mais. Bem, algumas havemos de ter, mas com o tempo hão-de ir embora.
    Acho que mais tralha é mais lixo, mais pó, mais confusão e falta de harmonia visual, que acaba por influênciar negativamente o dia-a-dia.
    Não acho que uma casa com predominância de cores claras seja fria ou desconfortável, mas para nós, o branco, o vermelho e o preto são as cores de eleição.
    Boa semana,
    beijo.

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  19. Adorei o post e concordo plenamente!
    Deixo aqui um outro post (que aborda o mesmo assunto) de um blog que costumo seguir: http://dailysimplicity.com/philosophy/endowment-effect-the-problem-with-ownership/
    Obrigada Rita!

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  20. Olá boa tarde!

    Já viram a série Acumuladores no Biography Channel (http://biotelevisao.com/destaques/acumuladores-t1/)? Este post fez-me pensar nisso.

    Será que todos nós temos um possível acumulador dentro de nós? :|

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  21. Oi Rita
    Em um certo momento da minha vida, fui obrigada a me livrar de muitas coisas. Fui morar em outro país, voltei para casa, fui de novo, e de lá para cá já me mudei várias vezes. A cada mudança de casa, faço uma arrumação nas minhas coisas, documentos, roupas, moveis, e adotei um estilo praticamente minimalista meio que sem perceber. Hoje me vejo na situação que você descreve, me sentindo muito mais à vontade com pouca tralha, e dando muito mais valor ao tempo passado com alguém. Mas vejo que algumas pessoas ainda são tão apegadas às coisas, e por exemplo, nos aniversários e datas comemorativas, esperam um "presente". Sendo que este presente desaponta quando não é material. Ao invés disso, prefiro passar mais tempo com a pessoa, fazer um jantar especial (cozinhar para esta pessoa), passar uma tarde com ela. Mas muitas pessoas ainda não estão preparadas para isso, infelizmente.
    Beijos e obrigada pelo post.

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  22. Olá Rita,

    Comecei a ler o blog ontém (pronto estou a ver que é mais um daqueles que vou seguir todos os dias). Confesso que não sou minimalista mas sou um bocadinho viciada em organização (de tudo e mais alguma coisa). A propósito deste post lembrei-me de uma coisa que tenho vindo a pensar ao longo do tempo...nós esquecemo-nos, como pessoas, que estamos de passagem. O tempo que perdemos a...sei lá, escolher roupa, escolher carteiras, decorar a casa, fazem-nos esquecer um bocadinho que uma casa é um sítio para nos abrigarmos (acima de qualquer outra coisa), que roupa, é só para nos proteger do calor, frio etc, cada vez há mais escolha e cada vez parece que nos afastamos mais do verdadeiro significado, função ou objectivo das coisas. Tenho objectos que são simbólicos para mim, sim, fizeram-me um barco em origami à dois anos e não me desfaço dele nem por nada porque é como ter um bocadinho da pessoa que perdeu tempo a faze-lo para mim, comigo. Mas de resto, noto que deixei de ser tão "exigente" quando procuro alguma coisa, seja roupa, decoração, o que for! :)
    Porque o que interessa, tal como disse, são as pessoas e o tempo e as acções que fazemos com elas.

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  23. Descobri o blog hoje. Segui um link para como fazer um orçamento (acho... às tantas isso já ficou meio esquecido). Senti curiosidade pelo nome do blog. Fiquei pelo conceito do minimalismo. Mas o que realmente me tocou foram os post "O desapego das coisas" e "Criar ligações emocionais com as coisas". Precisava. São coisas que já sei falta-me é dar o passo em frente, deixar o teórico e passar à prática. Às vezes o que é preciso é alguém colocar as coisas de forma que nós já sabemos mas não conseguimos expressar. Ou então ver fotos do que pode ser! Acho que foi o que aconteceu. Estas, são maravilhosas! Uma inspiração. A do quarto que só tem uma cama, uma peça decorativa e a janela é simplesmente fantástica! Por vezes, tenho a certeza que a minha vida é cheia de tralha... O resto do tempo, o peso é tão grande que nem me deixa espaço para pensar nisso. E mesmo assim, considero-me uma pessoa semi-feliz... Que faria se não tivesse essa tralha! Neste momento, sinto-me com toda a vontade do mundo para dar o passo em frente... Será que é desta?

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Obrigada pelo comentário!

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