16/12/2012

Livrar-me de coisas e viver no presente


Esse saco de lixo na foto está cheio de roupa que estava guardada há mais de 1 ano à espera de ser remendada ou alterada. Eram calças dos miúdos para serem transformadas em calções, eram vestidos meus para serem encurtados ou apertados, eram calças a precisar de remendos nos joelhos, até fronhas de almofadas daquelas enormes que se usam em Espanha para cortar e fazer fronhas mais pequenas para as nossas almofadas...

Tudo há mais de 1 ano à espera. Se não aconteceu, não vai mais acontecer. Se não transformei calças em calções para os miúdos, é porque eles já têm calções suficientes. Se não arranjei os buracos nos joelhos das calças, é porque eles têm calças suficientes. Se não encurtei ou apertei os meus vestidos, é porque já tenho vestidos suficientes.

Por isso, ganhei coragem, pus tudo dentro do saco e vou dar ao contentor.

Ao lado do saco estão quadros, posters, impressões de arte que já não têm lugar na minha casa minimalista. Ainda não tenho coragem para jogar esses fora... para já vão para a cave e daqui a uns tempos logo se vê...

Tenho também andado a livrar-me dos meus planos e objectivos. Já falei várias vezes do movimento de viver sem objectivos, que tanta força tem ganho no meio minimalista. Viver no presente, em vez de pensar no passado ou no futuro. Sermos felizes agora, com o que temos neste momento, em vez de lutarmos por algo que, achamos nós, nos trará felicidade, não agora, mas em algum momento futuro. 

A vida acontece agora, neste momento; a vida não começa só daqui a 5 anos, quando cumprirmos todos os nossos planos e atingirmos os nossos objectivos. Aliás, a maior dos objectivos que estabelecemos nem sequer são atingidos, o que só nos traz sofrimento.

Esta filosofia de vida cada vez faz mais sentido para mim. E isto não é nada de novo. Viver no presente e sermos felizes com o que temos é uma coisa tipicamente budista; aliás, todos os princípios do minimalismo têm na sua base o budismo, sobretudo o budismo zen. Diz o monge zen Thich Nhat Hanh "Smile, breathe and go slowly", que é agora o meu mantra e o mais sucinto guia para a vida.

Mas em termos práticos, as pessoas que vivem conscientemente sem objectivos (não aquelas que vivem sem objectivos porque não sabem o que fazer da vida ou porque são preguiçosas) acabam por ser muito mais produtivas. Tanto o Leo Babauta como o Joshua Fields Millburn fazem-no e recomendam. 

Este conceito de viver sem objectivos é difícil de compreender e aceitar, e eu ando há um ano a pensar nisto. Vou escrever mais em pormenor sobre o assunto, mas devo dizer-vos que matei as minhas listas de coisas a fazer e sinto-me muito mais leve. As listas e listas que vêem na foto... tudo para a reciclagem. Que sensação libertadora!! As maravilhas do minimalismo e do viver no presente!


O meu sistema de produtividade e gestão do tempo tem agora elementos do Zen to Done, da técnica Pomodoro, do budismo zen; é uma coisa simples e muito menos stressante, sobre a qual falarei... quando me apetecer... sim, acabaram-se os planos para escrever este ou aquele post...

16 comentários:

  1. Olá, Rita!
    Conheci seu blog hoje, no meio de uma pesquisa sobre dicas de organização, e estou simplesmente encantada com tudo!!!
    Uma de minhas maiores dificuldades é praticar o desapego (ou destralhar), e já coloquei como meta em 2013 que farei isso na minha casa, na minha vida.
    Obrigada pelas dicas valiosas!
    Beijos do Brasil
    :)

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  2. Óptimas recomendações para começar 2013.
    Também nunca fui muito apologista das listas, só aponto o que tenho mesmo para fazer para não me esquecer (porque já se sabe que a memória é falível) e há compromissos que não podemos mesmo falhar.
    Mas adorei a ideia de viver ao sabor do momento. Não nos preocuparmos muito com atingir objectivos. Pois eles são uma faca de dois gumes. Se não os atingimos ficamos frustrados, mas se os atingirmos é uma felicidade momentânea e logo arranjamos mais um objectivo para nos tentarmos satisfazer.
    Viver feliz com o que temos parece-me uma óptima ideia.

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  3. Parabéns por te livrares das listas, deves ter sentido uma liberdade enorme! Também tenho vindo a fazer isso há algum tempo, se antes tinha cerca de 10 coisas para fazer por dia, hoje dou por mim a ter dias sem uma unica coisa na lista e isso é mesmo libertador! Vale mesmo a pena :) nunca pensei que isto iria acontecer comigo, eu que era tão viciada em listas... A vida é mesmo cheia de pequenas surpresas...

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  4. parabens! tenho de fazer o mesmo, dar a volta ao armario e ver o q esta para la q mal toco de toco e ou doar ou ir pro lixo. acho q hje e um bom dia para isso :)
    confesso q tenho dificuldade em viver sem objectivos, pq a minha cabeca esta sempre a pensar no futuro e a planear minimamente. mas concordo a 100% q isso nao nos pode cegar, e deixar de viver o presente, pq afinal de contas o presente e o que temos mesmo :)

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  5. Olá!
    De certa forma concordo contigo, com a teoria de viver o presente, de não vivermos agarrados ao passado!
    Mas de certa forma, nós somos tb passado, somos as nossas experiencias as nossas vivencias e com elas aprendemos e crescemos :)

    Em relação ao viver livre de TO DO LIST! Acho otimo : ) vivemos de um forma mto mais leve menos stresssante! Contudo eu uso no meu dia a dia, apenas para nao me esquecer, mas nao me stresso quanto ao quando fazer hihihi deixo rolar!

    Agora qto aos objetivos e metas eu programo e delimito a linha de ação! A chamada programação neuolinguistica :)
    Eu qdo quero atingir algo eu ponho as minhas energias focadas num deterninado sentido! Bem talvez nao perceba nada do minimaismo mesmo!!!

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  6. Este post não podia vir em melhor altura para confirmar o que já ando a fazer. Com as obras cá em casa comecei a dar, deitar fora, distribuir. Os sacos de roupa à espera de remendos e tal e tal... LIXO!
    as capas de arquivo de formações... LIXO!
    Material de cozinha? Numa caixa e garagem!
    Dispensa? Reduzir em 70% os alimentos que guardo! Há imensas promoç\oes boas... e eu era optima a deixar passar o prazo.
    Cremes e make up? Dei quase tudo - fico só com aquilo que levaria de férias e mais duas ou três coias.
    Ainda há muito mas mesmo muito a fazer.... Parece que as coisas aparecem do nada! É assustador!

    Obrigada por seres uma inspiração. Beijos!

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  7. Olá Rita. Estive a ler as 12 linhas essenciais do link "budismo zen" e é uma questão que me deixa até um pouco deprimida. Essas regras sinto-as e acho-as necessárias para o meu bem estar psiquico mas a empresa onde trabalho não. Qualquer ideia de "andar mais devagar", fazer uma coisa de cada vez, fazer bem, tem uma conotação negativa. Passamos a ser menos produtivos, a ficar mais lentos (todas as tarefas são para ontem e quantas vezes não temos que fazer coisas em simultaneo) e somos chamados à atenção. É bastante duro quando sentimos esta pressão, quando sabemos que para estarmos bem temos que desacelerar, viver mais a vida, que já não temos a mesma idade de quando entrámos mas, no entanto, a empresa requer a mesma atenção, niveis de produtividade, emprenho, stress e acabamos por perceber que talvez o nosso tempo nessa empresa tenha terminado e seja altura para ter outra profissão. E o que fazer com todo o conhecimento adquirido até agora? São questões delicadas para trabalhadores que não dependem de si próprios. Obg,Ana

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  8. Estou aqui pensando sobre o assunto... de fato parece-me dificil não estabelecer objetivos. Mas com certeza estou em ritmo de estabelecer MENOS objetivos. Dois ou tres pontos principais, a me servirem como farol, bastam. Não preciso de metas detalhadas ponto a ponto, para cumprir exatamente esta semana ou este mes.
    Mas acredito que as coisas não são excludentes: podemos (e devemos!) ser felizes agora, com o que temos neste momento, e ainda assim ter alguns objetivos que queremos alcançar.

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  9. Por alguma razão que não alcanço, é comum que meus comentários em seu blog saiam duplicados. Se isso acontecer desta vez, Rita, por favor exclua um, sim? :)

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  10. Já há algum tempo que me vinha a interrogar se seria possível aplicar a ideia de viver sem objectivos a um académico. Espero que, ainda sem planos concretos, a Rita escreva mais sobre isso.

    Joana

    PS. Já pensou inscrever o seu blog no concurso do aventar? http://concurso.aventar.eu/registo/

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  11. Rita, estou acompanhando seu blog pelo feed há um tempo e estou adorando! Já era fã do zenhabits também, e através da sua experiência vários princípios do minimalismo estão fazendo muito sentido pra mim! Parabéns pelo blog e pelas mudanças que tem feito em sua vida. Aos pouquinhos estou tentando me modificar também... Bjs!

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  12. Rita, só quero lhe dizer uma palavra: OBRIGADA - pela inspiração, pelo exemplo, pela partilha, pela sinceridade. Um ano de minimalismo, que conheci graças a você, já modificou muita coisa em minha vida, mas há muito a ser feito. Portanto, o seu encorajamento é TUDO.
    Uma brasileira que a admira muito.
    Sylvia

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  13. Tens que ler um livro que se chama "O Poder do Agora", de Eckart Tolle. Tem tudo a ver com aquilo que escreves aqui. É uma "biblia" para mim!

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  14. tenho dias que tb me apetece mandar as listas às urtigas, mas confesso que não sei viver sem elas...mas admito que é stressante não conseguir cumprir com os objectivos das listas, fico a remoer...

    de há uns tempos para cá que tenho vindo a fazer listas de apenas 3 coisas importantes para fazer naquele dia e a coisa tem corrido melhor.

    de resto objectivos de vida a longo prazo (do género objectivos daqui a 5 anos) não tenho :) faço apenas para o ano seguinte (mas metade é esquecido ou não cumprido por diversas razões)...

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  15. Averigue se na sua zona a roupa que é Depositada no contentor não é esfarrapada e colocada debaixo do alcatrão nas estradas. Eu nunca mais lá coloquei desde que soube disso. Entrego directamente nas instituições

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Obrigada pelo comentário!

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