A nutrição é um assunto que sempre me interessou. Começou há muitos anos, quando fazia musculação a sério (para ter músculo!) e tinha que ter muito cuidado com o que comia. Este mês já li uma série de livros sobre dietas e fiz muitas pesquisas na internet.
Sendo cientista, gosto de ver a informação corroborada por estudos científicos (o meu preferido é aquele que conclui que afinal podemos comer ovos à vontade!). O problema é que muitos estudos têm problemas metodológicos (não testam experimentalmente os efeitos das variáveis), outros são mal interpretados pela comunidade não científica (por exemplo, uma correlação entre duas variáveis não implica causalidade, ou seja, uma não causa necessariamente a outra). E o pior é que tanto podemos encontrar estudos que apoiam a dieta paleo, assim como tantos outros que apoiam uma dieta vegan.
Perante tantos livros, tantas dietas, tantos estudos, onde é que ficamos? Qual dieta devemos escolher? Já aqui referi mais que uma vez que a dieta do paleolítico atrai-me bastante - mas ao mesmo tempo acho-a demasiado restritiva. Ser vegan ou vegetariana também não dá para mim - os meus meses de vegetarianismo resultaram em problemas digestivos porque não posso comer leguminosas. Estas dietas não são coisas passageiras para perder peso - são sim estilos de vida. Em relação às dietas com uma duração limitada e vocacionadas para a perda de peso, a dieta dos 31 dias, a Atkins, a South Beach e outras têm aspetos que me parecem altamente errados - por exemplo, deixar de comer fruta... É verdade que eu não tenho muitos kilos para perder - se tivesse mesmo excesso de peso, talvez reconsiderasse.
O que acredito é que devemos ouvir o nosso corpo - o nosso corpo dir-nos-á se a nossa alimentação é correta ou não. Para uns, o vegetarianismo é o que os faz sentir bem - fantástico! Para outros, viver sem carne é impensável - fantástico! Desde que as pessoas se sintam bem e tenham saúde, o que é que interessa se seguem esta ou aquela dieta? Na minha opinião, estas coisas das dietas e da alimentação têm dois grandes problemas. Primeiro, a maioria das pessoas não ouve o corpo - ignoram sinais de alarme, não se apercebem de alterações subtis que vão ocorrendo, não são capazes de relacionar certos sintomas à alimentação que fazem. Segundo, as pessoas à nossa volta tentam convencer-nos que a sua alimentação é que é a alimentação certa. Tenho sentido isto sobretudo da parte de alguns vegetarianos/vegan - já recebi vários emails e comentários que me tentam "convencer" a adoptar essa alimentação, ou que afirmam que quando fui vegetariana fiz tudo mal e foi por isso que não resultou (como se soubessem o que é que eu comi durante esses meses...).
Este post serve, na verdade, para responder a uma leitora, Teresa, que me perguntou o que tenho feito em relação à fruta e sopa, que a dieta dos 31 dias elimina nos primeiros 15 dias. Ora bem, a minha intenção nunca foi seguir a dieta da Ágata. Os seus livros inspiraram-me, sim, a começar uma dieta a sério. A perder de vez estes 3 ou 4 kilos a mais. Eu nunca seria capaz de seguir religiosamente um plano alimentar como esses dos livros de dieta porque, em primeiro lugar, não sou eu que cozinho cá em casa e, em segundo lugar, seguir regras com as quais não concordo nunca foi o meu forte. Eu gravito em direção ao paleo, desde sempre, embora também coma muito arroz (agora não). No entanto, o paleo também não me agrada completamente. O primal, que é uma variante do paleo, já admite alguns laticínios, tubérculos e arroz selvagem, enquanto o paleo não.
O que tenho feito agora, que estou ativamente a tentar perder alguns kilos, é aquilo que eu sei, por experiência, que me faz sentir bem e perder peso - o mais importante é cortar os hidratos de carbono complexos, sobretudo ao jantar (ao almoço não faz mal, mas como quero mesmo perder peso, estou a cortá-los ao almoço também). Como muita fruta e verduras porque gosto. Não me interessa se a fruta tem alto ou baixo índice glicémico porque nunca senti que a ingestão de fruta me provocasse grandes picos de açúcar no sangue. Não tenho comido sopa (que adoro) simplesmente porque com este calor não me apetece. Ando a comer mais ovos que o habitual (uns 2 por dia - e desde que conheci o estudo que referi acima, já não sinto um peso na consciência por comer mais ovos que o tradicionalmente recomendado). Tenho comido muito peixe, carne e marisco, não porque a dieta paleo recomenda, mas sim porque peixe e marisco abundam aqui na praia, gosto deles e de carne também, e deixam-me saciada, mas sem aquela sensação desconfortável de ter comido demais como acontecia quando comia leguminosas, arroz ou outros hidratos de carbono complexos. Não bebo leite, mas como produtos fermentados de leite - queijo e iogurtes. Tenho comido umas tostinhas de trigo e alguma aveia integral ao pequeno-almoço, porque os meus intestinos funcionam logo a seguir. E, claro, uns quadradinhos de chocolate preto. E basicamente, é isto.
De todas as dietas que conheço e dos livros que já li, a dieta que se aproxima mais do que como agora é a Dieta Viva da Ana Bravo. Não há cá fundamentalismos nem muitas restrições, mas sim tudo com conta, peso e medida. No início deste ano, o médico americano Mark Hyman cunhou o termo pegan - uma combinação do melhor do paleo e do vegan. Revejo-me absolutamente naquilo que ele escreve - ide ler, é um texto muito bom mesmo!
Mas, enfim... o objetivo agora é emagrecer... no fim do mês veremos se esta minha abordagem resultou ou não... ;)
Olá, Rita,
ResponderEliminara tua abordagem à alimentação é muito semelhante à minha. A dieta Paleo ajudou-me a perder muito peso (quase 30 quilos), que recuperei quando comecei a praticar Yôga a sério e a seguir uma dieta vegetariana (deixar de fumar também contribuiu para o aumento de peso). Cheguei então à conclusão de que tenho realmente que dar ouvidos ao que o corpo me pede: nada de leguminosas, nada de gluten, proteína de origem animal e, acima de tudo, comer quando se tem fome e sem fazer restrições loucas.
De nada adianta seguir um regime alimentar durante uns dias se não se fizerem mudanças palpáveis no que respeita aos hábitos de vida. Há que analisar bem a relação que temos com a comida, pensar nos estados emocionais que nos levam a comer mais do que devíamos e ouvir o nosso corpo, sempre.
E também, muito importante e que não devemos esquecer, há que não julgar os outros. O que resulta para mim pode não resultar para ti. Assim como cada ser humano é único, não há dietas que sejam boas para todos e cada um tem de perceber qual é o melhor combustível para o veículo que o alberga nesta vida.
Namaste :)
Já fiz a dieta, tentei seguir à risca, perdi 2kg nos 15 dias que aguentei e recuperei o peso assim que parei. Recentemente perdi 6kg mas porque tenho mudado h hábitos. Os meus 20 minutos de HIIT e mais cuidadinho com algumas comidas ajudam
ResponderEliminarRita,
ResponderEliminarConcordo perfeitamente quando dizes que devemos ouvir o nosso corpo. Para mim banir os hidratos, sopa , legumes e fruta da alimentação está simplesmente fora de questão.
Devemos sim, manter uma alimentação equilibrada. Eu há muito que desta forma consigo manter o mesmo peso