Minimalismo em férias... é possível?

Este post veio muito atrasado... Há quase dois anos, a Natália escreveu-me o seguinte:

"Acho que existe uma coisa em que me vai ser difícil ser minimalista... é nas férias! :)

É que nas férias apetece tudo do bom e do melhor, tudo a que temos direito!! :) Os melhores hoteis, os melhores restaurantes, as melhores praias, os melhores destinos, enfim, muita coisa e tudo do bom e do melhor...

Como é que se implementa o minimalismo em tempo de férias e ao mesmo tempo ficarmos com a sensação que fomos "mimados" com muitas coisas boas e por isso foram umas férias merecidas e reconfortantes?"

Nunca me esqueci deste email porque fiquei a pensar no assunto, e agora chegou a altura de refletir melhor acerca disso, sobretudo porque estou de férias e estão a ser fantásticas!

Ora bem, como em tudo, a questão das férias depende muita da pessoa - da sua personalidade, dos seus gostos e das suas prioridades. Para mim, por exemplo, umas boas férias são as que estou a ter agora. Casa na praia de Faro, não ter que andar de carro todos os dias para ir para a praia, muito sol e mergulhos, uma espreguiçadeira no pátio para me estender a ler, muito ar livre, muito sossego, muitos livros, muitos grelhados, peixe e marisco, muita fruta, caminhadas depois do jantar, jogos de cartas à noite com o J., brincadeiras com os miúdos. 

Tudo do bom e do melhor, para mim, é isto. Tranquilidade, sossego, silêncio, tempo para relaxar. Eu nunca fui pessoa de gostar de festas, almoçaradas com muita gente que se prolongam até ao jantar, bares, música alta e barulho. Prefiro mil vezes mais a casinha na praia de Faro, do que um bom hotel num qualquer destino exótico. Prefiro os grelhados no carvão que o J. faz do que a comida dos melhores restaurantes. Prefiro a praia de Faro, que não é nada de espetacular, do que praias mais bonitas e mais bem tratadas.

Parece-me, portanto, que é uma questão que tem muito a ver com a personalidade. Eu, sendo introvertida, gostando de estar sozinha, sossegada, sinto-me energizada com férias assim. Pessoas extrovertidas, que precisam da companhia de outros, que apreciam jantaradas e festas, provavelmente sentir-se-iam a definhar numas férias como as minhas. 

Mas voltando ao minimalismo, é uma questão de prioridades e necessidades. Será que precisamos mesmo dos melhores hotéis, dos melhores restaurantes, das melhores praias e dos melhores destinos para sermos felizes? Eu sei que não é isso que me faz feliz - mas isso sou eu. Ser minimalista é definir o essencial e eliminar o resto. Bons hotéis e bons restaurantes não são essenciais para mim. Umas férias calmas, em que consigo estar sossegada e ter muito tempo para mim, isso sim é essencial para o meu bem-estar.

No minimalismo, como já escrevi tantas vezes, cada um sabe de si. Mas se uma pessoa precisa mesmo de tudo do bom e do melhor durante as férias para ser feliz, será que é minimalista? Ou será que está a cair na teia do consumismo e do fazer ou ter para mostrar aos outros?

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